CAPÍTULO 16

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Algo mudou para mim naquele dia, algo que eu percebi que foi mudando por um tempo. Era como se o sentimento que eu tive quando criança, quando eu tinha tirado meus patins depois de algumas horas de patinação e meus pés se sentiram anormalmente leves e esvoaçantes. Ou talvez como a sensação quando eu acampei com meu pai e Oliver, e finalmente despejamos nossa tralha no chão depois de várias horas de caminhada, e eu me senti tão leve que eu poderia jurar que eu estava pairando algumas polegadas acima do solo.

Eu não tinha um nome para isso, mas era leveza e elevação, e isso tinha algo a ver Song. Algo a ver com o compartilhamento de sua morte e suas consequências com Mon, algo com palavras sussurradas de Mon, é Song a razão que você está com medo de deixar ir comigo?

Percebi agora, quando eu embalava o rosário de Song na minha mão, que Song era a razão para um monte de coisas. Ela era a razão para tudo. Sua morte era um peso que eu carregava comigo sempre, um erro que eu tinha que vingar. Mas o que se eu podia mudar com isso? E se eu pudesse trocar a vingança por amor? Isso foi o que os cristãos foram chamados para fazer, escolher o amor acima de tudo.

Amor. A palavra era uma bomba. Uma bomba que explodiu dentro do meu peito.

Naquela noite, eu mandei uma mensagem para Mon. Você está acordada?

Uma resposta. Sim.

Minha resposta foi imediata. Posso chegar aí? Eu tenho um presente para você.

Bem, eu ia dizer não, mas agora que eu sei que há um presente... venha logo ;)

Eu fiz o meu caminho de forma cuidadosa em frente ao parque, vestindo uma camiseta e jeans escuro. Já era tarde e o parque estava em um descanso natural, protegido do ponto de vista, mas eu ainda me sentia nervosa quanto eu caminhava em passos rápidos para o caminho, cortando a grama cheia de espinhos para chegar ao portão de Mon. Entrei, estremecendo a cada rangido da tranca enferrujada, e, em seguida, caminhei até a porta, bati uma vez com minha junta no vidro.

Ela abriu a porta e seu rosto se iluminou com o mais belo sorriso que eu já vi

- Uau, – disse ela. – Você está aqui. Como uma pessoa real.

- Você duvida de que eu era real antes?

Ela balançou a cabeça, ficando de lado para que eu pudesse entrar e, em seguida, fechando a porta atrás de mim. – Eu nunca namorei alguém que eu não podia realmente me encontrar. Eu tinha meio que me convencido de que você só existia dentro das paredes da igreja.

- Namorar? – minha voz saiu muito ansiosa, muito animada. Limpei a garganta. – Quero dizer, nós estamos namorando?

- Eu não sei o que você chama isso quando você fode a bunda de alguém dessa maneira, pastora Samanun, mas é o que eu chamo.

Um medo súbito caiu no meu estômago, e eu pisei em direção à ela, lhe agarrando a mão e a puxando para mim, para que eu pudesse olhar em seus olhos. – Você está ferida? – perguntei, preocupada.

Ela sorriu para mim. – Somente das melhores maneiras. – ela se levantou para beijar a minha mandíbula e, em seguida, foi para a cozinha. - Gostaria de uma bebida? Me deixe adivinhar... um uísque? Não um Martini de romã.

- Hã. Uísque – irlandês ou escocês, eu não me importo. Mas limpo.

Ela fez um gesto em direção à sala de estar e eu segui, tendo a oportunidade de olhar em torno de sua casa. Em especial as caixas e latas de tinta que estavam espalhadas, e apesar do mobiliário atraente e de bom gosto com fotos e pinturas contra a parede, ficou bastante claro que Mon não tinha muito interesse nas artes domésticas.

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