IV | Arrepios

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Aurora

Estou começando meu primeiro dia de trabalho como médica no hospital

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Estou começando meu primeiro dia de trabalho como médica no hospital. No dia anterior, fui supervisionada por uma equipe que avaliou minhas habilidades e interação com os pacientes. Agora, finalmente, estou entrando em uma nova fase.

Ao passar pela porta principal, o som de passos apressados e murmúrios preenchia o corredor. A equipe médica se movia rapidamente ao meu redor, rostos focados, profissionais, sem tempo para hesitações. Olhei ao redor, tentando memorizar os caminhos – emergência, recepção... Hoje, tudo parecia mais caótico do que durante as visitas supervisionadas.

Peguei meu jaleco ainda novo e senti o peso do momento. Minhas mãos estavam firmes, mas meu coração batia um pouco mais rápido. Agora seria diferente: emergências reais, pacientes reais. Sem mais simulações, sem mais testes supervisionados.

Minha primeira tarefa foi no pronto-socorro, onde fui apresentada à equipe. Enfermeiros, residentes, todos pareciam acostumados com a pressão. Poucos minutos depois, já estava sendo chamada para atender meu primeiro paciente: uma criança com febre alta e tosse forte. Respirei fundo antes de entrar no quarto. Meu primeiro atendimento oficial. Eu precisava ser rápida, precisa e, acima de tudo, manter a calma.

Enquanto conversava com os pais e realizava o exame físico, podia ouvir o barulho de casos mais graves chegando na sala ao lado. Minha mente já começava a calcular o tempo e os próximos procedimentos, mesmo enquanto ainda preenchia as anotações.

Apesar da pressão crescente, eu sabia que estava no lugar certo.

Logo chamaram meu nome, pedindo minha presença em outro local. Apertei o botão do elevador, e, assim que as portas se abriram, entrei rapidamente, procurando um elástico para prender o cabelo. Não seria uma boa ideia examinar pacientes com os cabelos soltos.

Um homem que aparenta não ser muito mais velho que eu, segurou a porta do elevador com uma mão, impedindo-a de fechar. Ao entrar, percebi que ele vestia o mesmo jaleco que eu. Sua pele negra brilhava como o bronze mais fino, e cachos caíam sobre sua testa, com uma mecha cobrindo parcialmente um dos olhos. Ele apertou o botão para o segundo andar - o mesmo que eu iria.

Notei seu brinco em uma só orelha. Fiquei o olhando por um momento, mas eu estava com a cabeça em outro lugar.

E então percebi que eu o estava encarando.

Ele notou, e sorriu de leve, sem dizer nada. Desvio o olhar rapidamente, tentando disfarçar. Estou começando a sentir como se o elevador estivesse demorando uma eternidade para chegar ao segundo andar. Finalmente, as portas se abrem.

- Primeiro dia? - ele pergunta de forma casual, enquanto saímos.

- Sim. - Respondo, sem olhar muito pra ele.

𝑽𝒐𝒔𝒔𝒂 𝒆𝒍𝒆𝒈𝒂̂𝒏𝒄𝒊𝒂Onde histórias criam vida. Descubra agora