Garota Exemplar

Capítulo Dez: Avalanche

Avalanche

(Avalanche)

Quando chego em casa, completamente exausta do dia que tive, minha mãe está me esperando na área de casa. Assim que passo pelo portão, a vejo calmamente sentada com uma xicara de chá em mãos em meio ao conjunto de mesa e cadeiras de vime com estofado que fica na área frontal de nossa residência.

Quase congelo no lugar.

Isso é mau sinal. Péssimo sinal.

Toda vez que minha mãe tem algo ruim para dizer, ela me espera nesse maldito lugar.

É como se ela tivesse decidido escolher esse lugar para ser o "local oficial de anúncio ruins". Ou de sermões e castigos.

Normalmente, quando ela descobre algo sobre mim que a deixa furiosa, ela também me espera nesse exato local.

Respirando fundo, forço um sorriso em meu rosto e aceno em sua direção, enquanto tento me fazer de desentendida e caminho direto para a porta da casa.

Talvez eu que esteja exagerando e ela só tenha decidido apreciar esse lado do jardim enquanto bebe alguma coisa.

— Sakura. Venha aqui comigo.

Tentativa de escapar oficialmente fracassada. É óbvio que algo realmente ruim está prestes a acontecer.

Enquanto caminho até ela, não posso deixar de sentir uma onda de nervosismo tomando conta de todo o meu corpo.

Foi aqui que ela me esperou quando descobriu que eu peguei recuperação de inglês no sétimo ano.

Foi aqui que ela me esperou para contar que Dan, o primeiro marido de minha Tia Tsunade, havia morrido em um acidente de carro.

Foi aqui que ela me esperou quando descobriu que eu estava ficando com Gaara pela primeira vez, quando eu tinha apenas 12 anos e o lance entre nós dois não era nada sério.

Foi aqui que ela me esperou para contar que Tio Nawaki, irmão mais novo de minha Tia Tsunade, havia descoberto um câncer já em estágio terminal.

Foi aqui que ela me esperou quando descobriu que eu menti sobre dormir na casa de Ino e estava na verdade com o Naruto em....

— Sakura! — ela grita meu nome de repente, me fazendo encolher contra a cadeira — O que deu em você? Suas mãos estão tremendo, olha isso, vai acabar derrubando o chá.

Desvio meu olhar do dela e, caramba, ela tem razão. Eu nem sequer me lembro de ter chegado até ela, me sentado e me servido com chá, quanto mais de estar tremendo tanto assim.

Dou um sorriso sem graça, tentando disfarçar o quão nervosa estou, e me concentro em segurar a xícara com minhas duas mãos.

O que será que eu fiz de errado dessa vez? Será que ela já descobriu sobre a confusão de hoje à tarde na escola?

— Como foi a escola hoje? E o treino agora à tarde?

Droga. Ela com certeza descobriu alguma coisa.

Mas eu acabei de vir do colégio. Como ela ficou sabendo tão rápido?

— Foi... Foi tudo normal. Tranquilo, como sempre. Por quê?

— Por nada, ué, estou apenas perguntando — ela responde fazendo pouco caso, dando de ombros como se não fosse nada demais — Além do que, seu treino não é junto com o treino do Gaara? Como está a convivência de vocês dois na escola?

Me forço a dar mais um gole no chá, um gole longo, para poder enrolar mais um pouco antes de responder.

Minha mãe está falando com calma e tranquilidade, mas posso ver que a postura dela está mais rígida do que o normal.