psicológo

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No dia seguinte,a mãe de Katsuki foi cedo em seu dormitório para lhe levar no psicólogo.

Mitsuki: vamos logo!

Bakugo: já tô indo!

Ele pegou seu celular e os dois foram saindo. Katsuki torcia para não encontrar ninguém no caminho,teria vergonha se fosse visto com sua mãe por algum colega da turma. Tinha mais medo ainda de ela revelar que estava lhe levando para o psicólogo.

Mitsuki: porque tá tão arisco?

Bakugo: não é nada.

Masaru também estava no carro quando eles entraram.

Bakugo: deixa eu adivinhar: o papai também já sabe?

Mitsuki: sabe que não escondo coisas do seu pai. Principalmente quando são sobre você!

Masaru: eu não irei me meter em nada,apenas vou levar vocês.

Bakugo: tá.

Logo,eles chegaram. Mitsuki desceu com Katsuki,enquanto seu pai lhes esperava no quarto. Chegando lá, Mitsuki entrou junto do filho.

O psicólogo não parecia ser muito velho,parecia ser mais novo que Mitsuki. Os dois se sentaram na frente dele.

Mitsuki: bom dia. Eu sou Mitsuki e esse é meu filho, Katsuki. Estou aqui só pra acompanhar ele,pelo menos hoje.

Hakiro: tudo bem. Sou Hakiro,e irei lhe ajudar hoje. E então? Qual seria o problema?

Katsuki não conseguia falar,estava com vergonha de estar naquele lugar.

Mitsuki: ele anda tendo muitos ataques de raiva ultimamente,e diz que não sabe nem mais o motivo.

Bakugo: só... As vezes explodo,sem nem motivo pra isso. Só... Fico com raiva.

Hakiro: entendi. Bom, normalmente isso pode ser consequência de algo que aconteceu e que possa ter mexido um pouco com seu emocional. Aconteceu algum evento traumático ou que tenha mexido com você?

Bakugo: não.

Mitsuki: ele teve um término com o namorado.

Katsuki sentiu ainda mais vergonha quando sua mãe contou sobre Eijiro.

Hakiro: entendi. Senhora Mitsuki,pode nos deixar um pouco a sós? Preciso conversar um pouco apenas com seu filho.

Mitsuki: certo. Vou te esperar lá com seu pai.

Ela saiu,deixando os dois a sós.

Hakiro: e então? Quer me contar o que houve com seu namorado?

Bakugo: ele terminou comigo por eu ser agressivo demais.

Hakiro: então você já tinha essas crises de raiva antes do término?

Bakugo: sim,mas pelo menos eu sabia o motivo!

Hakiro: e você acha que o término acabou mexendo com você?

Bakugo: talvez...

Hakiro: entendo que pra jovens da sua idade,superar o término de um relacionamento não é fácil. Principalmente quando fica explícito que o problema é algo que você causou.

Bakugo: é. Eijiro ficava muito bravo comigo. Disse que não consegue me amar mais por causa das minhas crises de raiva. Mas ele também foi muito babaca!

Ele começou a erguer o tom de voz,já que já estava se irritando apenas de lembrar da situação.

Bakugo: ontem,eu passei o dia todo sendo bonzinho como ele queria! Mas aquele ingrato disse que não era isso,que não sabia se era de verdade ou se eu tava fingindo! Aquele babaca desfez de tudo que eu tava fazendo aquele dia! De todo o esforço que eu tava fazendo pra ver se conseguia agradar ele de algum jeito! Mas não,não era o suficiente! Não fui bonzinho o suficiente pra ele!

Hakiro: eu entendo a sua parte,mas também entendo a situação do seu namorado. Entendo que ele queira alguma coisa para provar que está sendo realmente bom agora,siga com esse seu projeto de ser bonzinho para tentar agradar ele,isso pode funcionar. Mas de a ele um tempo também,não fique tentando demonstrar isso o tempo todo. Assim,ele só vai desconfiar ainda mais de que você está mentindo.

Bakugo: quer dizer que ele não confia em mim?! Porra! O que é que eu fiz de tão ruim afinal?! Porque aquele idiota tinha que exagerar tanto!

Hakiro: Katsuki,se acalme por favor. Ninguém está dizendo que você não é bom,ninguém está falando nada de você. Já entendi qual é seu caso. Por algum motivo mais fundo,a função de defesa que seu cérebro tem é transformar qualquer sinal de tristeza ou fraqueza emocional em raiva.

O loiro lhe encarou confuso.

Hakiro: talvez você tenha algum trauma ou insegurança,que faça você ser assim. Quando seu inconsciente percebe que está abalado emocionalmente,se sente fraco ou triste,você acaba transformando isso em raiva. É um mecanismo de defesa comum na verdade. Desse jeito,sempre vai se irritar,as vezes sem nem mesmo saber o motivo.

Bakugo: eu não tenho nenhum trauma! E não sou inseguro!

Hakiro: isso é outro mecanismo de defesa. Me diga: você se lembra direito de sua infância?

Bakugo: em partes.

Hakiro: isso pode ser um mecanismo de defesa de seu inconsciente também. O cérebro as vezes decide esconder lembranças dolorosas ou que acabam causando traumas para que você não sofra mais. Mas,os efeitos desse trauma em você ainda ficam. Você pode ter jeitos de agir que são por causa de traumas que você nem sequer sabe que tem! Pra descobrirmos isso,apenas com mais algumas sessões. Sinto muito,mas não vai acabar fugindo de mim tão cedo.

Ele deu uma leve risada.

Bakugo: eu vou ter que tomar remédio?

Hakiro: remédio?

Bakugo: minha mãe disse que talvez eu tenha que tomar remédio pra raiva.

Hakiro: bem,em alguns casos é necessário mesmo,mas não acho que seja o seu caso. Vamos seguir com as sessões. Daqui a mais uma ou duas sessões eu consiga distinguir se vai ou não precisar tomar remédios pra controlar sua raiva. Eu acho meio difícil, principalmente pra alguém da sua idade.

Ele deu de ombros,pra demonstrar que não estava preocupado com o estado de Katsuki. Não achava que era grave ao ponto de Katsuki precisar tomar remédios.

Bakugo: ok.

Hakiro: bom,vamos conversar mais um pouco então. Ainda temos um bom tempinho. Você pode me contar de algumas experiências que se lembra da sua infância? Não precisa ser algo que sinta que lhe marcou,algo especial. Qualquer detalhe que se lembrar serve e ajuda muito.

Katsuki suspirou e começou a falar. Mais ou menos uma hora e meia depois,o loiro saiu e voltou ao carro de seus pais.

Mitsuki: e então?

Bakugo: é pra mim voltar semana que vem. Tenho que vir aqui pelo menos uma vez por semana.

Masaru: tudo bem,eu posso dar carona pra vocês.

Bakugo: posso vir a pé depois da aula também.

Mitsuki: você que sabe. Só queremos ajudar você Katsuki,não nos importamos de lhe dar carona. Isso é até bom,pelo menos nos vemos e falamos mais um pouco.

Bakugo: tá,aceito as caronas então.

Ele deu de ombros.

Mitsuki: quer ir comer lá em casa hoje?

Bakugo: não,valeu.

Seus pais lhe deixaram em seu dormitório novamente. Ele ficou lá um pouco. Foi até a academia treinar um pouco,e depois voltou para se banhar e foi novamente ao quarto. Como na noite anterior,pediu um lanche para comer.

Após comer,foi colocar o lixo fora. Ele passou pelo dormitório do ruivo no corredor. Por algum motivo,parou a frente de sua porta e pensou em bater para chamar o ruivo.

Queria contar a ele que iria começar a ir no psicólogo,dizer que estava se esforçando de verdade para ser alguém melhor,ser um namorado melhor. Dessa vez,era Katsuki quem estava voltando a porta do namorado,a situação estava invertida.

Porém,o loiro acabou sentindo vergonha. Ele acabou voltando ao seu dormitório,sem conseguir falar com o ruivo.

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