chama de esperança

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No relógio ao canto da parede se marcavam exatamente quatro e quinze da tarde,as badaladas do tic,tac pareciam causar em Piper um certo transe. O som ecoava em sua cabeça lentamente em tilintares que nunca paravam,com piscadas lentas nos olhos,o cheiro das flores percorriam suas narinas,a faziam lembrar dos campos de girassóis que visitava na primavera com Larry,era um de seus passeios e época favoritas do ano,por falar em Larry....
- Filha,filha.
Um chacoalho em seus braços a tiraram do seu momento de devaneio,era sua mãe,sempre sua mãe lhe dando um choque de realidade.
- oi,ah sim mãe?
Os olhares já marejados,se encontraram. no fundo a sinfonia que se escutava era do coro de choro,uns baixos silenciosos, outros estridentes e mais altos,a tristeza de um velório só se pode sentir se estando num. Todos por a dor forte da perca,de não se saber para onde a vida vai após fechar os olhos para sempre,e lá logo ao fundo estava o corpo de Larry,num caixão branco, talvez por uma busca da família,pra sua alma ter paz.
- Filha você precisa ir lá.
Piper agora olhava a frente.
- Mãe na verdade, não. Vim para dar apoio a familia..e..
Sua mãe pegou em suas mãos.
-  me escuta. Independente de tudo vocês tiveram uma história,preste suas condolências a família,mas também feche esse ciclo. Você precisa meu amor. Estarei aqui. Polly também logo ali.
Apontou a amiga junto a esposa Zelda.
Piper tomou fôlego profundamente,em passos calmos foi em frente,ouvia o eco dos saltos pretos dentro de sua cabeça. Tudo estava em câmera lenta,o caminho parecia mais longo do que de fato era,estava respirando agora rapidamente,seu corpo parecia cansado,as lágrimas agora involuntárias caindo uma após a outra.

" Pipes, sério,acho melhor não"
"Você precisa me perdoar"
"O amor é isso mesmo"
" O bufê está pago, aproveite a festa"
"Preciso de você.....preciso de você....
De voce.....de...... você"

Gelado, pálido. Assim ela via o rosto de Larry,o terno azul marinho, bonito, abotoaduras da família bloom. Ela buscou com os olhos a ferida...a ferida que ele mesmo causou em si,ela não sabia ainda o porque,agora sim a ficha dela caiu,as frases que ecoaram em sua mente ainda a pouco, lembranças de momentos bons e ruins,todos de Larry.
Pousou suas mãos sobre a dele,e discretamente lhe sussurrou.
- Eu te perdoei,foi de coração. Espero que encontre agora a paz. Que sempre buscou.
E assim saiu daquele lugar,onde estava sufocada,se despedindo da família dele,da mãe chorosa e arrasada. Foi para casa,chorou por vários minutos no banho,depois disso sentiu um alívio enorme sair de seu peito. De toalha se olhou no espelho,buscou em seu dedo a marca da aliança.
- Não existe mais,quando sumiu?
Suspirou, Larry já era passado,e agora não existia mais,mesmo de forma tão dolorosa sua morte fechou essa página de uma vez de sua vida. Agora tinha que focar em algo que lhe estava fazendo bem,e era o amor de sua vida,um novo amor,que precisava dela mais do que tudo naquele mesmo dia. Pegou roupas limpas e as vestiu,uma maquiagem fraca,para disfarçar o choro anterior,seu perfume,chaves e bolsa. Para o Brooklin.
//
Joe Caputo,sabia que seu plano estava por um triz,agora com a localização de Piscatella ele juntou os homens que deram,afinal estava sem tempo.
- Senhor Caputo, não acho prudente você ir  a polícia está de olho,se sair da mansão eles nos seguem e ai já era de uma vez.
Joe estava impaciente.
- E você acha que não sei seu estupido? Heinm? Tenho um plano.
Ria com loucura,o chefe de segurança estava preocupado, Joe naquele estado podia por tudo a perder de uma vez.
- Vamos sair,mas escondidos,hoje é dia de manutenção de jardim.
O segurança não ligou os pontos,e fez cara de desentendido.
- ANIMAL,VAMOS SAIR DA MANSÃO DENTRO DA VAN DE JARDINGEM... Mande o restante dos homens nos encontrarem no caminho e seja rápido. Saimos em algumas horas.
Sem nem questionar o chefe de segurança pois o plano em ação.
//
Piper no caminho para o apartamento de Alex,tratou de pegar alguns lanches para todos se alimentarem, afinal além das duas amigas ainda tinham alguns policiais as mantendo em segurança,e com certeza Fig já estava lá pondo o plano em ação, garantindo que nada saisse errado,e ninguém pensa direito de barriga vazia,isso era uma regra dela, imposta por ela mesma. Pegou as escadas e bateu a porta. Quem abriu foi um dos policiais.
- Olá senhorita Chapman.
- Olá,como está? Aqui pegue.
Lhe estendeu a mão com um pacotinho embrulhado individualmente, contendo uma lanche,suco e uma fruta.
- Obrigada, estava mesmo com fome.
Ela sorriu. Seguiu até a cozinha e colocou todos os restantes sobre a mesa,um dos homens que ali estava,de olho num laptop sorriu de imediato se servindo sem cerimônia.
- boa tarde a todos. Trouxe comida,por favor todos se sirvam, barriga vazia mente confusa.
Sorriu. Mas seu olhar mesmo estava buscando uma certa morena de olhos verdes. Não a viu,foi até a sala onde Fig estava sentada ao sofá.
- Fig! Como estamos.
Se sentou, após de lhe dar um beijo na bochecha como cumprimentos. Antes de responder Figueiroa olhou pros lados, garantindo que ninguém mais ouvisse.
- Piper,sinto muito por Larry,que fatalidade.
A loira abaixou a cabeça concordando.
- nem me fale, estive a pouco no velório e confesso que estou num misto de sentimentos. Mas preciso estar aqui com Alex agora.
- Exatamente nesse ponto que quero chegar.
Piper ouvia atentamente. Nesse momento Alex saiu de um dos quartos,onde acabará de ascender uma vela,uma forma de tentar alcançar uma benção,mesmo não sendo das mais devotas,e viu a loira,um sorriso bobo surgiu,mas como ela falava baixo com Figueiroa, optou por não interromper,pegou dois lanches e seguiu para o quarto,se juntando com Nicole,lhe serviu um, e depois sentou ao seu lado para lanchar.
- Larry,antes do suicídio pois fim a vida de Kubra e de mais um segurança,tudo isso na boate, ninguém o impediu de chegar até Kubra,ou seja,ele era figurinha conhecida na boate,mas não consegui entender o por que. Sei que não é o momento mais estou intrigada, você sabe de alguma coisa? Sei que trabalhou num caso recente junto a Balic.
Piper concordou com a cabeça.
- Fig,tive acesso a pouco,a alguns documentos de Balic,dei uma lida razoável,lhe entregarei depois,lá você talvez encontre o que motivou Larry a chegar nesse ponto.
A polícial agradeceu a ajuda.
- Ótimo,mas agora. O foco é Diane Vause.
As duas concordaram. Nesse momento soube de todos os últimos detalhes,e tirou suas dúvidas. A poucas horas da troca todos teriam que saber seu papel,e nada poderia sair errado,para segurança de todos. Mas após a breve atualização um policial chamou atenção para uma informação de última hora.
- Chefe, nenhuma movimentação na mansão Caputo, somente serviços periódicos, não sei mas isso não parece certo.
- e Joe?
- Não saiu da mansão, motorista e seu veículo continuam dentro do imóvel,por isso que acho estranho demais.
Deu sua opinião intercalando com mordidas em seu lache.
- Ótimo. Fique atento que se algo estiver acontecendo,logo descobriremos. Nossa equipe está atenta a tudo.
Piper tornou a olhar nos arredores e não viu a morena. Já estava ficando nervosa.
-ALEX?
Se levantou e foi conferindo os outros cômodos enquanto Fig estava no  telefone. Chegando ao quarto de Alex decidiu ficar por lá,pois sua bolsa sobre a cama,observou a chama da vela sobre o parapeito de uma das janelas do quarto,sobre uma prato com um pouco de água,se sentou,passou a mão pelo rosto e manteve a cabeça baixa.
- seu perfume está exalando por minha casa toda!
Foi em busca da voz grave e sexy que só Alex tinha,e lá a viu encostada ao batente,na entrada do quarto,os braços cruzados,e os olhos verdes safira fixos em si,com a sombrancelha arqueada. Um frio na barriga foi inevitável.
- Ai está você.
Sorriu, enquanto Alex ia em sua direção,quando perto o suficiente fez questão de sentar em seu colo,uma perna de cada lado de seu corpo. Lhe deu um abraço e repousou seu rosto junto ao pescoço,ali ficou,sentindo seu cheiro,em silêncio. Piper começou a lhe fazer carinho nas costas,estavam tão cansadas,tanto de corpo como de mente.
- Alex,sabe que vai dar tudo certo não é?
- Tomara que sim Pipes, tô realmente com medo....
Piper levantou seu rosto mantendo as mãos uma de cada lado,lhe beijou a boca com carinho,um beijo lento,onde os lábios eram calmos e as línguas ágeis. Terminando com vários selinhos,e beijos espalhados pela bochecha lhe confessou ao pé do ouvido.
- Confie em mim, vão dar...
//
Piscatella não achava Cezar,e isso só podiam significar duas coisas,ou ele foi pego pela polícia ou fugiu,e qualquer das opções punha em risco o plano,deduziu tudo isso após seu sumiço repentino e por seu celular não dar nem sinal de vida,mas por garantia pois alguns de seus homens para rodear os quarteirões próximos para analisar algo suspeito. Já eram cerca de sete da noite,as pressas teve que enviar a primeira equipe que ficaria com Diane,teve que ser antes do previsto,o local ficava a vinte minutos do atual,e já estava equipado para receber a mulher.
-Vão, aquele filha da puta do Cezar não vai voltar, então você..
Apontou um dos seus.
- Agora fica por sua conta,leve aquela vaca e a enfermeira para lá,e garanta sua segurança e que ela esteja até lá apresentável. Espera até meu contato para liberar ela onde combinamos certo?
O homem concordou e foi juntar tudo para sair,no total seriam quatro com Diane e Freeda,e três que sobrariam fora o lider Piscatella, já que teve que enviar dois atrás de Cezar.
- maldito Cézar onde você se enfiou.
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Do lado de fora os policiais observaram a saída de dois veículos,as pressas,um carro de passeio e uma mini van,não queriam os  perder de vista,mas agora não estavam em número e veículos suficientes para seguir os dois e vigiar o local. Tiveram que agir rápido e no impulso, então um dos policiais desceu e ficou no posto,para continuar a tocaia,e o outro seguiu com o veículo um dos carros.
- AVISE A FIG AGORRA....
E saiu rápido.
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- Certo fizeram bem, não sabemos quem pode estar nos veículos, fique tranquilo agora mesmo vou mandar mais uma equipe para se juntar a você. Concerteza já levaram a vitima. Mande tudo que lembrar dos veículos,e tente descobrir qual deles a gente seguiu. Tome cuidado e me mantenha informada.
Figueroa tinha total certeza de que Diane estava a bordo de um daqueles carros,e tinha que garantir que teria homens a postos em ambos os locais,por isso reforçou a quantidade de polícias mobilizados.
- Você,tente acessar as câmeras próximas ao local,veja se consegue as placas ou mais ou menos a rota do veículo que não foi seguido, faça o mais rápido possível,ligue para O Dani,ele te passará mais detalhes do carro. E vocês mandem mais homens para lá.
Sabia também que o policial tinha razão,por que Joe não havia dado sinal de vida? tinha certeza que ele era o responsável,mas segundo informações ele não tinha deixado a mansão,e isso era muito suspeito, só que bater a porta dele não era uma opção naquele momento. Ascendeu um cigarro,e foi caminhando até uma janela,fora daquele pequeno apartamento, pensava em como a maldade humana poderia ser grande, Alex não tinha nada de valor em sua vida,e mesmo assim queriam tirar algo dela.
- Se não por dinheiro,por posse...
Pensou alto.
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Para alguns o dinheiro não é tudo,a quem discorde,mas naquele dia para Joe sua fortuna havia o ajudado bastante. Foi o suficiente para comprar a traição de um homem,e "alugar" um transporte de fuga, discreto o bastante para não levantar suspeitas. Joe Caputo havia conseguido sair da mansão,e o melhor os policiais nem perceberam,um pequeno malote foi mais que o suficiente para o jardineiro levar ele e seus homens para fora da mansão,e ainda deixar a van a sua disposição por tempo de uso indeterminado. Só que antes de ir fazer uma visita a Piscatella,ele passou pelo Brooklin,queria ver de qualquer maneira sua prometida de longos cabelos negros e pele clara como a neve. Mas quando chegou na frente do prédio,o que viu foi uma silhueta conhecida na janela.
- maldita vagabunda,olha lá,ela que foi me intimidar aquele dia, merda,eles já sabem que fui eu. Temos que achar o Piscatella antes deles. Toca, toca essa banheira agora.
A van demorou a pegar dessa vez,mas funcionou,e o cheiro forte do combustível subia pela ventilação, Joe tampou o nariz e balbuciou alguns palavrões.
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Piscatella e o restante do bando já haviam deixado o primeiro esconderijo, não era ingênuo, Cézar poderia muito bem ter entregado ele a quem pagasse mais,agora estavam em uma casa abandonada próximo a ponte onde Alex levaria o resgate.Ele fazia questão de ir pegar a mala, não confiaria a mais ninguém o dinheiro.
Freeda era o anjo na vida de Diane naquele dias tenebrosos,ela já havia lhe dado banho e roupas limpas e novas,lhe penteou os cabelos e lhe deu suas medicações.
- hoje você será libertada,e espero que possa me perdoar por tudo isso.
Diane ainda tinha o corpo dolorido,mas estava mais calma.
- Pelo que? Você não tem culpa,pelo contrário está me ajudando em tudo que pode,e me salvou daquele maldito...
- a querida,se tiver polícia,eles não vão querer saber, vão jogar a velha aqui na cadeia.
Diane estava conseguindo ver melhor desde aquela manhã,mas não falou a ninguém,nem mesmo a enfermeira,sabia que tudo que visse por ali,poderia lhe ajudar,e se pra eles não tivesse enxergando seria mais inofensiva,poderiam vacilar a qualquer momento com a segurança, talvez até teria uma chance de fugir, percebeu que os homens estavam agitados,e isso os deixavam desatentos, porém também mais agressivos,todo cuidado era pouco.
- Freeda fique tranquila, você tem o coração enorme. Siga meu conselho,fuja quando tiver oportunidade.
- Não posso deixar você....tenho...
Nesse momento Diane tateou até encontrar as mãos já velhas,e quentes da mulher.
- não se preocupe comigo,minha filha vai dar um jeito,sei que Deus vai permitir que eu saia daqui bem e minha filha em segurança,sinto isso aqui.
Apontou em seu coração.
- por isso digo,fuja daqui...
A velha enfermeira sabia no fundo,que aquela mulher a frente tinha razão,e mesmo ela estando naquele estado, só queria que ela ficasse bem,sua presença ali era para ajudar,e ela aceitou isso pela grande necessidade que tinha pelo dinheiro,mas naquela altura não fazia mais diferença,o que ela viu Cézar fazer com Diane,foi o limite. Após fazer todos os cuidados com  Diane,lhe abraçou forte,ela tomou sua decisão,disse a um dos capangas que precisava buscar mais medicamentos e ataduras,com a mudança de planos e o sumiço de Cezar os homens estavam perdidos, não sabiam bem o que fazer. Ele a olhou dos pés a cabeça,ela não aparentava riscos, então a deixaram ir sozinha.
- vá rápido,e sem levantar suspeitas.
Ela apenas acentiu com a cabeça e saiu pela porta estreita,seu coração parecia que ia sair pela boca.
No caminho Freeda fez uma pausa,olhou brevemente para trás,pensou em voltar,por Diane,mas isso não ajudaria muito, então decidiu fazer uma ligação para polícia, notificando o sequestro,e dando mais ou menos a localização do local, já que não sabia ao certo onde estava,após isso fez o sinal da Cruz e pegou o primeiro ônibus que viu passar na rua.

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