Capítulo 1

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- ANY -

 O som estridente do despertador ecoa pelo apartamento silencioso. A pouca luz que passava pela cortina mostrava que o dia teria que começar mesmo sendo uma manhã de domingo onde a maioria das pessoas dormem até meio dia.

Sinto um aperto na minha cintura e sei que é um protesto de Erick por ter que acordar cedo.

- Vamos levantar. – Dou um beijo delicado em sua testa. – Se nos apressarmos podemos fazer panquecas de café da manhã. O que acha?

- Com morangos? – Ele abre os olhos ainda sonolentos.

- Como poderíamos comer sem eles?

Com muita luta o pequeno se levanta e vai para o banheiro. Aproveito o tempo para separar nossas roupas e ir adiantando a massa da panqueca. Poucos minutos depois Erick senta a bancada da cozinha com os cabelos molhados.

- Pronto mamãe. – Ele encosta a cabeça na bancada. – Quero dormir mais.

- Não era hoje que você vai no parque com a tia Sabina? – O lembro e vejo uma energia surgir de repente. – Vamos comer essas panquecas para dar energia suficiente para passear.

- Você não vai conseguir ir mamãe? – Erick coloca um grande pedaço na boca.

- Dessa vez não, meu amor. Hoje tenho que trabalhar. – Lhe dou mais um beijo – Vou tomar um banho e já venho.

Assim como qualquer mãe, dói não poder fazer alguma coisa com meu filho, e o pior, ele já está acostumado. Meu trabalho me cobra muito tempo, mas todo o que resta para mim o uso para ficar com Erick.

Quando descobri que estava gravida, a seis anos atras, muitas coisas mudaram. Eu estava no terceiro ano de medicina, tinha conseguido uma bolsa para estudar nos Estados Unidos em uma das melhores universidades do país. Me apaixonei por uma pessoa que se dizia apaixonada por mim, mesmo que o pai dele não apoiasse nosso namoro, já que eu não estava na mesma faixa social que ele. Quando contei para o "pai" de Erick que estava gravida, ele disse que não assumiria a criança e um dia depois mudou de faculdade para não ter que me ver. O que o dinheiro não faz, não é mesmo?

A única pessoa que esteve comigo a todo momento foi Sabina. Minha mãe morreu quando eu tinha dez anos e meu pai a partir desse momento se entregou as bebidas, então estive sozinha minha vida toda, mas quando falei da gravides para meu pai decidi cortar qualquer laço que tínhamos.

Tive que trancar a faculdade e encontrar um trabalho que pagasse as contas. Consegui um como secretária, o que me ajudou muito a me manter, mas meu tempo é basicamente para isso e minha chefe não é fácil de se lidar.

- Você precisa de um novo emprego e voltar a faculdade. – Sabi fala assim que a cumprimento com pressa.

- Não posso estudar se estiver trabalhando, sem falar que eu tenho um filho que precisa de atenção também. – Dou mais um abraço nela. – Cuida do meu pequeno e tenta não o empanturrar de doces. Tenho que pegar um ônibus agora se não vou me atrasar.

- Prometo não prometer nada, né chico? – Ela pisca para meu filho que concorda sorrindo. – Bom trabalho, Any.

- Obrigada! – Dou um último beijo em Erick e saio apressada.

Meu trabalho não é tão distante da casa de Sabi, mas por ser domingo a quantidade de ônibus é bem menor então não posso me dar ao luxo de ir devagar.

- Desculpa Any, mas o elevador quebrou. – Amanda a recepcionista do prédio me informa. – Vai ter que ir de escada.

- Aí senhor, são vinte andares! – A vejo sorrir sem graça. – Obrigada, Amanda. Tenha um bom dia!

A BabáOnde histórias criam vida. Descubra agora