𝗰𝗮𝗻𝘁𝗮𝗱𝗮𝘀, a. gomes

⠀⠀𝘁𝗿𝗶𝗴𝗲́𝘀𝗶𝗺𝗼 𝘁𝗲𝗿𝗰𝗲𝗶𝗿𝗼

Constança olhava o telemóvel. A sua vontade era mandar mensagem ao guarda redes, porém decidiu não o fazer. Apesar de não saber o motivo da reação repentina de André, a jovem não queria, de todo, parecer desesperada, ou, até mesmo chata e, por essa razão, decidiu evitar ter algum contacto com o atleta.

Após repousar o telemóvel em cima do sofá, levantou-se e encaminhou-se à cozinha com a finalidade de preparar um pequeno lanche antes de recomeçar a sua tarde de estudos. A estudante encontrava-se na semana de exames, ou seja, teria que dar o litro para ser bem sucedida. A sua mente ainda navegava em mil motivos para a mudança de André. Será que ela disse algo que ele não gostou? Será que ele a acha chata e sem interesse? Ou será que encontrou outra pessoa melhor e é por isso que não está a dar-lhe atenção como antes.

A verdade é que não sabia o que pode ter motivado, visto que na última saída as coisas pareciam estar bem. Quer dizer, Concha achava isso, mas será que estavam mesmo, ou era tudo fruto da sua cabeça? Ela queria acreditar que era tudo invenção e que, em breve, Gomes ia dar-lhe uma explicação para aquilo. Soltando um leve suspiro, a morena terminou de confeccionar a comida, voltou a entrar na sala, pousou o tabuleiro na mesinha central e, no momento, em que iria voltar a sentar-se o som da campainha é ouvido.
Em passos, talvez, apressados, Constança abriu a porta na esperança de ver o amado do outro lado, mas, na verdade, deparou-se com as suas duas fiéis amigas. Apesar de não querer dar a entender que não estava contente com a chegada delas, a futura psicóloga resmungou para si antes de dar espaço para as visitas entrarem.

— Já vi pessoas mais felizes que tu. — Eva comenta assim que as três entram na sala. — Aconteceu algo para estares com essa cara de cão?

— Não aconteceu nada, Eva. Nunca acontece nada de interessante na minha vida. — Concha diz, talvez mais rude que o habitual, e sentou-se no sofá.

— Bem, o teu humor está excelente. Foi o André? Ele fez alguma coisa que te deixou aborrecida? — Matti, ou Matilde, questiona a sua longa amizade. — Sabes que estamos aqui para ti e se precisares de desabafar é o momento certo.

Concha assentiu com as palavras de Matilde. Ela sabia que as suas amigas estariam sempre lá para a ajudar, tal como ela faria o mesmo por elas. Mais um suspiro escapou pelos lábios da prima de Fábio Vieira. 

— Acho que o André está chateado comigo, mas eu não sei o porquê.

— Como assim chateado? — Eva questiona confusa. — Há motivos para isso ter acontecido? Foi  o Fábio que lhe disse algo que o deixou assim? Será que foi algum jogo? Ou, então, deve ter outra e não sabe como to dizer.

— Isso Eva continua assim que vais bem. — Matilde ironiza revirando os olhos com as palavras de Eva. — Ignorando as últimas palavras da Eva, achas que isso aconteceu porquê? Foi algo repentino, ou aconteceu gradualmente?

— A questão é mesmo essa. Eu não sei o que aconteceu porque não lhe perguntei visto que ele não me responde às mensagens desde ontem. Quer dizer, talvez ele esteja cansado do calendário e tudo mais, mas acho que merecia uma resposta. 

— Se calhar, está ocupado com os treinos e isso acaba por o deixar sem vontade para nada. Vais ver que ele ainda te vai dizer alguma coisa. O André não é esse tipo de rapaz que larga alguém só porque sim. — Matti diz, repousando a sua mão em cima da perna da amiga e começou a afagar a coxa da mesma. — Quando menos esperares, ele vai estar a mandar-te vinte mensagens por dia.

— Ou, então, está só aborrecido por causa da lesão no ombro. — Eva diz às amigas sem tirar os olhos do telemóvel.

— Lesão? — Constança e Matilde questionam, em coro, confusas.

— Ahm... ele não te contou? — Após Concha negar, Eva continua a falar. — Bem, pelo que parece no jogo contra o Farense, o André acabou por se lesionar no ombro e, segundo o António, é algo duradouro e que o vai tirar do resto da época que falta e, talvez, do começo da próxima.

— Ele não me disse nada. Aliás, ele disse-me que não tinha sido nada demais e que depressa estaria de volta ao relvado. — Constança profere e volta a resmungar ao perceber que o guarda redes lhe tinha mentido. — Ele mentiu-me.

— Ele não deve ter feito por mal, Concha. Apenas que ele é mesmo assim, entendes? Prefere ficar calado e sofrer sozinho do que preocupar os outros. — Matilde diz à amiga que, sem dúvida, sentia-se um bocado traída pela cara metade não lhe ter contado a verdade sobre a lesão.

— Concordo com a Matilde. O André pode querer evitar preocupar-te em demasia, principalmente, na época em que estamos na Faculdade. Talvez ele ache que precises de focar-te nos estudos e não na sua lesão. Porém, podes sempre questionar-lhe sobre o assunto e veres o que acontece. — A colega de curso de Constança argumenta. — Aliás, vai ficar tudo bem, Conchita. 

A estudante de Psicologia assente com as palavras ditas pelas amigas e respira fundo. Ela sabia que isso era algo que o André poderia fazer. Ela sabia que ele é do tipo de pessoa que prefere guardar tudo a divulgar às pessoas, mas isso não a fazia deixá-lo de amar e apesar de ter sabido, por terceiros, a gravidade da lesão do futuro, quem sabe, namorado nunca o irá deixar sozinho, mesmo que tenha que mostrar isso ao longe.

parece que o André anda a preocupar a Constança.
mas será que as coisas vão acabar por se resolver, ou vai o casal seguir caminhos opostos?

ainda faltam cinco capítulos, mas já estou com saudades da Concha e do André! será que sou a única?

espero que gostem!

até à próxima,
patri