Um novo dia, dizem que novas oportunidades aparecem a cada amanhecer, que a tempestade vai embora e o sol sempre volta, ou seja tudo começa novamente ao iniciar mais uma manhã. Eu não acredito nisso, nessa reviravolta da noite pro dia. Parece que ao amanhecer as coisas estão piores, eu volto a pensar no mesmo assunto do dia anterior e não melhoro, na verdade parece que o mundo está caindo sobre minhas costas e que eu não vou conseguir suportar tamanha dor.
Sai no mesmo horário pela manhã, ao sentar na cadeira de sempre Francisco, o garoto de ontem sentou ao meu lado, novamente com aquele sorrisinho dele, porém eu estava tão perdida, "atolada" em meus pensamentos que não percebi a presença dele. Ele então ficou ao meu lado, e passou a mão para colocar em meu ombro. Aquilo fez eu gelar, não se uma forma ruim, ele fazia eu me sentir bem e eu gostava disso.
-Que cara é essa Lavínia? Parece que não dormiu bem a noite, aconteceu algo depois daquele lance ontem? E o que foi aquilo? Se é que posso perguntar- fiquei o observando e não sabia o que responder, não sabia como explicar nada daquilo.
- Posso não precisar contar nada? Só ficar aqui quietinha? Eu agradeceria tanto se você deixa...- Francisco só deitou minha cabeça em seu ombro e fez sim com a cabeça para que eu pudesse entender que eu poderia ficar ali, na minha.- obrigada, muito obrigada de verdade!- ele só retribuiu com um sorriso.
Assim que descemos do ônibus, encontrei Graziela e Antônio, sentia que podia confiar neles, então contei o que havia acontecido no ônibus no dia anterior.
- Nossa Lavínia, que história mais louca e com um sentido enorme por trás. - Antônio pegava em minha mão aparentemente preocupado - aconteceu algo antes? Algo que fizesse com que você tivesse essas lembranças?
- Esse é o problema Antônio, eu não consigo lembrar quase nada da minha infância, nada que ajude a saber o porquê dessas lembranças, desse medo, dessa angústia quando me sinto só, eu não lembro de nada, e o fim do relacionamento da minha mãe deixou ela tão preocupada com tudo, que eu prefiro evitar mais problemas. - falei realmente me abrindo pra eles, sentindo que eu podia confiar neles. - Será que eu sou o problema? Será que tô inventando tudo da minha cabeça?- falei já quase chorando e segurando as lágrimas já que faltava pouco pra iniciar as aulas.
- Não fale assim Lavínia, só lhe conhecemos a um dia, você transmite delicadeza, suavidade, força, você é linda, vamos pesquisar mais sobre essa sua dificuldade de lembrar dessas coisas e vamos dá um jeito de lhe ajudar, tá bom? Você é forte , nunca esqueça disso! - Graziela falou me abraçando e eu me senti tão amada como jamais havia me sentindo em minha vida, as palavras dela são como águas cristalinas onde posso me banhar e sair curada. - sorri de forma tão deliciosa como não havia feito a um bom tempo.
Aquela sirene ridícula tocou, fomos pra sala, sentamos todos pertos, Graziela sentou na fila do meio na primeira cadeira, logo após veio Antônio na primeira cadeira da fila ao lado e eu sentei na mesma cadeira de antes, na última fila na primeira cadeira, parecia uma sequência, mas algo mudou, Francisco sentara atrás de mim. Aquele garoto, eu sentia algo por ele, que não conseguia decifrar, mas ainda tinha medo de me aproximar e não conseguia compreender esse medo.
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Confissões de uma garota aparentemente normal
Roman pour AdolescentsLavínia, uma mera adolescente começa o ensino médio em outra cidade, conhece novas pessoas, novos professores, novos sonhos, mas algo a perturba e faz com que ela queira desistir de si mesma e de sua vida. As pessoas que a rodeiam mal imaginam o que...