Lose Control

Luna

O final de semana passou mais rápido do que eu queria, fizemos fogueira na noite de sábado e colocamos o papo em dia, eu nem sabia quanta falta eu sentia desses momentos. Me lembro de quando era mais nova, quando meus avós maternos ainda eram vivos, que esses momentos de paz eram raros e, por conta das discussões, íamos com frequência para Irapuato para visitar a família do papai. Na época eu achava que eram passeios rotineiros, então acabei convivendo boa parte da minha infância com a família do meu pai, me lembro dos meus tios levando eu e Lara para o zoológico sempre que podiam, o que era quase sempre já que meus avós e tios fechavam a oficina só para dar atenção para nós. Vovô me dizia que a família vem sempre em primeiro lugar e, como nós não convivíamos muito, era dever deles parar tudo só pra ficarem com a gente. Naquela época Lara ainda morava no México com meus tios e, só quando completou 7 anos, eles decidiram mudar para o Brasil para mais perto da gente. Aparentemente a família inteira sabia mexer com mecânica e tinham um negócio assim lá em Irapuato, então meu pai decidiu manter a tradição e abriu uma aqui em São Paulo, como o negócio acabou crescendo rápido, meu tio resolveu se mudar para ajudar - o que eu vou ser eternamente grata já que se não fosse por isso, eu e Lara não teríamos crescido juntas.
Passamos o resto do domingo lembrando dos passeios e coisas que fazíamos juntos e pude jurar que meu avô estava escondendo algo, em determinado momento ele levantou da sala e foi atender o telefone, já murmurando algo em espanhol. Vó Mag xingou ele quase que na mesma hora por falar assim na frente das crianças e ele logo se desculpou, aparentemente meu tio Tadeu - que não conseguiu vir pra cá -, estava tendo problemas na oficina com o transporte de alguns materiais para a reforma da nova oficina que eles iriam inaugurar, mas não contou para meus avós para não preocupá-los, o que deixou meu vô bem bravo.
Tive que me despedir dos meus avós prometendo para eles que iria visitá-los com mais frequência, minha tia iria passar mais alguns dias no Brasil, então me fez prometer que ia no próximo fim de semana para a casa dos meus pais para que nós pudéssemos comprar coisas e ficarmos juntas mais um pouco. Lara ia ficar e voltar com seus pais a noite, meu coração doía com o fato de que eu queria convidar ela para ficar na minha casa, mas Bryaxis ainda tinha mais um serviço a ser feito antes de realmente sair de férias, então tive que me conter com apenas um abraço nela e nos meus tios.
Meus pais passaram o resto do caminho em silencio e, somente quando Giovanni pegou no sono deitado no meu colo, eles começaram a falar.

– Mi cielo.... – meu pai começa, estamos há 15 minutos da minha casa e, apesar de meu pai tentar ser firme, sinto sua voz vacilar.

– Pai... Olha eu....

– Não hija, não vou te dar bronca... Seu pai sente muito sua falta, mas eu entendo. Eu to ficando um velho carente, sua mãe fala isso toda hora. Eu só queria dizer que estou orgulhoso de você e de todo o esforço que você faz, eu me sinto honrado de ver que a minha garotinha cresceu e se ta se cuidando bem. – Meu pai faz uma pausa e eu sinto meus olhos marejarem, droga, por quê isso parece uma despedida? – Só queria te dizer que você ta se tornando meu maior orgulho, não vejo a hora de você se formar e eu te ter por perto novamente. Meu sonho era ver você tomando as rédeas da oficina, mas você merece mais que isso.

– O que seu pai ta querendo dizer e não está conseguido – minha mãe interrompe com a voz firme e encarando meu pai de forma irritada – é que, sentimos sua falta, mas sentimos mais orgulho ainda quando vemos as suas conquistas. Queríamos estar mais perto, mas a gente entende que tudo vai valer a pena no final, filha.

– Vocês estão escondendo algo não estão? Começaram com um papo melancólico antes mesmo de eu chegar e até esperaram o Nani dormir. Vocês estão doentes não estão? Eu falei pra vocês fazerem mais exames preventivos, até mesmo falei que iria com vocês pro médico e pediria folga mas vocês insistiam que n....