Capítulo 1.1

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(Santificado seja o teu nome...)

Quando o garoto terminou de descer as escadas, pôde ouvir a voz de sua mãe, recitando uma oração bastante conhecida por ele, assim como fazia todas as manhãs, enquanto cozinhava ou arrumava a casa. A voz de sua mãe soava tão tranquila e apaixonada, que, por um segundo, ele pensou que ela estava cantando.

- Bom dia, mãe!

- Bom dia, filho! Finalmente você saiu lá de dentro! Pensei que você iria virar uma coruja de verdade dessa vez!
O tom da voz de sua mãe, calmo, carinhoso e brincalhão, fez Joe se sentir uma criança novamente, principalmente depois que ela o abraçou forte...

- O cheiro tá incrível!

- Obrigado, meu varão. A torta já tá pronta, só espera ela esfriar um pouco mais antes de comer, ou, você vai querer uma dor de barriga em um dia tão lindo como esse?

- Pra você mãe, sempre é um dia lindo!

- Não existe dia ruim para os filhos de Deus!

Enquanto falava esboçando um dos sorrisos mais lindos que um filho poderia ver em sua mãe, a mulher se virou, fazendo com que seus cabelos longos e castanhos dançassem no ar com o movimento de seu corpo.

- Amém!
"Quem dera isso fosse verdade mãe!"

Sua boca respondeu a frase de sua mãe quase automaticamente, mas, em seu pensamento, a resposta não era a mesma que dissera em voz alta.

Enquanto o garoto pensava em seu próximo passo, se iria comer ou não um pedaço de torta antes de sair, a sua mãe mandou um beijo de longe para ele, e voltou para a cozinha da casa, agora cantando um dos muitos louvores que amava.

O garoto não possuía nada contra a sua mãe, e muito menos contra a religião que ela seguia, e que, inclusive, um dia também foi o seu próprio sinônimo de orgulho. Mas, agora, no fim de sua adolescência, ele só se sentia incapaz de entender quem era aquele "Deus" de quem ela tanto se orgulhava de servir. E não é como se ele não se esforçasse para entender. Muito pelo contrário. Ele ia para a igreja junto de sua família, e até em outras quando algum conhecido fazia o convite. Ele prestava muita atenção no que a pessoa que estivesse com o microfone falava, e até mesmo já aplicou alguns conselhos em sua vida, mas, ele não conseguia entender aquele "Deus", ou melhor, ele não conseguia o sentir!

Após alguns segundos parado em frente a porta da cozinha, pensando sobre como seria aquele novo dia, ele decidiu por ignorar momentaneamente aquela deliciosa e atraente torta, e, seguiu em direção a porta de saída da casa, decidido em encontrar algo para fazer do lado de fora.

Passando pelo pequeno corredor que ligava as escadas, a cozinha, uma pequena sala de estar e a porta da casa, ele não conseguiu evitar, mais uma vez, de admirar as fotos emolduradas e coladas na parede, que mostravam ele, sua mãe, sua irmã, seu pai e alguns amigos da família, em diferentes ocasiões e com diferentes idades.

- Nem parece que eu tenho apenas dezessete anos...

Quando chegou a porta, ouviu alguns passos vindos do lado de fora, e, se preparou mentalmente para o que viria em seguida.

Ao abrir a porta, três garotas se encontravam paradas na sua frente, prestes a tocar a campainha da casa.

- Joe! A quanto tempo!

Uma garota pequena e de cabelos escuros, voou em sua direção, o abraçando com uma força assustadora, e quase o derrubando no chão.

- Bom dia, Daiane!

Ele retribuiu o abraço com a mesma intensidade, até ela resmungar alguma coisa, como se o aperto estivesse a machucando.

A Escolha Certa - Um Romance Um Tanto Quanto Cristão Onde histórias criam vida. Descubra agora