II.

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Ouço o barulho de uma espada cortando algo profundo

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Ouço o barulho de uma espada cortando algo profundo.

O som agudo de uma lâmina cortando algo profundo ecoa no ar, seguido pelo impacto oco de carne sendo partida e o tilintar metálico que reverbera como um trovão, sacudindo meus sentidos. É um som que instiga tanto alívio quanto pavor. Meu corpo reage antes que minha mente processe: viro-me de forma brusca, buscando desesperadamente meu salvador.

Mas o que encontro faz meu sangue gelar.

No chão, uma cabeça grotesca repousa em uma poça de fluido viscoso, seus olhos enormes e brilhantes, de um roxo vivo e alienígena, ainda fixos em algum ponto vazio. As escamas que cobrem sua pele cintilam à luz, refletindo tons de prata e púrpura, como uma armadura de cristal quebrada. Sua boca está entreaberta, revelando fileiras de presas afiadas como punhais, dentes que pareciam feitos para despedaçar ossos com facilidade. O cheiro metálico de sangue enche minhas narinas, misturado a algo mais azedo, quase químico, que faz minha garganta arder.

Uma voz grave atravessa o silêncio pesado, chamando meu nome com uma clareza quase palpável. O som parece ter peso, cada sílaba vibrando como um comando inescapável. Meu olhar sobe, hesitante, em direção à origem do chamado. Na penumbra, uma figura imponente emerge das sombras, cada passo ecoando na superfície dura como um tambor ameaçador.

A luz da tocha mais próxima finalmente o alcança, revelando sua presença de forma devastadora. Ele tem cabelos negros como a noite, que caem em ondas desalinhadas, emoldurando um rosto esculpido com traços austeros e marcantes. Sua mandíbula forte, a sombra de um sorriso quase predatório, e os olhos... olhos verdes intensos, como folhas iluminadas pelo sol ao meio-dia, penetrantes e insondáveis. Cada detalhe emana poder, perigo e algo mais, algo que faz meu coração hesitar entre o medo e a curiosidade.

— Finalmente você chegou, Eleanor. — ele fala com uma voz rouca. Quero perguntar quem ele é e como sabe meu nome, mas algo dentro de mim sabe que não é real.

Antes que eu possa questioná-lo, o mundo ao meu redor começa a desvanecer. A voz do homem se mistura com um som familiar, e de repente, sou arrancada do meu sonho. As imagens ainda dançam em minha mente, turvas e perturbadoras. A realidade parece um véu fino sobre um abismo de horrores que eu mal consigo enfrentar.

- Eleanor, acorda! - A voz de Arthur perfura a névoa dos meus pensamentos, trazendo-me de volta. Ele está ao meu lado, com uma presença sólida que alivia a tensão do sonho.

- Você limpou isso antes? - pergunto sentando-me ao seu lado, tentando ancorar-me na normalidade da nossa rotina.

- Sim - ele responde, sem um pingo de emoção.

A presença de Arthur ao meu lado é um misto de conforto e culpa. Seu olhar, antes cheio de ternura, agora está obscurecido por sombras de desaprovação e preocupação. A cada movimento que faço, sinto o peso de sua angústia.

Hydrazar: Parte IOnde histórias criam vida. Descubra agora