My Sweetie Pinetree

24 - Morte

- MERDA - Bill grita socando as paredes da cela - EU VOU CORTAR A PELE DE VOCÊS E VIRAR SEUS ÓRGÃOS AO CONTRÁRIO, E EU VOU GARANTIR QUE VOCÊS NÃO MORRAM!

É isso, acabou, eu estou no chão de uma cela, abraçando os joelhos, o Bill na cela da frente, insultando até os tataranetos daqueles que nos prenderam, a ficha finalmente cai.

Nós vamos morrer aqui, eles vão matar a gente, é assim que as guerras funcionam, eles só estão aguardando para nos matarem da maneira mais dolorosa possível. Eu vou morrer.

Meu peito aperta e o ar fica escasso, minhas pernas inquietas e as paredes apertando fazem com que eu me desespere ainda mais, eu não consigo mais respirar.

Meu corpo começa a coçar, eu cravo as unhas nos meus braços, nada perto de mim pode ajudar a cessar essa agonia, substituir por dor, eu não tenho nada no que me apoiar, meu final vai ser assim, eu não vou poder terminar a faculdade, vou morrer no auge da minha vida, eu queria tanto ter comprado um apartamento com 2 gatinhos.

- PINETREE - Bill grita e eu olho para ele - Eu não sei o que você tá pensando por causa daquela merda de acordo, mas presta atenção, eu não vou deixar a gente morrer aqui, eu não vou te deixar morrer aqui, você vai voltar pra sua família e vai poder viver a sua história de amor com o Theo, eu prometo.

Minha história de amor, quando a adolescência bate na porta e as decepções amorosas também, você deixa de acreditar no amor. Quando tudo que você gosta não parece mais divertido, quando nem mesmo a sua irmã consegue te animar, no que você pode se agarrar? A esperança de viver fica escassa.

Se você não sente que vale a pena viver, então você não liga mais pro amor, por algumas semanas eu achei que minha vida fosse útil de alguma forma, mesmo que fosse para servir, eu tinha um motivo, alguém poderia me amar de verdade e eu poderia amá-lo de volta.

Mas agora, sozinho em uma cela, em uma dimensão desconhecida, eu não tenho mais valor, aqui eu não tenho valor, então, eu não tenho motivo para me agarrar a vida, eu não tenho motivo para amar e permitir me amarem.

Eu pelo menos fico aliviado de saber que o Theo foi salvo, ele vai poder viver, conhecer um novo demônio, elfo, quem sabe, qualquer pessoa que tenha um tempo de vida útil parecida com a dele, alguém que não seja frágil e burro o suficiente para invadir a base inimiga sozinho.

- Pinetree, olha pra mim - Bill chama, eu olho, pela sua imagem turva eu percebo lágrimas silenciosas escorrendo pelos meus olhos - Pinetree, você precisar acreditar em mim, você vai ficar bem.

- Nós dois sabemos que você não acredita nisso - Eu volto a olhar para os meus pés.

- Pinetree, me perdoa, eu... - A voz dele está fraca, como se ele estivesse se segurando para não chorar.

- Okay, chega de melancolia, já acabou o drama - O Tenente chega e entra na cela do Bill - Eu quero saber onde da dimensão 929 está a base militar de vocês.

- Vai toma no cu - Bill diz irritado - Você é burro se acha que eu vou falar.

- Não tem problema, nós dois sabemos como as coisas funcionam - Ele pega uma faca - Sem poderes você é tão frágil quanto um humano, Cipher, vamos ver quanto tempo você aguenta.

- Eu posso aguentar por toda a eternidade - Bill diz ríspido - Vamos ficar aqui até um dos dois morrer de velhice.

- Nós vamos quebrar a mente daquele humano antes, acha mesmo que ele vai aguentar ver você sendo torturado? - O Tenente enfia a faca na perna do Bill.

Bill grita, eu quase consigo sentir a dor dele fisicamente, fecho os olhos pra não ter que ver, mas ouvindo os gritos de Bill eu consigo visualizar tudo em minha mente.