IX.

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- Dominique...

Eu estava com medo, nervosa, completamente apavorada, não havia pensado o suficiente e agora era tarde. Lisabelle estava à minha frente, vendo parte do meu rosto queimado e sucumbido pelo fogo.

Eu me arrependi, por um momento, antes de seus olhos brilharem e eu não enxergar oque costumava receber de outros, ela não estava assustada ou me julgando como se eu fosse um monstro, uma aberração.
Seus olhos brilhavam, mas eu não sabia distinguir

Ela sorriu

Seu doce toque afundou em meu rosto, tão suave como uma pena e macia como algodão.

Ela não estava com medo ou com nojo

- Você é tão linda...

Droga.

- Lisabelle...

Ela riu fraco tirando sua mão do meu rosto, pisquei várias vezes tentando assimilar, aceitar que ela não me via como uma aberração.
Apesar da forma assustadora que entrei na sua vida, ela não me negou de início. Eu sabia de seus fetiches, de cada um deles, desde fantasias até sexo selvagem em lugares públicos. Eu sei que quando ela deita em sua cama para dormir, suas coxas grossas se esfregam uma nas outras, sendo consumida pelo tesão.
Por mais que ela tenha um corpo fodidamente lindo e atraente, ela nunca teve relações, nenhum tipo de toque se quer, nem mesmo pelas suas próprias mãos

Sei também que quase todas as noites ela chora, com vergonha de seu corpo e peso, que ela se menospreza olhando no espelho dizendo o quão gorda é

Eu sei de cada passo e pensamento de Lisabelle, cada vontade, insegurança e nojo

Fui tirada de meus pensamentos quando de forma inesperada, seus lábios tocaram meu rosto. Na queimadura.

Eu não sei exatamente explicar o motivo daquilo, oque significava, mas era bom, muito bom, um sentimento inesquecível, sem palavras para descrever oque eu estava recebendo naquele momento

Isso nunca tinha acontecido comigo

- Oque é isso? - Perguntei baixo, engolida pelos sentimentos.

- Demonstração de afeto

- Oque?

Seu rosto se suavizou, sem maldade. E aquilo de certa forma mexia comigo, e foi exatamente isso que me encantou quando a vi pela primeira vez naquela espelunca de café. Foi o seu doce olhar que me fez ficar obcecada de forma doentia, confesso.
Confesso também que desde que a encontrei, não fui capaz de passar um dia se quer sem vê-la. Seja de longe, pelas câmeras em cada canto de sua casa.

Confesso que, dentre às quatrocentas mulheres na qual já me deitei, nenhuma me deu tanto tesão como Lisabelle me dá, e de forma vergonhosa, digo que me estremeço sem nunca ter tocado nela. Me guardei porque nenhuma me chamava mais a atenção, mesmo que nuas na cama, eu não conseguia tocá-las, tudo ficava sem graça

Era só ela que eu quero, só ela que eu desejo. E ninguém será capaz de me impedir de tê-la só para mim. E ai daqueles que entrarem em meu caminho

- Eu nunca tive esse tipo de afeto, menina - disse baixo. - Não sei oque isso significa

Era notório que ela estava tímida, já que nunca chegou a esse ponto. Ela se remexeu e voltou para a cama, me fazendo perceber que os minutos parada ali na porta, foram longos.

- Você se sente melhor?

- Melhor do que antes - Rio fraco.

Caminhei até o closet e respirei fundo, sabe lá Deus oque ia acontecer com essa garota em minha casa.
Eu nunca havia trazido uma garota para cá.
Nunca se quer deixei alguém além das diaristas entrar.

Quando As Estrelas Se AlinhamOnde histórias criam vida. Descubra agora