Capítulo 3.1

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  — Por quê você falou que não gosta mais de ir à igreja?

  Luna sabia que aquela era uma pergunta desconfortável, mas sentiu que precisava fazê-la.

  Joe suspirou enquanto pensava no que deveria responder, e ficou alguns segundos em silêncio até finalmente responder a pergunta da garota.

  — Perdeu o sentido.

  — O que exatamente?

  — Tudo. Antigamente era tão bom me esforçar por Deus, mas, de uns tempos pra cá, eu ando me perguntando se Deus realmente existe. E, se for esse caso, por que a gente tem que viver dessa forma?

  — Como assim?

  — Você sabe bem o que eu quero dizer. Sendo cristão, a gente tem que superar tanta coisa calado, que uma hora chega a ser angustiante. Sendo cristão, tanta coisa ruim acontece, e a gente nem sequer pode parar para descansar um pouco, é sempre essa rotina desgastante, o tempo todo. – (Joe parecia querer chorar, mas, ele se esforçou para não deixar nem uma gota escorrer por seu rosto) – Sendo cristão, a gente tem que abrir mão de tantas coisas pra, no final do dia, a gente se sentir tão cansado e solitário. Se não fosse por respeito a minha mãe, eu já teria desistido de ser cristão.

  — Posso falar uma coisa?

  — Depende.

  — Não posso te dizer que eu entendo exatamente o que você tá passando, porque eu realmente não sinto vontade de desistir de Deus, mas, é verdade que a gente abre mão de tudo que parece ou é pecado, para viver uma vida santa. Não é a coisa mais fácil do mundo, mas, é necessário.

  — Por quê?

  — Você já leu a Bíblia?

  — Parei no primeiro capítulo de Eclesiastes.

  — Te recomendo continuar lendo. Creio que é mais fácil para Deus falar contigo, se você conhecer a palavra dele.

  Para Joe, aquela cena foi muito estranha. As poucas vezes em que alguém o aconselhou sobre sua fé, a pessoa sempre insistia em repetir sobre todas as bençãos que receberia se ele fosse forte, e, estava tão acostumado a ouvir as mesmas coisas, que o que Luna falou o pegou de surpresa.

  — Obrigado. De certa forma, o que você falou faz bastante sentido.

  — Então você vai se esforçar mais?

  — Não posso prometer nada.

  — Tudo bem. Sei que você se sente solitário, mas agora não precisa mais se preocupar com isso.

  — Por quê?

  Enquanto caminhavam, Luna o olhou com um olhar doce, e, por alguns segundos, Joe pôde sentir algo mais especial naquele olhar. Ele sabia o que ela provavelmente diria, e estava um pouco ansioso para ouvir aquelas palavras.

  Joe estava tão feliz com aquela cena, que seu coração quase saía do peito.

  Infelizmente, como diria um membro da igreja: Cristão só recebe a benção, depois que a luta acaba. Antes que Luna pudesse completar sua frase, uma voz tomou a sua oportunidade, vinda do outro lado da rua.

  —FALA, JOE! Quem é a gatinha?
 
  Era Otto que o chamou, sendo que para Joe, era a pior pessoa possível para aparecer naquele momento.

  Joe apenas o cumprimentou com a mão, esperando que ele seguisse seu caminho, mas infelizmente, Otto atravessou a rua correndo, parando em frente aos dois.

  — Muito prazer, meu nome é Otávio, mas pode me chamar de amor da sua vida, se quiser.

  O garoto ignorou totalmente a Joe, se dirigindo diretamente a Luna.

A Escolha Certa - Um Romance Um Tanto Quanto Cristão Onde histórias criam vida. Descubra agora