A Babá

Capítulo 3

- Any -

- Podemos fazer mais brigadeiros outro dia, Any? – Mia me pergunta animada no colo de Josh.

- Claro! – lhe dou um abraço de despedida. – Te vejo amanhã de manhã, chica.

- Boa noite, Any. – Josh se despede levando a pequena para cima.

- Tem certeza que você não quer que eu te leve para casa? Já está tarde. Eu ou Josh podemos te levar, não será problema.

- Não, de verdade. Vocês já estão fazendo muito por mim. Vocês me deram esse novo emprego e ainda vão me ajudar com meu outro emprego... Quer saber, deixa isso para lá. Não quero ocupar ninguém com meu trabalho e nem arranjar briga com ninguém.

- Dytto merece ser levada a justiça, Any, e vamos te ajudar com isso. Lembra, agora você é da família. – Sina me abraça. – Te vejo amanhã.

Busco Erick na Sabina. Ele estava desmaiado de cansaço quando cheguei, nem os muitos doces que Sabi e Pepe deram para ele o fizeram ficar acordado depois do banho. Em casa coloco Erick na cama e tomo um banho para dormir me preparando para o dia seguinte.

Assim como no dia anterior, o despertador toca e seguimos com a nossa rotina. Porém um pouco menos caótica. Combinei com Josh que iria trabalhar as sete e meia até as sete e meia, tempo suficiente de levar Mia para a escola e de ter uma manhã mais aproveitada com meu filho.

- Mamãe, você não vai se atrasar?

- Vem cá filho. – O chamo para sentar do meu lado e o abraço recostando no sofá. – Ontem a mamãe foi demitida. Ela teve um problema e foi mandada embora, mas não se preocupa que eu já consegui outro emprego.

- É igual ao outro?

- Não, é melhor. Vou ter mais tempo com você. – Ele sorri animado. – Vamos poder passear de domingo juntos.

- E tomar sorvete?

- E tomar muitos sorvetes! – O abraço mais forte. – A mamãe vai sair para trabalhar mais tarde, então posso te deixar na escola, mas vou chegar um pouco mais tarde também.

- Tudo bem, mamãe.

- E eu queria saber de uma coisa. – Me ajeito de uma maneira que ele possa olhar para mim. – A mamãe queria saber se tudo bem eu procurar uma nova escola para você. Uma bem legal. O que acha?

- Hum, pode ser.

- Certeza?

- Sim, posso fazer novos amigos.

- Claro que pode, e quem saiba tenha aquela aula de futebol que você tanto queria?

- Posso mudar hoje? – Erick pergunta ansioso e eu não evito rir.

- Mais para frente, chico. – Ele dá de ombros concordando. – Vamos para escola, então?

Deixo Erick na escola e corro para a casa dos Beauchamps. Assim que entro pela cozinha os vejo tomando café da manhã. Mia conversava animada com Josh, enquanto Sina mexia no celular.

- Mia coma de boca fechada. Por educação e porque você pode se engasgar. – Mia fecha a boca mas continua a resmungar. – Mia, Any já deve estar chegando para te levar para a escola.

- Já cheguei. – Os três olham para mim. – Bom dia Beauchamps!

Josh olha o relógio e percebe que está mais atrasado do que pensava. Ele levanta, toma o resto de suco que tinha em seu copo, segura uma pasta preta e vira para Sina.

- Se não quiser ficar sem carona é melhor levantar agora. – Ele abraça a filha. – Tenha um bom dia princesa.

- Tchau papai.

- Bom dia, Any! – Sina ignora Josh vindo em minha direção. – Desculpa meu irmão mal-educado. Se não fosse ele a minha carona eu ficaria mais, mas meu carro quebrou então ele é o que me resta.

- Ele tem razão, vocês já estão atrasados. O trânsito esse horário deve estar terrível.

- Viu, Sina! Obrigado Any. – Josh para antes de sair da cozinha virando para mim – Bom dia!

Com um sorriso ele sai. Sina vai logo depois de se despedir da sobrinha. Me aproximo de Mia e a pequena coloca um dedinho para o alto como se estivesse pedindo um minuto para poder terminar de mastigar.

- Any, Bom dia! – Ela me abraça. – Vou para a escola agora, mas quando eu voltar podemos fazer brigadeiro? Ontem meu pai tudinho!

- Vamos dar um intervalo de um dia, tudo bem? Brigadeiro é muito bom, mas tem muito açúcar.

Ela suspira fundo concordando. A ajudo a colocar a mochila e seguimos para o carro. O motorista nos cumprimenta com um cordial bom dia e nos leva para a escola de Mia. Fico feliz em saber que é uma das que estava cogitando colocar Erick, posso aproveitar a oportunidade e ver sua possível matrícula.

- Tenha um lindo dia, Mia. – Lhe dou um abraço e ela entra feliz junto com alguns amigos. – Oi, bom dia! Gostaria de saber se a secretaria já está aberta.

A professora que estava recebendo os alunos sorri para mim.

- Está sim, o que necessita.

- Queria ver uma possível matricula para o meu filho.

- Ótimo, o financeiro também é ao lado. Pode seguir esse corredor e no final dele a primeira porta terá o que precisa.

- Muito obrigada!

A escola era muito bem estruturada. Os armários se ajustavam ao tamanho das crianças e as atividades extracurriculares são bem reconhecidas. Minha primeira opção não é essa escola e sim a Slimton, por mais que essa seja a número um. Sinto que na outra, Erick se sentirá melhor, mas se tiver disponibilidade porque não tentar?

- Bom dia! Gostaria da matricular meu filho e me interessaria as bolsas que vocês oferecem.

A mulher me olha de cima a baixo e sua cara não é nada agradável. A secretária dá um sorriso sarcástico e segura a caneta na frente da boca tentando, e fracassando, esconder o sorriso.

- Acho que a senhora está na escola errada. Não acho que aqui seu filho se adaptaria.

- Como?

- Vou ser sincera, senhora...

- Any Soares.

- Any Soares. Temos padrões muito altos e com isso mensalidades maiores do que as outras escolas. Posso mostrar as bolsas, mas não acho que se encaixem em seu orçamento.

- Que? Não é possível que você possa estar falando isso para mim. Olha isso foi um erro.

- Foi mesmo.

- Essa escola não merece o reconhecimento que merece. – Levanto segurando as minhas palavras. – Passar bem.

Saio da sala batendo o pé. A professora que me atendeu no começo parecia um amor de pessoa, mas pelo jeito isso não é parâmetro para todos.

- Tudo bem senhorita Soares?

- Pode me chamar só de Any, Wang.

- Então me chame apenas de Kris. – Ele sorri para mim. – O que aconteceu lá dento?

- Eu não quero te encher com os meus problemas, Kris.

- Acredite em mim, prefiro ouvir você do que esse rádio.

- Tudo bem. – Ele abre a porta da frente do carro para mim. – Essa escola não era o que imaginei. Durante muito tempo pensei em possibilidades para o meu filho estudar. Essa estava em segundo lugar, mesmo sendo a melhor. Fui tentar ver as bolsas e a secretaria fez pouco casa de mim. Ela olhou de cima abaixo e falou que não era para mim e nem para meu filho essa escola.

- Que escola péssima. Se o senhor Josh soubesse disso.

- Não! Não pode falar com ele. Josh já está me ajudando com uma coisa. Tudo o que eu não quero é abusar da sua boa vontade.

- Minha boca será um tumulo. – Ele garante. – E agora, para onde vamos?

- As compras