O silêncio no cômodo era quase ensurdecedor se não fosse pelo som perdido de alguns soluços que escapavam de Levi, agora sentado em uma poltrona solitária. Tamaki havia lhe deixado ali e ido até a pequena cozinha instalada no lado esquerdo, onde procurou por um copo limpo e então o preencheu com água gelada.
— Normalmente ofereceria algum drink, mas levando em conta nossas situações, não acho que seria o indicado — comentou, passando a mão sobre sua barriga por mania.
Levi, que estava se recompondo, apenas lhe deu um breve olhar ladino para buscar entender o que ele queria dizer com aquilo e logo compreendeu. Ainda sim, não disfarçou seu olhar de desprezo. Mesmo com roupas largas, ainda havia uma tatuagem típica da Yakuza aparecendo no pescoço de Tamaki. E para piorar a situação um pouco mais, estava esperando um filho. Uma criança dentro da máfia. Aquilo nunca seria aceito por Levi, que preferiu ignorar por completo a presença do outro ômega.
Notando a atitude rude do menor, Tamaki tentou não se importar ao repetir uma e outra vez em sua mente a história complicada que estava se passando com o outro ômega. Infelizmente, além de seus hormônios à flor da pele, o Togata sempre teve um coração mole para situações nas quais se sentia julgado. E, naquele momento, sentia seu coração apertar em seu peito de forma dolorosa. Ele teve que se manter forte e não optar por simplesmente ir atrás de Mirio e se esconder na sua sombra por proteção.
Tomando uma profunda respiração, pegou ambos os copos cheios de água e levou até a mesinha que ficava à frente da poltrona. Depositando o copo de vidro ali, sentou-se em silêncio e bebeu sua própria água.
Erguendo uma sobrancelha em questionamento, Levi tentou não demonstrar sua apatia pelo ômega, mas saber que ele estava carregando uma vida e mesmo assim continuava numa vida como aquela era de acertar seus nervos. Ignorando por completo a presença e o copo de água, Levi virou o rosto para o lado oposto.
— Você precisa beber água — disse Tamaki, sua voz soando baixa e fraca, como se não tivesse certeza do que deveria dizer — Ouvi dizer que não se alimenta e nem toma nada. Vai ficar fraco ou ter um grande problema de desidratação.
— Não quero nada de nenhum de vocês.
O tom era duro e certeiro, não havia simpatia alguma. Levi estava cansado de tudo aquilo e só queria ficar sozinho, mas quanto mais tentava escapar, mais se via cercado daquele tipo de gente.
— Você quer encontrar sua mãe, não é? Então sobreviva até lá. Não fique doente. Ela vai precisar de você quando chegar a hora.
Não tinha grosseria ou ameaça em seu timbre, Tamaki apenas tentava lhe mostrar a verdade com sutileza. Depois de tudo, não queria confusão. Apenas queria ajudar.
Levo sabia daquilo, assim como sabia que o ômega estava certo. Mas seu orgulho estava ferido demais para admitir aquilo, e tudo o que lhe mantinha em pé até agora era sua raiva e ego. Ele não se daria o luxo de rebaixar-se agora. Não agora. Nem amanhã. Nunca.
— Ignore-me o quanto quiser, mas sabe que estou falando a verdade — continuou, dando uma pausa apenas para beber um outro gole — Seu ego não lhe levará a canto algum. Não há veneno na comida, não há veneno na água.
Dito isso, deu duas batidinhas com a unha no copo que terminava de beber, como se dissesse: “Veja, eu bebi e estou vivo.”
— Sua sorte é que está com um bebê — ameaçou, pegando o outro copo deixado para ele e então tomando quase todo o líquido de uma única vez.
— Coloque na sua cabeça, Levi. Por mais que tenha errado em espancar o Armin, um inocente, as máfias que aqui estão reunidas são contra qualquer tipo de agressão aos omegas. Logo, qualquer possibilidade de morte é anulada.
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Meu
FanfictionTalvez Levi devesse ter ouvido a sua mãe naquela manhã. Só talvez, claro. Sabe aquele momento em que você se encontra em um momento da vida em que você para e pensa: "Tô lascado.", então. Levi entrou naquele barzinho, no dia, no momento e no insta...