Capítulo 5 - A carta

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Era Novembro dia 2, o dia parecia perfeita, e o pôr-do-sol tinha mudado a sua direcção para oeste aonde caia sempre as lágrimas das nuvens. Quando Jéssica lembrou-se de ir homenagear a mãe ao cemitério do Santana.

Enquanto eu estava sentado, no chão da rua frente ao quintal da nossa casa, pareceu-me ver o corpo a arder, quando ouvi a voz suave de Jéssica gritando, amor hoje é o dia dos difundo vamos ver a campa da mamã, vamos lá fazer uma limpeza e pagar algum dinheiro ao coveiro mais antigo da cidade para limpar, pintar e arrumar bem a campa dela, para que a casa da mamã fique sempre limpa e em paz.

Apesar de todos os meus medos pela morte, pelo cemitério, tinha mesmo que ganhar coragem para acompanhar meu amor. Está bem amor! Vamos, já que fazes questão eu vou consigo quem sabe ainda eu receba a bênção dela.

E naquele mesmo momento, mal terminei de lhe dizer estas palavras, intrometeu-se entre nós, uma enorme tempestade que atingia o auge de todos os céus da terra e via-se simplesmente em todos os cemitérios.

Era a fúria daquela mulher, por eu ter casado, com a nossa filha. Até que por fim a tempestade acalmou e repentinamente começou a nevar.

Num súbito impulso, beijei a miúda, levantou a sua cara caída ao chão beijou-me também. Num sinal claro de amor recíproco, olhei para ela pareceu-me ver o rosto dela pálida talvez por causa da mãe. Quando chega sempre esta data a miúda recorda-se intensamente da mãe.

Caminhávamos então de mãos dadas enquanto uma brisa perfumada fazia-nos companhia. E ambos os extremos víamos também outros familiares que iam em direcção ao cemitério. Os choros eram mais moderados, e os abraços aconchegantes.

Ninguém chorava a maneira africana era simplesmente uns lamentos suaves e até alguns risos.

Já quase perto do cemitério de Santana, a tarde clareava rapidamente a uma velocidade veloz parecia que haveria um choque tremendo entre a estrela alfa centauro e o sol.

Jéssica mantinha-se calma e serena ao ver o dia subir convenceu-me que tal mudança do tempo devia-se a tristeza das inúmeras almas que repousavam em todos os cemitérios.

Chegamos finalmente ao cemitério já no princípio do fim da tarde uma calma tremenda tomou conta de nós nem o miar de um gato bruxo, nem o ladrar de um cão rafeiro, nem o uivar de um boi.

Um silêncio trombudo igual ao silêncio da morte, um silêncio que queimava o corpo.

As árvores deixavam cair às folhas. Sobre o chão tímido havia uma poeira mínima, que parecia simbolizar os passos lentos dos mortos.

Parecia mesmo o mundo dos mortos a nos dar as boas vindas, a música suave dos pássaros, o olhar tímido dos coveiros acompanhando a nossa vaidade, o bater dos sinos anunciando a entrada de mais cidadãos aquele mundo, o aperto profundo no coração no olhar das mulheres dos homens ai presente, pois estavam todos cônscios que um dia chegariam aquele santuário a última morada, por isto mesmo todos os presentes interiorizavam aquele momento dentro de seus corações.

Os acontecimentos daquele dia eram tão estranhos que minha mente de quase vidente cessou de pensar cessou de prever.

A qualquer altura cairia uma bomba que possivelmente me poderia levar a tornar-me vizinho da minha ex-mulher e sogra.

Chegamos ao túmulo, ou a campa como queiram empoeiradas pelos anos que tinha ficado sem ser limpa.

Enquanto limpávamos o sol quente batia-nos, e a nossas roupas brancas quase se tornavam castanhas, o suor do esforço desprendido ai parecia até nosso pedido de desculpa pelo pecado grave que carregávamos inocentemente.

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⏰ Última atualização: Mar 09 ⏰

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Amor proibido   E      IncestuosoOnde histórias criam vida. Descubra agora