Fui uma das primeiras a descer do ônibus, de início fiquei impactada, era um colégio maior do que todas as minhas imaginações mais absurdas, não estava acostumada com tanto território legalmente habitado por tantos alunos. Atrás do ônibus que eu vim estava chegando mais cinco, inúmeros alunos desciam deles, e novamente, pessoas distintas, pareciam realmente se conhecer há anos. Será que eu era a única novata?
Resolvi parar de ser uma completa idiota, psicopata e entrar no colégio. Fiquei altamente perdida, não sabia quem era professor, diretor, coordenador, ninguém. Não conhecia nada, uma pessoa se quer, afinal quem fez minha matrícula e conheceu o colégio por mim foi a gata toda poderosa, vulgo minha mãe.
Repentinamente um senhor(não tão senhor assim, na verdade ele parecia ser novo e convenhamos bem gatinho com uma bundinha esplêndida) me cutucou e quando virei ele começou a falar:
- Olá, você deve ser a aluna nova, muito prazer me chamo Cristóvão, sou o diretor desta instituição e estarei ao seu dispor para o que você vier a precisar!- falou o senhor, vulgo gatinho, ops, perdão, diretor da escola.
- Ah, oi, muito prazer, sim sou a aluna nova, aparentemente estou perdida, não sei qual é minha sala, não sei para que corredor fica as salas dos 1°, não conheço nada e nem ninguém aqui, o senhor poderia me informar onde fica a minha classe?- perguntei meio tímida( eu tímida, isso deveria ser um milagre e novamente sentia que estava com as bochechas todas vermelhas)
- Me chame de Cristóvão, senhor aqui só no céu, mocinha bonita!- aquilo fez eu me arrepiar toda, de uma forma não muito agradável, mas até então eu não sabia o motivo disto- me acompanhe, mostrarei a sua sala.
Acompanhei Cristóvão que me levou até o 1°D, parei em frente a porta junto com ele e respirei fundo, tão fundo que minhas narinas arderam. Ele abriu a porta, me apresentou, avisou que eu era novata e pediu que me recebessem bem.
Ainda tímida me sentei na primeira cadeira da última fila, afinal era o único lugar vago, todos me olhavam, todos mesmo e eu me sentia perdida, querendo fugir daquele espaço, daqueles olhares julgadores, de todos que me rodeavam. A primeira aula foi de História, o professor parecia um mané, altamente lesado, mas extremamente inteligente, as explicações daquele cara, nunca entendi tanto uma explicação como a dele. Durante a aula eu percebi um olhar, que não tirava o foco de mim. Era uma menina, branca, ruiva com cachos lindos e com uma roupa bem estilosa, parecia uma professora de inglês de tão linda e pasmem, era muito, muito inteligente.
Chegou o intervalo, assim que sai da sala a ruiva me acompanhou, com um depósito na mão:
- Oi Lavínia, tudo bem? Espero que sim, percebi que estava meio perdida e lhe compreendo, ser novata em um lugar onde todos se conhecem não deve ser fácil.- dei um daqueles meus sorrisos tímidos e extremamente verdadeiro- Vamos, vou te apresentar aos meus amigos e espero que possamos ser muito amigas, gostei de você só de lhe olhar. Quer um pedaço de bolo?- falou ela abrindo o depósito.
- Olá, tudo bem sim e com você? Adoraria conhecer você e seus amigos e muito mais provar seu bolo que está com a cara deliciosa- trêmula e nervosa a respondi, aparentemente a palavra e as concepções de "tímida" me acompanhariam pelo resto do dia.
Na mesa estavam sentadas mais duas pessoas além de mim e da ruiva (que acabara de descobrir que seu nome era Graziela), Antônio, um garoto aparentemente muito inteligente, pardo de cabelos extremamente pretos do 1°C. E a Beatriz, uma garota de cabelos cacheados loiros, alta e corpo assimétrico.
O dia se passou rápido após Graziela me apresentar as pessoas, não me sentia tão só, mas também não me sentia ainda bem vinda aquele ambiente. Nunca havia estudado o dia inteiro e acredite é muito cansativo e quente, mesmo com ar-condicionados funcionando o dia todo. Aparentemente tudo havia corrido bem, até então.
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Confissões de uma garota aparentemente normal
Roman pour AdolescentsLavínia, uma mera adolescente começa o ensino médio em outra cidade, conhece novas pessoas, novos professores, novos sonhos, mas algo a perturba e faz com que ela queira desistir de si mesma e de sua vida. As pessoas que a rodeiam mal imaginam o que...