Capítulo 4 - Ash.

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Às vezes, pensava que podia sentir a presença dela, mesmo antes de vê-la. Era algo pequeno, sutil, como um leve formigamento. Uma espécie de sexto sentido louco que me indicava a sua aproximação. Foi algo adquirido ao longo dos anos, não tinha certeza de quando começou. Mas, toda vez que aquela sensação surgia, eu sabia que ela estava por perto.

E não foi diferente daquela vez.

Receoso, levantei da cama e me aproximei da janela. A claridade irritou meus olhos por um segundo, mas pude ver o Rover se aproximando da entrada da mansão. Quando Meadow desceu do carro, minha pele praticamente queimou. Não gostava dessa sensação. Não gostava de nenhuma sensação que Meadow Rose causava em mim. Tinha medo do que poderiam significar, do que poderiam causar.

Contudo, sempre havia aquele ímã invisível me puxando na direção dela. E quanto mais perto ela estava, mais insistente essa coisa parecia ficar, querendo me arrastar para perto dela. Já perdi essa luta algumas vezes, mas não iria dessa vez.

Gostaria que ela não estivesse ali. Gostaria que Meadow não estivesse em LA, muito menos na Califórnia. Por mim, Meadow poderia se mudar para a China. Mas, algo me dizia que mesmo assim eu sentiria como se ela estivesse bem ali, ao meu lado.

Era como se ela estivesse sob a minha pele.

Afastei-me da janela antes que ela me notasse, não querendo motivos para ter seus olhos em mim mais do que o necessário. Isso, se é que poderia me enxergar. Meadow sempre foi tão brilhante, ofuscante, que eu sempre me preguntei se ela poderia mesmo me ver, se tinha consciência de minha existência.

Às vezes, eu desejava que não. Desejava que não soubesse sobre mim, não me visse, que parasse de sorrir para mim. Era tão difícil assim? Deveria não ser, pois eu era tão escuro e errado, que deveria ser apagado de sua linha de visão.

Uma sombra não era nada, nem visível, muito menos existente, perto dos raios ofuscantes do sol. Do meu sol.

Oh, foda-se, Asher! Ela não é sua! Ela não é o seu sol, sua lua, nem porra alguma!

Sentei na beirada da cama, ascendendo outro baseado. Parecia que aquela merda não estava tendo o seu efeito mais em mim. Precisava me chapar, e rápido. E precisava de um plano, também, para me manter longe de Meadow Rose antes que fosse tarde demais. Antes que eu não conseguisse me segurar e acabasse a machucando.

Pensei se deveria sair dali, ficar em um hotel enquanto Meadow estivesse na mansão. Poderia até ficar na casa de Colt e Andy, mais ao sul do estado, se meu primo não fosse um traíra. Acabaria encontrando com a garota lá.

Cogitei essa ideia, pensando se valeria a pena correr para longe. Ao longo de todos aqueles anos, desde que conheci Nick, era normal ter Meadow por perto. Nicole as vezes era obrigada a carregá-la consigo, quando sua tia tinha que sair e ir trabalhar. Algumas dessas vezes ela até mesmo foi em minha casa. Nick só não a levava junto quando saíamos com o resto do pessoal para ficarmos chapados. Nicole não era tão irresponsável quanto parecia.

Não sei quando as coisas começaram a ficar entranhas entre Meadow e eu. No último ano, talvez? Ah, sim... Desde que Andy apareceu. Antes, eu conseguia ficar ao redor de Meadow facilmente, até brincava com ela. Mesmo conforme ela ia crescendo, e seus olhares em minha direção passaram a ficarem mais intensos e possuindo muito mais do que apenas curiosidade, ainda conseguia ficar perto dela. Mas tudo mudou de repente, e havia essa tensão estranha entre nós que me impedia até mesmo de ficar no mesmo cômodo que ela.

Não que eu não quisesse estar perto dela. Era só ouvir a sua voz, vê-la ao redor da banda, que eu logo queria ir falar com ela.

Esse era o problema. Era isso o que me fazia querer correr para longe enquanto havia tempo. Ficar em um hotel, ir para outra cidade, outro estado. País. Ou quem sabe eu simplesmente deveria ir para os quintos dos infernos, onde eu deveria estar a muito tempo, junto com a minha alma que apodrecia lá.

Liberto - The Tough and Strong 2 (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora