Capítulo 12

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- Eren -

"Pronto, chefe. O curativo está pronto." falou ao dar alguns passos para trás, não ousando dar as costas para mim naquele momento e isso só me irritou.

Era sempre essa falta de ação entre eles que nos colocava em maus lençóis. Eu precisava urgentemente de mais homens. E antes que eu pudesse até mesmo abrir a boca para falar algo, Zeke, que estava quase todo esse tempo encostado na porta do meu quarto com uma aparência ilegível, tomou a frente para falar.

"Já pode ir, Crolio. Obrigado." disse monotonamente sem desviar o seu olhar do meu.

"Sim, senhor." murmurou ao fazer uma rápida reverência, saindo sem falar mais nada e só então suspirei de alívio. Aquele cara conseguiu encher meu quarto de medo com seus feromônios. 

Sabendo o que me esperava a seguir, tratei de me levantar da cama logo quando a porta se fechou. "E o traidor?" perguntei, pegando o blusão para colocá-lo.

"Ordenei que o matassem de afogamento." disse direto, "Ainda bem que nossa mãe atirou em sua mão, assim deixou a melhor parte para nós."

"Afogamento? Você diz, o sapato de cimento?" sorrir, tentando aliviar a tensão ao lembrá-lo da sua técnica favorita de matar. Essa forma nada mais era que, literalmente, fazer um sapato de cimento nos pés do inimigo antes de jogá-lo em um mar, rio ou outro lugar, sem nenhuma chance de fuga.

Mas logo voltei a ficar sério quando ele não expressou nenhum interesse em minha piadinha. Suspirando, coloquei o blusão com cuidado para não ferir os pontos no meu ombro. "Tá. Eu admito, eu errei."

"Acha que isso é o suficiente, Eren?" 

Espiei seus movimentos disfarçadamente, vendo como ele cruzou os braços e levantou uma sobrancelha, me encarando com pura raiva.

"Desculpa. Eu devia tê-lo ouvido." murmurei em derrota, mas isso acabou irritando-o ainda mais.

"Existe um motivo para eu ser o chefe de guerra da máfia, Eren. Eu não brinco em serviço. E, principalmente, eu não brinco quando leio uma situação. Se eu disse para você ficar escondido, foi porque as coisas saíram do controle. Acha mesmo que um simples pedido de desculpas vai aliviar o que aconteceu lá? Você escapou por um fio de sorte. E se a nossa mãe não tivesse aparecido? E se você não conseguisse desviar a tempo? Você morreria. E sabe o que mais? A máfia sairia do ar até que decidissêmos quem seria o próximo."

"Olha, eu entendi e sabia dos riscos. Eu continuo vivo e isso é o importante por hora. Mas também não se esqueça, Zeke... Eu sou o chefe da máfia. Eu não posso me esconder enquanto meus homens morrem."

"Melhor eles do que o líder." rebateu e isso me fez rosnar, mas logo parei ao perceber o que estava fazendo.

Ele apenas retirou o meu celular do seu bolso, "Aparentemente, seu ômega teve um pressentimento ruim, mas conseguiu tranquilizá-lo". explicou ao jogá-lo em minha direção.

O peguei facilmente, e então nos encaramos em um silêncio por alguns segundos antes dele abrir a porta, "Se você quiser assistir o assassinato, me siga." disse ao sair, batendo a porta logo atrás.

Respiro fundo antes de suspirar em derrota. Eu entendia muito bem os motivos do Zeke e até concordava com a sua raiva já que havia sido minha culpa por ter feito a escolha de cabeça quente, mas o que você poderia fazer? Todas essas pessoas me seguem quase que cegamente e  mesmo que me digam que o dever deles é me proteger, não posso aceitar isso tão facilmente quanto Zeke. 

Olhando para a tela desligada do meu celular, o joguei na cama e sai do meu quarto, decidido a ver a morte do filho da puta de camarote. Além disso, também poderia surgir alguma oportunidade de conversar e me entender com meu irmão.

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