"Filho do general"

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A luz do grande astro refletia sobre o vidro da janela, banhando o quarto em um mínimo calor. O ambiente estava organizado; utensílios de desenho em seu devido lugar, roupas dobradas e recém secas exalavam os perfumes extraídos das mais belas rosas, retratos pintados à óleo estavam postados entre 2 lados da janela, próxima aos tecidos vermelhos da cama.

Um pequeno cidadão, não muito robusto, com menos que 13 anos, cujo a iluminação bania sua melatonina, abriu seus prateados olhos. Espreguiçou-se sobre o colchão, arrepiando seus espinhos e escamas prateadas que ainda se desenvolviam, e mostrando suas pequenas presas brancas, afiadas como navalha. 

Ele coçou os olhos gentilmente, demoraria mais alguns segundos para que suas retinas aceitassem a luz do ambiente.

Com calma, levantou-se, seguindo caminho até o banheiro, escovando os dentes.

Tomando retorno, abriu a porta de madeira de pinheiro, deparando-se com o restante de sua morada. Por ser filho de um membro da nobreza, sua condição era considerável. 

Ainda era cedo. Uma figura alta, de cabelos longos, ondulados e volumosos, pele cinza escura, com as mesmas escamas que o pequeno garoto preparava-se para seu trabalho. 

Punha sua couraça de prata negra e vestes frias; arrumava-se para mais um dia no exercito de San-Yori, o clã da taiga profunda de Khyrrar. 

- Papai..? -perguntou o garoto vestido com espessos pijamas de algodão, coçando os olhos mais uma vez.

O homem á sua frente virou-se para ele.

Aproximando-se de seu filho, ele desceu ao nível de sua altura, acariciando suavemente seus cabelos pretos e macios.

- Bom dia, filhote, dormiu bem? -ele abrira um sorriso, suas preocupações e ânsias esvaindo-se temporariamente. 

- Dormi bem, tirando a luz, que incomodou um pouco. - a criança sorriu, sua cauda oscilando levemente. -posso ir com o senhor hoje pro trabalho? -perguntou empolgado.

- Darryl, meu pequeno, já te falei várias vezes.. Meu trabalho tem coisas muito pesadas pra que você fique observando, entende? -sorriu o pai, falando gentilmente suas palavras.

- Mas eu posso te acompanhar pelo menos até os portões da sede do exército? -prosseguiu persistente, o menor.

Apesar das decisões difíceis que o general deveria tomar ás vezes, seu filho conseguia convencer-lo da maior parte delas. Vê-lo interessado por seu trabalho, tomando a si como inspiração, o preenchia com uma sensação de demasiado orgulho.

Hesitou por um momento, entretanto cedeu. 

- Até os portões da sede, estamos entendidos? -falou sorrindo.

O garoto o abraçou

- Certo, certo! Vou me arrumar, pai! Não vai sem mim, ein! -disse Darryl, entusiasmado, que correu para seu quarto novamente, despindo-se de seus pijamas, os substituindo por um sueter de lã tingida de tons avermelhados e um manto de pele de raposa. 

O garoto retorna onde seu pai estava, acompanhando-o então para o exterior.

O Clã ainda era uma pequena aldeia, não se sabia ao certo se algum dia destinaria a ser um reino, apesar disso, ainda era organizado e tranquilo. Barracas de vendas de frutos, animais ou artesanato estavam enfileiradas, próximas ao centro, onde o garoto morava. Havia ido lá apenas uma ou duas vezes, apesar disso, não teve interesse em voltar. 

Algumas crianças conversavam entre si, algumas paravam e compartilhavam sussurros olhando para Darryl, talvez julgando sua aparência, sua única reação foi devolver os sussurros com olhar de censura. Uma maior parcela apontava e tagarelava alegremente sobre seu pai e sua fama em área militar. 

Relatos de um Passado CruelOnde histórias criam vida. Descubra agora