Quando eram mais novos, Pedro e João entraram em um acordo de que todos os verões eram deles e eles passariam o maior tempo possível juntos. A única regra era não se apegar, porque João detestava despedidas.
Ou
Aquela em que João quer que Pedro fiqu...
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João até continuou tentando se enganar. Tentou se convencer de que aquilo era só um sentimento bem forte de amizade, que admirava e gostava muito do seu amigo Pedro. Como gostava de Renan, Malu e Gio... mas, porra, ele não queria beijar os seus outros amigos como queria beijar Pedro, os seus outros amigos não faziam seu coração disparar apenas com um sorriso. Seus outros amigos também não lhe davam flores que ele agora guardava, mesmo que secas, no meio do seu livro favorito.
Podia ser também o calor do momento... Talvez ele só esteja encantado por Pedro, como sempre esteve nesses últimos anos. Quando o mais velho fosse embora, os sentimentos de João iriam junto com ele e então, não iria mais ter que lidar com isso. Como foi nesses últimos anos. Esses pensamentos acabavam fazendo com que o paulista desse risada de si mesmo e do quão patético aquilo tudo parecia. Era tão óbvio que nenhuma daquelas afirmações eram reais. A única verdade, clara e lúcida na mente de João Vitor era que bem, ele estava mesmo apaixonado por Pedro Tófani. Há mais tempo do que ele agora consegue raciocinar.
Apaixonado do tipo mais bobo possível, desse clichê de sentir essas borboletas ridículas, de sentir que estava flutuando só de ter a atenção dele para si. Queria tanto Pedro que sua bochecha ficava avermelhada somente em pensar no outro ao seu lado como algo a mais, algo concreto... seu namorado. Estava apaixonado de um jeito que fazia seu coração quase pular do peito apenas para ir correndo na direção do coração do outro, onde realmente pertencia. Finalmente aceitar que estava apaixonado fez com que João percebesse o que todo mundo ao redor parecia notar: ele e Pedro se completavam até que um tanto.
Todas as diferenças que Romania insistia em ver como algo que pudesse os impedir, agora, pareciam motivos para que estivessem juntos. Tudo parecia muito complementar, talvez ele precisasse dessas partes de Palhares. Quem sabe, os pedaços que pareciam soltos para Pedro, fossem os que João achava que faltavam em si.
O grande problema era que, diferente de antes, Romania já não conseguia impedir os próprios sentimentos. Não com Pedro tão perto. Não com Pedro fazendo com que ele se sinta tão amado. Não com Pedro, nunca com ele. Parecia que Tófani tinha o seu manual de instruções, ele parecia conhecer João tão bem e de alguma forma – bem maluca, Balbino pensava – Palhares gostava de tudo, dos seus defeitos, das coisas que odiava em si mesmo, sempre enxergando o melhor no outro, acabava fazendo com que João enxergasse isso também.
A verdade é que João tinha se cansado de resistir tanto, de lutar contra esse sentimento. Ele só queria ser amado por Pedro. Queria amar Pedro. Ele se sentia pronto. Ainda não sentia que merecia tudo isso, mas ele estava no caminho. Acabou por descobrir que as coisas eram bem mais complexas do que ele pensava porque, por mais que agora tivesse cansado de negar para si mesmo, toda vez que tentava trazer o assunto à tona entre os amigos, acabava travando e mudando de assunto.
Quem sabe essa mudança de fase, o início da vida adulta também tenha certa influência nesse sentimento de João. Ele nunca foi exatamente do tipo desapegado, mas, relacionamentos não eram exatamente seu foco. Se sentia confortável nesse lance de verão, talvez por nunca ter refletido em como isso seria quando os dois estivessem mais velhos, talvez por ter a certeza de que isso estaria ali, naturalmente. Mas a vida acontece depois da adolescência também.
