VII.

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Era estranho saber que por horas você ficou desacordada, que, estranhanente foi observada durante muito tempo. Ainda não me acostumei a ser observada por Dominique, mas saber que ela não saiu do meu lado nem para ir beber água durante cinco horas, foi lisonjeador. Não estava acostumada com o fato de ser protegida e de forma doentia, ser observada a cada movimento que faço

Luiza era oque eu mais era grata, que sempre e em qualquer momento, esteve comigo.
Ela cuidadosamente levava e trazia a colher cheia de sopa verde, e eu de forma estranha, adorei essa sopa.

Dominque estava sentada na poltrona, me encarando descaradamente enquanto de forma desajeitada, me alimentava.
Uma onda atingiu meu estômago e meus pelos arrepiaram. Eu perdi a fome.

A enfermeira loira passou pela porta com a prancheta em mãos. Era linda, de cabelos claros e sedosos, batom vermelho chamativo e oculos. Ela era linda, com peitos fartos e coxas razoáveis.

Era automático, quando se tem autoestima baixa, você se rebaixa instantâneamente. Olhando disfarçadamente seu próprio corpo, sentindo cada parte dele doer, doer ardentemente pelo simples fato de se achar insuficiente

Ser gorda me fazia odiar tudo em mim

Eu já estava acostumada com tudo, mas não estava preparada para ver a médica dar em cima de Dominique na minha frente. Seus olhos que ainda me encaravam, mesmo a loira se jogando para si, mas por breves segundos, seus olhos subiram para os peitos quase rasgando o uniforme da enfermeira.
Pude sentir uma pontada em meu peito , não queria exatamente dizer que estava com ciúmes, eu não estava.
Só acho legal a ideia de ter alguém que tenha olhos para mim, não necessariamente obcecada.

- Não liga - Comentou Luiza deixando a marmita sobre a escrivaninha ao lado.

- Oque?

- Sei oque está sentindo - apontou com a cabeça disfarçadamente. - Eu não gostei dela desde o momento que bati o olho - A olhou com os olhos espremidos. - Puta safada

Eu ri por um momento, abaixando lentamente a cabeça, sentindo as lágrimas rolarem, cada lagrima com uma intensidade diferente.

Eu odiava com todas as minhas forças ser gorda, por Deus.

- O enfermeira? - Chamou Luiza com um tom asqueroso. - Veio atender a paciente ou pagar de cadela?

A olhou para trás assustada, envergonhada por terem visto-a assim. Como se não soubesse que estávamos ali.
Sem nenhuma expressão, desde que acordei, Dominique voltou novamente seu olhar para mim, dessa vez, seu rosto se fechou completamente, me fazendo lembrar que naquele momento, meu rosto estava encharcado pelas lágrimas.
Com a cabeça baixa, enxuguei meu rosto e me mantive quieta

- Bom - Coçou a garganta enquanto ajustava seu óculos. - Lisabelle estava desacordada, seria necessário ela tomar um banho para ajustar a pressão. Posso solicitar uma enfermeira para banha-la, ou alguma de vocês se voluntaria?

- Eu posso da- Dominique a cortou.

- Eu dou!

- Não precisa, eu ajudo ela

- Eu disse que eu vou!

Arqueeou a sobrancelha

- Vá para casa descansar, eu dou conta daqui adiante

- Tem certeza? - Assentiu. - Esta tudo bem para voce, Lisa?

Eu não sabia oque fazer. A hipótese dela me ver pelada me deixava surpresa e envergonhada, e um tanto insegura em mostrar meu corpo. Eu acreditava também, que ela só ficaria na porta de costas, e foi só por isso que eu disse:

Quando As Estrelas Se AlinhamOnde histórias criam vida. Descubra agora