Os dias que se seguiram depois do ano novo foram engraçados. Se antes João e Pedro já não se separavam, agora eles estavam mais grudados do que nunca. João começa a reparar que estar apaixonado – ou finalmente admitir isso para si mesmo, de fato mudava muitas coisas na sua rotina, no jeito dele de ver as coisas e de ser. De vez em quando se pegava rindo bobo enquanto olhava para o nada só por ter pensado em Pedro ou em algo que ele fez ou falou, a cabeça parecia sempre nas nuvens, perdida no céu de Tófani. Romania percebeu que, ao longo desses anos, várias das vezes que ficava distraído, sentindo o tal frio na barriga tinha o mesmo motivo desde sempre, ele só preferia se enganar: Pedro Palhares. Ficava longos minutos apenas olhando Tófani dormir — ou existir – ao seu lado, se sentindo sortudo demais por isso e sentia saudade quando os dois dormiam longe um do outro, sendo obrigado a se contentar apenas com o cheiro de Pedro no outro travesseiro.
Além disso, tinha aquele sentimento meio orgulhoso de ver o outro usando uma peça de roupa que era sua, ou ainda quando saíam de roupas combinando. Os amigos do casal não deixavam passar uma, chamando-os de par de vaso ou algo do tipo, perguntando se, por um acaso, os dois tinham nascido grudados – e claro, o clássico de Malu: dizer que os amigos pareciam casados, Tófani e Romania não podiam ligar menos para as provocações, sabiam que aquele era o jeitinho que os amigos encontravam de demonstrar o seu apoio, por todos esses anos.
A verdade era que era gostoso demais estar apaixonado daquela forma. Era bom também finalmente se permitir amar e ser amado de volta. Ele sentia, em cada gesto de Pedro, na paciência que sempre teve com a forma que João se sentia, com a forma que o amor de João se manifestava e na forma serena que Pedro sempre se fazia calma, abrigo e compreensão. João se perguntava como ele podia merecer aquilo tudo.
Era como se sua mente tivesse se tornado um museu dedicado apenas a adorar Pedro Tófani e cada detalhe lindo que fazia com que ele fosse o seu Pedro, Pedro que era extremamente atentado e adorava irritar todos a sua volta, que ria de todas as suas piadas bobas. Pedro que adorava os seus pais e irmã e que amava os amigos. Pedro que era atencioso aos detalhes. Pedro que era puro amor. Pedro que tinha o coração mais lindo que ele já tinha visto. Pedro que era seu há quatro verões... que sempre via o lado bom, sempre enxergava e mostrava a melhor versão de João.
Estava perdidamente apaixonado por cada pequena coisa nele, o narizinho bonito, as pintinhas espalhadas pelo rosto e algumas que ele só conseguia enxergar se olhasse bem de perto. O queixo desenhado e até mesmo o formato do rosto. Os olhos e o sorriso lindo de Pedro, principalmente quando era por sua causa. Outro detalhe que João amava era a tatuagem que Palhares tinha na costela, era até meio vergonhoso a quantidade de vezes que isso passava na cabeça de Romania. O sotaque do mineiro também ecoava pela mente dele o tempo inteiro.
E pensar tanto assim nos detalhes acabava fazendo que João voltasse para a zona cinzenta de lembrar porque se negava tanto: Pedro iria embora uma hora ou outra. Belo Horizonte era meio longe... não se sentia seguro quando pensava num relacionamento a distância. Junto disso, voltava a insegurança de não sentir que merecia Pedro... de que ele merecia mais do que João era. Suspira frustrado, se revirando na cama – vazia, diga-se de passagem, de novo enquanto continuava na árdua missão de pegar no sono com tanta coisa rondando sua cabeça e sem Pedro ali. O quão irônico era o motivo dele não conseguir dormir ser também o que faria com que ele dormisse mais fácil?
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𝗗𝗲𝘁𝗲𝘀𝘁𝗼 𝗗𝗲𝘀𝗽𝗲𝗱𝗶𝗱𝗮𝘀 ✰ Pejão
FanfictionQuando eram mais novos, Pedro e João entraram em um acordo de que todos os verões eram deles e eles passariam o maior tempo possível juntos. A única regra era não se apegar, porque João detestava despedidas. Ou Aquela em que João quer que Pedro fiqu...