Luna

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O som do telefone tocando insistentemente me desperta, espero que alguém tenha morrido para estarem me acordando dessa forma, estou tão de mal humor que penso em deixar o telefone tocando e ir dormir novamente. Pô é sábado e, apesar de ter tido paz com Renata estando longe, a minha semana foi extremamente cansativa, passei a sexta inteira após o trabalho estudando e me esquivando das perguntas de Milena sobre meu suposto caso. Bom, pelo menos assim vai ser mais fácil de explicar quando eu aparecer com Felipe, isso se meu plano der certo. O toque para e eu enfio minha cara no travesseiro, mal tenho tempo de pegar no sono novamente quando logo volta o toque do meu celular e eu atendo irritada.

Aleluia! Esqueceu que tem família? – o som da voz da minha mãe soa irritado do outro lado dissipando minha irritação, merda! Que dia era hoje?

– Bom dia pra você também mãe –  respondo com uma voz cansada, levantando e parando para olhar a data pelo notebook ligado e... caralho! Com tanta coisa acontecendo, acabei esquecendo que hoje teria um encontro da minha família. Pra resumir a história, todo ano meus parentes alugavam um sitio e reunia todo mundo para se ver, num geral o encontro é sempre em outubro por conta do calor, mas meus avós sempre inventam de fazer um "esquenta" em maio. A família da minha mãe não se da tão bem com a família do meu pai, principalmente por praticamente metade deles morarem no México e quase não terem contato, o que dificultou mais ainda eles criarem laços. Meu avô paterno me disse que houve uma briga enorme com os pais da minha mãe pois, quando meus pais se casaram, eles tiveram que se mudar para o México por um tempo e meus avós maternos enlouqueceram nesse meio tempo. Ele não me contou muitos detalhes, mas a família da minha mãe ficou bastante irritada por conta disso e culpou meus avós paternos na época por forçarem minha mãe a ir para lá, mamãe não aguentava o clima ruim entre as duas famílias depois de ter voltado, então logo depois do meu nascimento os meus avós paternos conversaram com meus avós maternos e decidiram criar esse evento anual para apaziguar as coisas, já que não aguentavam mais o clima ruim que estava. 

Oh filha, me desculpa! Eu estava tão empolgada para te ver que fiquei desesperada quando você não me respondeu, achei até que tinha desistido de ir com a gente, a Lara me disse que você provavelmente tinha perdido o horário já que vive atrasada e, sinceramente, você tem um sério problema com pontualidade, mas ai você não respondia e depois não atendia e eu comecei a achar que talv....

– MÃE, RESPIRA! –  interrompo ela quase rindo do seu desespero – Só tava muito cansada ontem e esqueci de ligar o despertador, foi uma semana muito corrida e eu capotei quando cheguei da faculdade ontem – não é bem uma mentira, mas se eu contar que esqueci que era hoje o evento, a dona Marta vai ficar mais meia hora fazendo drama.

Tudo bem, está perdoada, só que as vezes eu esqueço que você não é mais o meu bebê e fico preocupada – solto um suspiro e me levanto correndo para separar minhas roupas – Preciso saber, quer que a gente passe ai e te busque ou a gente te espera aqui para irmos juntos? 

– Eu ia direto dessa vez mãe, ia chamar um uber e encontrar vocês no sitio – conecto o fone no telefone para facilitar, eu realmente tinha me programado para ir de uber pra poder ir lendo um pouco no caminho, o sitio fica a 1h30 de carro daqui e se meus pais fossem me buscar, ia ficar mais longe para eles irem.

De jeito nenhum que eu vou deixar um desconhecido aleatório te levar pro meio do nada Luna! MEU BEM, ACELERA COM O NANI POIS VAMOS BUSCAR A LUNA NA CASA DELA– minha mãe grita com meu pai do outro lado da linha e dou risada, eu devia ter esperado por isso. 

– A senhora sabe que eu já sou adulta, certo? – seguro outra risada quando ouço o que parece um bufar, se conheço bem minha mãe, ela deve estar revirando os olhos nesse momento.

Lose ControlOnde histórias criam vida. Descubra agora