Cap. 01

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O clima estava um pouco mais quente que o normal, era uma sexta feira e Ohana suava enquanto puxava sua última mala até o segundo andar, parando em frente a porta de seu novo apartamento.

Foram quatro lances de escada carregando os pesos de suas malas e bolsas e ela já estava arrependida por não ter escolhido morar no térreo. Subir as escadas todo dia seria um exercício que ela com certeza não estava acostumada a fazer.

Mas, nem mesmo isso desanimaria ela.

Estava com uma sensação de liberdade e independência revigorante. Finalmente tinha saído da cidade onde se sentia presa e vindo pra nada menos que Nova York. Local esse que ela passou a adolescência toda sonhando em morar.

Aqui ela estudaria e abriria a sua própria floricultura. Sempre foi apaixonada por flores e plantas, desde ainda muito pequena brincava que era dona da loja de flores, vendendo qualquer flor ou planta que achava no quintal de casa para toda sua família.

Finalmente chegou a hora do sonho acontecer. Nova cidade, nova vida, novas oportunidades e quem sabe até novos amores.

Sorriu com o pensamento.

Fechou a porta e olhou ao redor. O apartamento era definitivamente minúsculo. Com apenas uma sala, um banheiro, uma cozinha e uma mini varanda onde cabiam duas pessoas em pé. O sofá-cama cinza ficava no meio da sala em frente a uma tv pequena que estava em cima de uma cômoda branca, vulgo seu guarda roupa.

A porta do banheiro ficava perto da varanda e a cozinha ao lado da sala, no lado oposto a varanda. Em qualquer lugar que você estivesse, com exceção do banheiro, você conseguiria enxergar toda a casa.

Na cozinha tinha – além do básico de qualquer cozinha – uma mesa redonda ao meio dela com quatro cadeiras e ao lado do fogão, ficavam três bancadas. Uma vazia, uma com a pia e a outra com um micro-ondas. A geladeira e o fogão nas pontas.

E estava perfeito para Ohana. Ela realmente não precisava de nada maior.

Apesar da sua antiga casa em Frankenmuth, Michigan parecer mais uma mansão do que uma casa, ela considerava boa pelo fato de sempre ter muitas pessoas lá, mas nunca deu valor realmente a um local amplo demais para morar.

E agora que ela moraria sozinha, não poderia se importar menos com o espaço.

A verdade é que estava muito feliz, porque de alguma forma locais pequenos a traziam sensação de conforto. Não saberia dizer se é estranha por achar isso, mas era como se sentia.

Aproximou-se da varanda e respirou fundo sentindo os novos ares. O calor ainda a incomodava, mas ela imaginava que a causa maior não era do verão em que a cidade se encontrava, e sim do cansaço que ainda sentia.

Se apressou em tomar banho. Arrumaria as malas mais tarde.

Enquanto sentia a água gelada cair sobre seu corpo, pensava no que faria do dia. Sabia que teria que ir atrás de um trabalho, já que não tinha o dinheiro suficiente pra se matricular no curso de design floral.

Não era um curso caro, mas já que ela havia trago apenas dinheiro para se sustentar por alguns meses, sabia que tinha que correr pra conseguir o resto. Teria que arranjar algum emprego que pagasse o curso, as contas e comida. O da floricultura Alex tinha dito que emprestaria assim que ela terminasse a formação necessária.

E sim, ela poderia ter feito isso na cidadezinha em que sempre viveu, mas essa não era a vontade dela. Não aguentava mais viver naquele pequeno interior, com as mesmas pessoas, fazendo a mesma coisa de sempre e sem ter ambições na vida.

Porque essa era a realidade da sua cidade. Parecia que as pessoas não tinham um mínimo de ambição, sonhos ou desejos além daquele local – considerado por ela – parado. Mas, Ohana não era assim. Ela tinha o sonho de fazer a vida dela conforme queria. Seguir seus sonhos, ir atrás dos seus desejos e viver.

Inexplicável - Ohanitta -Onde histórias criam vida. Descubra agora