One

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Nunca disse sequer palavra depois que meus pais se acidentaram.
Meu diagnóstico foi,

--Alexitimia.

Perdi as emoções com o tempo e, de repente, tudo ficou quieto e tão sério. Mas eu não era assim, com toda certeza era o oposto disso.

Um tempo depois de me formar decidi ir embora novamente para nebraska. Uma cidade pequena, com pouco menos 1. 961 504 habitantes.

A verdade é que, eu nunca gostei de nebraska por conta do clima, com uma temperatura máxima diária média de 17 graus. Mas, depois do acidente dos meus pais e meu diagnóstico, eu resolvi que era melhor voltar para lá, minha cidade Natal.

Parti do Japão para nebraska um dia antes de meu aniversário. Pela minha incrível sorte, ironicamente falando, eu tive o prazer de ter que viajar um dia de viagem ao lado de uma criança cuja a mãe mal se importava que estava chorando. Fiquei com dor de cabeça ao chegar no apartamento, mas, não era nada do que um bom chá e um banho quente não resolvesse.

Andei pelo apartamento até onde era o quarto dos meus pais, que agora, é meu escritório. Sentei-me na mesa e comecei a escrever minha biografia para apresentar no dia seguinte. Decidi que trabalhar numa empresa grande não me traria tanto esforço, mal sabia que estava errada.

Depois de pelo menos uma hora, decidi tomar um ar e sair um pouco para fora. Estava nevando.

Me sento sobre um banco que tinha para fora de casa, e aprecio a noite. Os flocos de gelo caindo suavemente sobre meu's cabelos e sobre minha roupa, a brisa gelada corando minhas bochechas e nariz...

"S/n?" --Escuto uma voz um pouco grave, e me viro na direção de onde vem o som.

"Suguru." --Digo em tom sério, olhando para o homem alto e de cabelos compridos parado ao meu lado.

"Em Nebraska? O que está fazendo aqui também?" --Ele se senta do meu lado.

"Alguns problemas." --Respondo movendo meu olhar para frente. "Mas me diga, porque saiu do Japão para vir para essa cidade pequena e gelada?" --O pergunto.

"Sempre quis morar em Nebraska. Principalmente por conta do clima gelado, e também, porque nunca gostei de lugares grandes como Tokyo." --Ele sorri de leve elevando o canto dos lábios.

"Você mudou. Porque está tão séria?" --Diz ele olhando para S/n com uma expressão preocupada.

Eu permaneço em silêncio.

"Ah, foi mal. Não precisa dizer se não quiser" --Ele toca a nuca, sem jeito. "É que é realmente intrigante, na faculdade você era tão extrovertida e sempre estava sorrindo..." --Ele completa, movendo o olhar para frente também.

"Alexitimia" --Digo em tom alto e sério.

Ele olha para mim, com uma expressão confusa.

"Desculpe, mas, o que seria isso?" --O tom de voz estava meio inseguro. Provavelmente com medo.

"Eu não tenho emoção alguma. Fui diagnósticada depois do acidente dos meus pais." --Olho para ele também.

Eu noto que, os olhos dele, refletem um tipo de tristeza após eu dizer aquelas palavras. Mas...eu não digo nada, porque eu realmente não consigo.

Eu fico algumas horas conversando com ele sobre as coisas que aconteceram na época da faculdade, havia algumas coisas engraçadas, mas eu não consegui demonstrar.

"Bem, já está bem tarde. Acho que já vou" --Ele fala, se levantando.

"Eu também já vou entrar" --Digo acenando e me despedindo dele.

Nebraska no Limbo - Geto Suguru.Onde histórias criam vida. Descubra agora