quatorze

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Maria Elisa Mattos

Ainda não entendo, não foi do jeito que pensei que aconteceria. Ele não me tocou.

Dancei e fiz como Juliana me ensinou, esse homem pagou meio milhão de euros, apenas para me ver dançar?  Apesar que ele acabou com um final feliz, mesmo sem encostar suas mãos em mim.

Enquanto estava dançando, em seu colo, sentir o seu desejo por mim fez algo irreal surgir, eu não poderia ter ficado como fiquei, mas não comendava mais minhas ações, meu corpo já estava em chamas, eu precisava daquilo.

Senti seus músculos tensos e sua respiração que estava difícil, me fez querer ser tocada, me fez querer mais.

Seu autocontrole e seu desespero por me tocar, não me passou despercebido, ele agarrou tão forte o braço da cadeira, que os nós dos dedos dele estavam brancos, livre de qualquer resquício de sangue.

— Chegamos!

Jason foi meu motorista, não me perguntou nada, e não pronunciou nenhuma palavra, isso foi ótimo. O caminho de volta eu só conseguia pensar nas sensações de ter seu corpo junto ao meu.

Eu saí do carro e corri até a entrada do prédio;

Quando entrei no chuveiro, o cheiro daquele homem estava em todo lugar, como se estivesse empregado em mim. Seus olhos azuis fitaram os meus e me senti mais exposta do que nunca.

...

— Mali, vamos ao parque, acorda!

Juliana estava puxando meu edredom e falando toda manhosa.

— Tão cedo?

Perguntei, sem abrir os olhos.

— Maria Elisa, já passa das onze e eu preciso conversar com a minha amiga

Ergui a cabeça e abri os olhos, ela ainda estava falando de um jeito estranho.

— O que aconteceu?

Perguntei preocupada, não sei que tipo de coisas costumam acontecer no meio que estamos envolvidas agora.

— Tenho um cliente fixo, e preciso falar dele!

Ela disse rápido e tapou a boca, como se fosse possível impedir de sair às palavras que saíram.

Eu me sentei e observei ela se ajeitar sentada na minha cama, e fiz sinal para ela continuar, sem interrupções.

— Ontem, ele pediu uma sala sem o segurança. Ele nunca fez isso.

Meu coração acelerou, tive medo do que ia dizer, ela é um ano mais velha que eu, somos apenas meninas num país onde não conhecemos nada.

— Tive receio, eu nunca fiz programa, mas não era isso que ele queria. Ele queria me conhecer, conversar comigo!

Ela disse e eu a observei, ela sorri e pareceu ter gostado da conversa.

— E como ele é?

Ela desviou os olhos de mim e pareceu estar em uma lembrança.

— Ele é gentil, nós conversamos por uma hora. Ele nem imagina o que acontece naquele lugar. Mali, estou com medo por você, eu ficaria feliz se você voltasse para o Brasil.

Ela me encarou e vi o semblante de contente se transformar em medo.

— O que você sabe? Me conta, eu preciso saber de tudo!

Ela se mexeu incomodada

— Já ouvi histórias de meninas que desapareceram, vendidas para quem pagar mais.

Eu vejo vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora