Lose Control

Luna

Praticamente metade do dia já tinha passado e eu estava entediada. Aproveitei o tempo de ontem para estudar sobre a nova encomenda que eu tinha para o final de semana - não que o cliente havia dado prazo, mas eu gosto de me organizar dessa forma -, e Junior já havia me enviado tudo que havia descoberto sobre o alvo. O cara que entrou em contato com ele para o serviço se identificou como Michel, o que eu tenho quase certeza que era um nome falso, disse que o alvo se chamava Eduardo Santoro e nos enviou uma foto para facilitar a identificação do cara.
Junior não havia achado quase nada sobre esse Eduardo, apenas que era solteiro, não tinha filhos e nem bens registrados no nome dele, a ficha do cara era limpa na policia - tirando uma confusão em um bar há anos atrás, mas foi resolvida no local. Eduardo trabalhava como analista de dados na Evolut Corp e nunca teve problemas com a empresa. Basicamente o cara tinha uma vida comum, o que despertou o meu interesse em saber o motivo de um cara da Máfia querer a sua cabeça em uma bandeja. Junior e eu passamos mais da metade da noite procurando mais informações sobre o cara, mas o máximo que encontramos foi que o cara havia pedido férias antecipadas na empresa e sumiu. Isso já faz 1 semana e ninguém tem noticias do cara, cheguei a procurar se o cara tinha amigos e se algum tinha noticias, mas o cara era reservado e isolado da sociedade, que inferno. A única coisa que eu sabia, com certeza, é que esse cara não voltaria das férias. 
Estava sendo bem frustrante e eu já havia pedido pra Junior hackear as câmeras de segurança que fazem trajeto a partir da empresa que ele trabalhava enquanto eu olhava as de perto da casa dele. Estava quase desistindo quando vi que em determinado ponto, Eduardo entrou em uma dessas lojas que alugam carros com uma pequena mochila nas costas, e saiu sentido leste da cidade. Mandei a placa para Junior rastrear por onde passava e bingo, tínhamos a rota e o local para onde Eduardo tinha ido. Verificamos mais vezes para garantir e havia uma reserva de uma cabana do outro lado da cidade mas, como prevíamos, ele não seria tão idiota de fazer uma reserva em seu nome. A reserva havia sido feita em nome de Augusto Galli, o que não me levou a nada já que era o nome de uma pessoa dada como morta há uns 5 anos. Parecia que estávamos andando em círculos enquanto tentávamos achar um fantasma, já que o cara conseguiu sumir no mundo e sem deixar rastros. 
Então, simplesmente decidimos que iríamos dormir e hoje lidaríamos com isso após a chatice que seria a palestra com o CEO da Evolut Corp. O lado bom é que graças a essa palestra eu não teria aula e consequentemente não teria que aguentar o mal humor do professor Benício, o cara conseguia ser um porre em um dia normal da vida dele, mas quando estava estressado simplesmente conseguia ser a pior pessoa do mundo para nós. Em um desses dias, ele fez a gente decorar as principais normas tributárias e sua aplicação só por estar em um mau dia.
Olho para o relógio novamente e vejo que já até passou da hora de eu ir, merda. Fiquei tão absorta em meus pensamentos que não reparei na hora. 

– Olha só, ta querendo virar a funcionária do ano garota? Gostaria de saber quem é que permitiu você sair depois do horário, não sabe que hora extra é proibido? – Mal tive tempo de ir juntar minhas coisas e vazar e a Renata já veio encher o saco, que ótimo.

– Oi Renata, não vi que já havia passado da hora, só estava verificando se estava tudo tranquilo antes de ir, mas fica tranquila que eu já estou saindo. – Ouço um estalar de língua de Renata e seu olhar de ódio já direcionado a mim. Cara, ela ficou o dia inteiro sem me atormentar, não poderia dar uma folga só hoje?

– Quem me garante que você não ficou até depois para levar um extra pra casa? Será que se eu pedir para o segurança olhar os seus bolsos, não vou encontrar algum dinheiro do caixa? Você nunca fica até depois e deve ser uma pobretona, tenho todos os motivos pra desconfiar. – Ah eu definitivamente mataria ela, eu poderia comprar essa lojinha de merda e ainda me sobraria dinheiro pra comprar até a porra dessa cidade se eu quisesse. Tenho que contar até mil para absorver a informação de que ela está me acusando de roubo e não matar ela ali mesmo.