Capítulo 2.2

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  Passados alguns minutos após terminar o seu café da manhã, o garoto pediu licença para sair da mesa, e, mesmo sem receber a resposta, Joe se levantou e foi em direção ao banheiro mais próximo ao lado da cozinha, para lavar o seu rosto e sua boca.

  Chegando de frente para o banheiro do andar de baixo, que estava com a porta aberta, ele se viu no reflexo do banheiro, e estranhou a aparência de seu próprio rosto. Suas bochechas pareciam um pouco mais magras que no dia anterior, e seu cabelo, levemente mais escuro.

  Sentiu também que seus olhos pareciam distantes e era quase como que, ao invés de se aproximar, ele estivesse se afastando do seu reflexo.

  — O que aconteceu comigo?

  Ainda jogando água em seu rosto, ele tentou esfregar um pouco em volta de seus olhos, pensando que fosse só sujeira, mas, o seu olhar continuava fundo.

  — Parece até que fazem duas noites que não durmo!

  Para ser sincero, não havia muito a se fazer com aquele olhar fundo, e Joe sabia bem disso, por isso que ele apenas terminou de escovar seus dentes, e saiu do banheiro, em direção ao seu quarto novamente.

  — Já vai subir?

  Cloe estava parada no pé da escada, encostada em uma das paredes, meio que esperando por alguém.

  — Posso?

  — Fique à vontade, Joe.

  — O que você quer Cloe? Você só me chama pelo nome quando tá querendo algum favor!

  — Eu sou sua irmã. Não posso mais te chamar pelo seu nome?

  — Fala logo o que você quer!

  A garota se adiantou, subindo as escadas primeiro, e deu sinal para que o garoto seguisse atrás dela.

  — Vamos conversar no seu quarto.

  Ela abriu a porta do quarto de Joe, e, tateou a parede antes de entrar, procurando pelo interruptor do quarto.

  — Não sei como você aguenta viver num ambiente tão escuro!

  — Me trouxe até o meu próprio quarto só pra me ofender?

  — Cala a boca e entra logo.

  Assim que Joe passou, a garota deu uma conferida no corredor para garantir que não havia mais ninguém por perto, e fechou a porta, mas sem a trancar.

  — O que você tá querendo, Cloe?

  — Bem, o assunto é o seguinte, eu preciso de um favor...

  — Que surpresa!

  — Fica quieto! Tô tentando ser educada com você!

  — Desembucha logo, Pavão.

  — Idiota...

  — O quê?

  — Nada não!

  — Então?

  — Tá bom. A história é a seguinte, eu tô namorando!

  — Você sabe que eu não me importo né?

  — Eu sei disso, Coruja, mas, a mãe se importa, e ela não sabe.

  — Você não contou ainda, né?

  — Imagina o que ela vai falar quando ficar sabendo?!

  — Deixa eu adivinhar, ele é de outra igreja? Ou ele é ateu?

  — Bem... Ele é cristão, mas...

  — Mas?

  — Ele não gosta de igrejas. Pronto é isso! A única coisa que eu quero de você, é que me ajude a esconder isso dela!

  — Isso vai dar muito errado!

  — Cala a boca! Você vai me ajudar, ou não?

  — O que eu ganho com isso?

  — Sério mesmo? Quer mesmo me chantagear?

  — ...

  — Que tal a seguinte recompensa? Me ajuda com isso, que eu não conto pro pai daonde surgiram os seus amigos!

  — Agora você pegou pesado!

  —Então, trato feito?

  — Agora eu tenho outra escolha?

  — Acredito que não! Ou você me ajuda, ou nós dois vamos arrumar um problema muito grande com nossos pais.

  — Idiota...

  — Então?

  —Ok, Pavão. Trato feito. Agora sai do meu quarto e me deixa em paz!

  — Ah, finalmente, não aguentava pq mais ficar dentro dessa toca! Tem certeza que nada morreu aqui dentro?

  — Some!

  — Nem precisa falar de novo! Eu te mando mensagem quando eu precisar de alguma coisa!

  Quando a garota saiu totalmente do quarto, Joe se lançou sobre a sua cama, olhando para o teto iluminado pela luz da lâmpada branca de seu quarto.

  Como sempre matinha a luz apagada, ele não tinha o costume de observar o papel de parede do quarto, mas, olhando em volta nas quatro paredes, se sentiu alegre ao lembrar de quando ele, seu pai e sua mãe colaram aquelas imagens de um campo aberto, que ficava ainda mais bonito com a luz acesa.

  — Por que eles estão tão estranhos hoje?

  Enquanto seus pensamentos criavam explicações para o que havia acontecido com seus pais, seus olhos foram ganhando peso aos poucos, até que se fecharam completamente.

  Um sono inesperado dominou o garoto, o fazendo apagar em menos de um minuto.

  A cama estava tão confortável, a posição de seu corpo estava perfeita, e até mesmo o seu cérebro tinha começado a sonhar, quando o toque de seu celular o despertou, anunciando uma chamada de voz de um número desconhecido.

  — Era o que me faltava!

  Ele pegou o celular um pouco irritado, e, ao se sentar na cama, deslizou o ícone verde na tela do celular para atender quem quer que fosse que estivesse ligando para ele.

  — Alô?

  — ...

  — Alô?

  — ...

  — Se for algum tipo de trote, é melhor desligar, antes que eu...

  — Me desculpe! Eu acabei deixando o telefone cair quando você atendeu! Desculpa mesmo!

  Se ele estava começando a se irritar por ter sido acordado de um sono tão gostoso, a voz do outro lado da linha o fez se acalmar mais do que esperava.

  Ele conhecia aquela voz.

  Apesar da leve alteração que a ligação causava, ele ainda reconhecia aquela voz. Como não reconheceria? Ele a ouviu dois dias antes!

  — Ah, sem problemas. Como posso te ajudar?

  — Aqui é a garota de frente da garagem, que te pediu algumas informações na segunda.

  — Ah, sim, sei. Como você conseguiu meu número?

  — Então, ontem, eu procurei pelo endereço que você me passou, e, quando cheguei lá, eu encontrei com uma mulher incrível, que quando eu expliquei tudo, ela pareceu ficar super feliz, e me mostrou todo o lugar.

  — Foi minha mãe que te passou meu número? Por quê?

  — Ela falou algo sobre você ser melhor que ela para me mostrar o bairro em volta da igreja.

  — É a cara dela fazer isso!

  — Por algum motivo eu concordo com você! Jhonatan, né?

  — Isso, mas meus amigos me chamam de Joe.

  — Desculpa, mas, vou te chamar pelo nome mesmo, pode ser?

  — Fique à vontade. E o seu nome?

  — Luna. Traduzindo do espanhol...

  — Lua.

  — Você sabe falar espanhol?

  — Sei um pouco, só básico mesmo.

  — Interessante. Então, que dia você vai poder me mostrar mais do bairro?

  — Que dia você tá livre?

  — Pode ser hoje mais tarde?

  — Você que sabe.

  — Então fechado. Hoje, mais tarde, você vai me mostrar o bairro. Aonde eu te espero?

  — Pode ser na frente da igreja.

  — Ok. Até mais tarde.

  — Ok.

  Assim que a chamada foi encerrada, Joe jogou seu celular em cima da cama, e se levantou, indo até seu guarda roupa. Ele não sabia muito bem o que deveria usar, mas, procurou pelas peças de roupa que mais gostava de usar, e as deixou separadas para usar quando chegasse o horário combinado.

  — Meu Deus, o que foi isso? É muita coincidência para uma pessoa só. Primeiro foi segunda, agora hoje. Você realmente resolver ouvir o que eu te peço? Ou, mais uma vez, é apenas a sorte que está do meu lado?

  Enquanto seus pensamentos ganhavam som em sua voz, uma nova notificação o fez voltar a sua atenção novamente para o seu celular. Uma mensagem de um número desconhecido, mas, dessa vez, era do mesmo número que acabara de ligar para ele.


[Oi!!! Aqui, só pra avisar, pode ser às 15? Pera, se eu tô perguntando, então não tem como eu tá te avisando kkkkkk me desculpa, normalmente não sou assim, mas, eu sinto como se vc já fosse um grande amigo meu kkkk que estranho né? De qualquer forma, três horas vou tá na frente da igreja. Te espero lá.]

[Ok. Kkkkkk. Não tem problema não. Tenho que fazer algumas coisas ainda, então até mais tarde!]

[Até!]

[Aqui, sei que vc não me conhece, nem nada do tipo, mas, lê o salmo 91 quando vc sair de casa. É um costume meu, q eu creio que me ajuda bastante no meu dia a dia. Ok? Tchau!]

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