IV

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Pela manhã, James acordou com um peso em cima de si, além do maldito sol que decidiu passar pelo blackout. Passou os dedos sobre as pálpebras, irritado com a luz intrusa e pela dor que o atingiu nos músculos

Não abriu os olhos, sabendo que não enxergaria nada. Virou de lado com cuidado, deitando o menor sobre o colchão. Subiu em cima do corpo do mais novo, o ouvindo resmungar por ainda sentir o Potter dentro de si - acontece que descobriram durante a noite que estarem unidos daquela forma amenizava o calor que Regulus sentia, o que o permitiu conseguir dormir, finalmente

Entreabriu os olhos castigados pela claridade, o que fazia sua pálpebra arder. Encarou o menor abaixo de si, dormindo de bruços

Uma mão perto dos lábios entreabertos - inchados após a madrugada, por motivos que James iria lembrar pelo o resto da vida durante o silêncio da noite. As costas alvas marcadas por chupões, James evitava mordidas, pois sabia que só pararia ao sentir o gosto do sangue, seu modo vampiro era estranho. Os cabelos úmidos de suor espalhados no travesseiro torto - já que o travesseiro anterior era o Potter

Saiu de dentro do menor, se sentando ao cobrir o rosto com a mão. Pegou o óculos sobre a cômoda, cambaleando para o banheiro

O quarto estava... na melhor das hipóteses?... uma bagunça

Roupas e lençóis jogados no chão. James tinha certeza que sua toalha do banho antes de dormir estava ali também. O guarda-roupa ainda revirado. Os livros de escola que antes estavam em sua escrivaninha estavam no chão - reflexo da tarde anterior, onde jogou tudo no chão para colocar Regulus ali em cima, de costas para a cortina fechada;

Que, por conta do desespero daquela hora, estava meio aberta. O tapete torto, com um tênis embaixo dele. Se reparasse, até a cama estava um pouco torta para a esquerda

Entrou no banheiro com os óculos ainda nas mãos. Queria aproveitar que Regulus estava dormindo e ir logo para a escola - não queria chegar fedendo a sexo ou ter de deixar o menor com o olhar suplicante

Parou na frente da pia - reparou, então, que tinha se agarrado com Regulus em todos os cantos da casa;

Cozinha: Mesa; bancada; parede - tinha quase certeza que na porta da geladeira também contava

Sala: Sofá; mesa de centro; tapete; parede

Quarto: Cama; escrivaninha; cadeira; parede; porta

Banheiro: Chuveiro; pia; porta; parede

Porra - colocou a mão na testa, rindo nasalado com a realização. O pior daquilo era que era excitante para caralho. A maneira como simplesmente prensar Regulus contra qualquer superfície o deixava com aquela expressão perfeita

Estava perdido, merda - riu novamente. Tirou a mão do rosto, apoiando as mãos na pia, erguendo os olhos para o espelho

Mas, quando o fez, perdeu o ar - arregalando os olhos caramelo para si mesmo. Não era pelo fato de seus cabelos estarem mais bagunçados que o normal - parecia que levou um choque - ou por ter uma marca de mordida em seu ombro e marcas de arranhado em seu pescoço, braços e peito

Não. Não era nada disso que o espantava

Era o fato de estar enxergando perfeitamente cada um daqueles detalhes... sem o óculos - que persistia em sua mão

Abriu as pernas da armação e colocou o óculos no rosto, virando para o espelho. Seu rosto ficou embaçado e sem foco algum. Franziu o cenho, tirando os óculos - tudo ficando nítido

Encarou os óculos com espanto. Não poderia ser - pensou assombrado - estava enxergando!

Tornou a erguer os olhos para o espelho. Se virou para o box, vendo os objetos à distância tão nitidamente

Origem das espécies Onde histórias criam vida. Descubra agora