Capítulo 5: o rosto no espelho

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   Quando cheguei em casa, tomei um banho Premium( banho conhecido pelas meninas por ser mais demorado e tem um ar calmante), me deitei e passei o resto do dia na cama. Naquela noite algo não me deixava dormir, algo me incomodava de uma forma que eu não conseguia decifrar, explicar, só conseguia sentir. Dizem que quando sentimos "borboletinhas na barriga" é ansiedade para algo bom, algo que vai acontecer e vai lhe alegrar. A maior mentira que eu já escutei, pelo menos para mim, isso nunca funcionou. Quando eu sinto é sinal que vou passar a noite em claro tendo altas crises de ansiedade e chorando muito. Mas naquela exata noite algo pior pairava sobre minha mente e acreditem, parecia uma lembrança, um rosto, seguido de uma escuridão profunda. Minha cama está de frente para o guarda-roupa, o espelho é enorme. Eu nunca gostei de olhar pro espelho de madrugada, pensava que iria ver uma alma algo do tipo, afinal só tinha um pouquinho de luz da vidraça da janela, bem pouca mesmo.
Naquela madrugada, não quis enrolar a cabeça e quis enrolar os pés, e é totalmente ao contrário em meu cotidiano, normalmente enrolo a cabeça e deixo os pés do lado de fora do lençol. Aparentemente tudo parecia "anormal" naquela noite/madrugada. Mas porquê? Porquê tudo isso?
Depois de algumas horas consegui dormir, ou pelo menos cochilar. Acordei meio assustada, escutando vozes, olhei para o espelho e lá estava ele, um homem, aparentemente forte, branco e sem rosto, seu rosto era embaçado, eu tremia, tentava falar algo e não conseguia, só sentia meu corpo pesar e estar inteiramente trêmulo, comecei a esquentar e a sentir frio, muito frio, um frio que eu nunca havia sentido, nem mesmo quando dormia na Serra.
Aquele rosto, indecifrável, me chamando:
- Porquê tão assustada? Venha até mim, Lavínia, não irei lhe machucar...
Eu senti algo inexplicável, estava assustada, aparentemente com febre e crise de pânico silenciosa. Me deitei novamente e me escondi embaixo do lençol, disse pra mim mesmo que era coisa da minha cabeça e que nada estava acontecendo ali, não havia nada ali.
Mas nada fazia aquela voz parar.
Fiquei abraçada ao meu próprio corpo, encolhida, amedrontada e febril.
Acordei no outro dia, sem saber como dormi, só com o homem sem rosto em minha mente e com as pernas arranhadas pela crise de pânico.

Confissões de uma garota aparentemente normalOnde histórias criam vida. Descubra agora