Capítulo 11

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🧸| Ah triste passado... uma coisa que nem borracha apaga...

Anos atrás
...
Residência da família Yuto

✨ Cassandra Yuto ✨

Não acredito que fiz isso. Eu estudei muito para o exame da ordem que esqueci de estudar para a prova final.
As respostas sumiram da minha mente, deu um branco.

— Vou perguntar mais uma vez Cassandra... — ela levanta o boletim em suas mãos com as notas em vermelho — oque é isso aqui? Que porra é essa? — mamãe não poupava palavrões.

— M-meu boletim. Meu boletim mãe. — ergo um pouco a cabeça para encara-la.

Ela desfere outra cintada, dessa vez em minha bochecha.

— EU VOU FAZER SUA PELE FICAR DESSA COR CASSANDRA!— ela grita irritada balançando o boletim em papel nas mãos.

Ela me agarra pelos cabelos e os puxa para baixo, me fazendo ficar curvada. Mamãe desfere cintadas repetidamente em minhas costas, tudo me fazia gritar de dor.

— CALA A BOCA — ela desce a mão até meu queixo e o levanta — é por causa daquela menina não é? Ela não estuda, não quer fazer faculdade, e toda sexta-feira pula a janela, ela que te influenciou não foi? Você não vai poder fazer o exame da ordem por conta dessa vadia!

Nego balançando a cabeça, minha boca estava tão cortada que doía só de mexer. Ela bate com o cinto minha nuca. A área atingida pelo couro arde, como se tivesse rasgado um pedaço da minha pele.

...

Com um só chute, Papai consegue arrombar a porta de madeira do quarto, ouço apenas a porta cair no chão.

— Devíamos ter sido mais rígidos, erramos com você — papai com sua voz grossa diz seriamente.

— isso mesmo — mamãe concorda, olhando para meu pai — A partir de agora, privacidade apenas no banheiro. — ela segurava meu celular em uma mão e o cinto na outra.

Papai segurava a vara que usou para ajudar mamãe na minha punição, e na outra uma câmera.

Regras em primeiro lugar, eu sabia disso, Mas perdi a linha, errei.

Conhecer pessoas de verdade, pensar não apenas na minha rotina ou em números. Quando eu estava na beira do penhasco construído pelos meus pais, Megan Alex e Melanie me levantaram.

Mas infelizmente, fui reanimada e voltei para a minha triste realidade. A realidade em que eu nasci e fui criada.

Eu sabia das punições, mas criei a ilusão de que no final, teria um feliz para sempre. Mas no final, envés de um arco-íris e um barril de ouro, teve chuva de granizo e um caldeirão de ácido.

Encaro as cicatrizes em meu pulso dos meus antigos cortes, eu poderia estar enterrada em minha cova, mas a gaveta de facas foi trancada por um grande cadeado depois que meus pais viram isso.

Eu queria morrer de forma indolor, inalar gazes enquanto durmo, tropeçar e quebrar o pescoço. Nem isso posso mais. Não posso, principalmente agora que tenho amigos, pessoas que me fazem sorrir.

...

🌙

"Me bateram, muito Mel. As minhas notas estavam tão vermelhas quanto sangue. Eu estava me preparando tanto para aquela prova que esqueci que ainda tinha o teste final do ano escolar.

Agora, estou no banheiro escrevendo essa carta. Aqui foi o único lugar que não puseram câmeras, nunca pensei que um dia, te enviaria uma carta pela pequena janelinha do banheiro.

Amanhã de manhã irei para a aula recuperação, não poderei te enviar uma carta, não vou ter tempo de escrever. Mudaram o horário para aumentar meus estudos e leituras, vou estudar o triplo pelo menos até acabar o ano e verem se passo ou não.

Melanie, te amo demais. Estou tentando aguentar isso por você, mas não sei se consigo, é sufocante.

Por favor Melanie, me prometa que se um dia, quiser se matar, quiser escapar ou algo do tipo, me levará contigo. Quero por um fim, um ponto final a essa história. Por favor, quero ser acordada desse pesadelo e descobrir que ainda estou no útero de minha mãe.

Com carinho, sua melhor amiga e irmã: Cassandra Yuto."

Melanie me encara de longe, uma mistura de raiva e tristeza.

De madrugada, enviei um aviãozinho de papel pela pequena janelinha do banheiro para Melanie, já que ela vira a noite.

Pela janelinha, dava apenas para ver meu rosto. Meu rosto estava com as marcas de cinto, meus olhos inundados por lágrimas, minha boca completamente rasgada, e meu cabelo bagunçados pelos puxões.

Com uma caneta, Melanie escreve em letras grandes para eu conseguir ver pela distância.

"VAMOS ROUBAR A CHAVE E ESCAPAR DESSA GAIOLA"







Rainha dos pecadoresOnde histórias criam vida. Descubra agora