Capítulo 3

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Kara abriu os olhos e se viu em um quarto vagamente familiar, e uma sensação de pavor borbulhou por dentro, sem mencionar o latejar em sua cabeça e a sensação de mal-estar no estômago.

Ela rolou e viu um despertador exibindo o dia e a hora: domingo, 11h.

"Porra. Eu fiz de novo." Ela gemeu.

Este foi o segundo dia consecutivo em que ela acordou na cama de outra pessoa. Ela não estava em uma farra de dois dias assim há muito, muito tempo. A última coisa de que ela se lembrava era de ter tomado algumas bebidas com um grupo de mulheres que conheceu em um clube da cidade, e então... então ela encontrou Giorgia.

Kara raramente via uma mulher mais de uma vez, mas Giorgia era persistente. Talvez Kelly estivesse certa — talvez Giorgia pensasse que poderia ser domesticada.

Ela se forçou a sentar na beira da cama e sua dor de cabeça piorou. Ela olhou em volta. Felizmente ela estava sozinha no quarto. Kara viu uma garrafa de água na mesinha lateral e bebeu rapidamente.

"Estou velha demais para isso", disse Kara a si mesma.

À medida que sua cabeça começou a limpar a névoa, mais lembranças da noite passada vieram à mente de Kara. Ela se lembrou de dançar com algumas garotas que conheceu e depois ser puxada por Giorgia, que apareceu do nada. Ela estava extremamente bêbada e não resistiu muito.

Depois de alguns beijos nos banheiros do clube, Giorgia a conduziu até um táxi e a levou para seu apartamento. A partir daí, Giorgia estava em cima dela, e a única coisa que ficou clara em sua mente foi que ela não sentiu nada. Sem excitação, sem emoção, sem nada. Tanto que ela fingiu adormecer para sair da situação embaraçosa, e isso foi a primeira vez.

Kara sempre gostou de sexo, e isso era natural para ela. Ela amava tudo no corpo de uma mulher – a sensação, o cheiro, o sabor, tudo que a excitava – mas na noite passada e na noite anterior, não havia nada.

Ela esfregou o rosto com as mãos furiosamente. Talvez a idade finalmente a estivesse alcançando.

Então a dor no estômago, da qual ela vinha bebendo para se livrar, voltou com força total. A imagem de Liam e Lena, do lado de fora de sua casa em ruínas, passou pela sua cabeça.

Kara podia ouvir a voz de Liam alta em sua mente. Você não vai desaparecer, vai?

Mas ela tinha, não tinha? Ela quebrou sua palavra, embora tenha feito isso porque a mãe dele, Lena, pediu.

Lena. Algo aconteceu lá dentro quando ela olhou nos olhos de Lena. A triste solidão que ela viu ali a fez querer afugentá-la.

"Controle-se, pelo amor de Deus, mulher", disse Kara com raiva.

Ela pegou sua calça jeans e rapidamente juntou suas roupas e calçou as botas. A única coisa que faltava era a jaqueta verde de combate.

Kara foi até onde ela lembrava que ficava a sala de estar e encontrou Giorgia sentada no sofá com a jaqueta no colo, olhando para a foto de Lena e Liam.

"O que você pensa que está fazendo mexendo nas minhas coisas?" Kara disse.

Ela tentou agarrar a foto, mas Giorgia se esquivou, segurando a foto no ar.

"Quem é ela, Kara?" A voz de Giorgia estava repleta de acusações.

"Ninguém que te interessa. Dê-me a foto." Kara pegou a jaqueta dela, mas Giorgia saiu do caminho novamente.

"Olha, pare de agir como uma criança e me devolva minha foto."

O rosto de Giorgia estava vermelho e zangado. "Esta não é a maneira de começar um relacionamento, Kara."

KARLENA - InesperadaOnde histórias criam vida. Descubra agora