II A SENSAÇAO DA MORTE PROXIMA

190 30 11
                                    


FERNANDA DILUA

ACAMPAMENTO JÚPITER

  Um mar de semideuses partiu-se às pressas para nos à medida que Annabeth caminhava através do fórum, ia atrás dela, seguindo seus passos com a guarda levantada preparada para a proteger caso algo desse errado. Alguns pareciam tensos, nervosos. Alguns estavam com bandagens da sua recente batalha com os gigantes, mas ninguém estava armado.

  Ninguém atacou.

  Famílias inteiras se espremiam para ver os recém-chegados. Pude ver casais com seus bebês, crianças agarradas nas pernas de seus pais, até algumas pessoas idosas com uma combinação de togas romanas e roupas modernas. Será que eram todos semideuses? Algo me dizia que sim, embora nunca tivesse visto um lugar como esse.

No Acampamento Meio Sangue, a maioria dos semideuses era adolescente. Se eles sobrevivessem o tempo suficiente para se formar no segundo grau, ou eles ficavam como conselheiros-chefe ou partiam para viver suas vidas do melhor jeito que pudessem no mundo dos mortais. Aqui, havia uma comunidade inteira de várias gerações.

  Ao longe no fim da multidão, localizei Tyson, o ciclope, e o cão infernal de Percy, Sra. O'Leary – que tinham sido o primeiro grupo de busca do Acampamento Meio-Sangue a chegar ao Acampamento Júpiter. Eles pareciam estar de bom humor. Tyson acenava e sorria. Ele estava usando uma bandeira SPQR como um babador gigante.

Em alguma parte da minha mente, registrava o quanto era linda essa cidade – o cheiro que vinha das padarias, as fontes gorgolejando, as flores se abrindo nos jardins. E a arquitetura... a arquitetura deveria ser capaz de tirar o fôlego de Annabeth se ela não estivesse tão ocupada em ir até Percy o mais rápido possível.

À nossa frente, os semideuses abriram caminho para uma garota que usava uma armadura romana completa e uma capa roxa. Cabelos negros caíam pelos seus ombros. Os olhos dela eram negros como obsidiana. Reyna.
Jason havia descrito ela muito bem. Mas mesmo sem isso, a teria distinguido como líder. Medalhas decoravam sua armadura. Ela se impunha com tanta confiança que os outros semideuses davam um passo para trás e desviavam o olhar. Mas Jason havia deixado de fora o enorme fato de que Reyna era linda, completamente maravilhosa da forma mais brutal possível.

Havia algo a mais no rosto de Reyna também – no jeito franzido de sua boca e no modo determinado com que ela levantava o queixo como se estivesse pronta pra aceitar qualquer desafio. Reyna estava forçando uma imagem de coragem, enquanto lá no fundo ela escondia uma mistura de esperança e preocupação e medo que não podia mostrar em público. Conhecia aquela expressão. Já havia a visto quando me olhava no espelho, mas principalmente em Annabeth.

Nós três paramos, uma a frente da outra, éramos tres garotas avaliando uma à outra. Em outro momento poderia ter comparado a cena, a aquele antigo meme dos tres homens-aranha apontando um para o outro. Em outro momento poderia cair em um ataque de riso por meu humor quebrado que seria em péssima hora. Mas agora, algum tipo de milagre, apenas com continuei como uma soldada ao lado de Annabeth.

Os outros tripulantes se postaram ao nosso redor. Os romanos murmuravam o nome de Jason e o olhavam com respeito.

Então mais alguém apareceu do meio da multidão. Percy sorriu pra Annabeth – aquele sorriso sarcástico, de quem aprontou alguma, aquele sorriso que irritara Annie por anos mas eventualmente havia se tornado cativante. Ele parecia bem melhor do que há seis meses atrás – mais bronzeado e mais alto, mais magro e mais musculoso.

Annabeth e Percy tinham pelo menos uma queda um pelo outro dês dos 12 anos de idade. Eles formaram um casal feliz por um tempo– e então ele desapareceu.

Estrelas em chamas II - Leo ValdezOnde histórias criam vida. Descubra agora