Sem saída

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Tomando entrada à sua casa, ainda estava de dia, o general havia arranjado um soldado para servir em seu lugar enquanto via seu filho em sua apresentação.

Vestindo sua armadura, preparando-se para mais um dia em cargo, abaixou novamente ao nível da altura de seu filho, dando um beijinho em sua cabeça, bagunçando seu cabelo com a mão esquerda. 

- Tchau, filhote. - disse Adam, retomando a postura e caminhando até a porta da casa para sair. 

- Tchau pai, eu te amo - Disse seu filho, carinhosamente.

O mais velho, antes de fechar a porta, olhou para trás, sorrindo, retribuindo ao seu filho gentilmente.

- Também, Darryl - Passou então, fechando a porta.

Vendo-o passando em frente, pela janela da sala de estar, correu então à porta novamente. Se tocou de algo.

- Ei! Pai! Espera! - Ele correu em direção a onde o general ainda estava ao alcance. 

O draconiano maior se virou para seu filho.

- Aconteceu algo? Esqueceu alguma coisa na escola? -perguntou educado.

- Não. É que eu queria perguntar ao senhor se eu posso ir à biblioteca central, com o Zak. - disse o menor, com as pupilas verticais dilatadas como as de um felino, tentando convencê-lo. - Antes de sair da escola, ele me chamou.

- Certo, pode ir. Mas esteja em casa bastante cedo, certo? - respondeu ao seu filho - Volte para casa, almoce e se arrume… 

– Cedo? Porquê tão cedo.

Adam se deu conta de que aquele era um caminho sem volta. Arregalou os olhos, parando seus movimentos antes de lentamente respirar fundo. 

Ele se abaixou, gentilmente tocando o ombro do menor. 

– Filhote… vá com seu amigo, pegue suprimentos aqui em casa e… saia pelos portões dos fundos, nas muralhas. 

– Pai, o-o que tá acontecendo?! – indagou o draconiano menor, assustado. – V-você mesmo sempre me falou que Khyrrar era extremamente perigoso e que eu nunca deveria ultrapassar aqueles muros! 

– Darryl, os alarmes soarão hoje. Altos e firmes, como jamais ouviu antes. 

– P-Pai, o senhor vai estar na linha de frente!! E se o senhor… – a este ponto, o mais novo já não conseguiu conter seu pânico e lágrimas.

– Filho, acalme-se. Vá com o Zak ao exterior e me espere o mais próximo possível daquele local, tudo bem? O papai vai fazer o possível pra ir junto com você. – disse Adam, abraçando e confortando o pequeno draconiano, acariciando suavemente seus cabelos.

– E se algo acontecer, eu te amo. 

Suavemente deixou-o ir, assistindo sua cria limpar os prateados olhos, na tentativa de conter seu pavor. Até que ambos, enfim, seguissem seus destinos.

Após um curto período, já tendo chegado em casa e cumprido seus afazeres o mais novo com um grosso suéter de algodão vermelho-salmão, uma calça preta e um manto de pele; ainda usava o cachecol que Adam o emprestara. Passou pela porta, trancando-a, caminhando pela neve.

Cruzou a região central do clã, onde se amontoavam barracas de vendas, eventos, apresentações circenses e, é claro, cidadãos e cidadãs de espécies e idades variadas.

Todavia não se distraiu com a multidão.

Chegou finalmente ao centro literário. 

O meio diamante já estava à seu aguardo, ao exterior dos portões de madeira.

Relatos de um Passado CruelOnde histórias criam vida. Descubra agora