Capítulo XLIV

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Milorde e Milady

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Milorde e Milady


– POR FAVOR, madame mãe, a senhora poderia me emprestar minha esposa por meia hora? A bagagem acabou de chegar, e estou no meio da barafunda das preciosidades que Amy trouxe de Paris, tentando encontrar algumas coisas de que preciso – pediu-lhe Laurie, ao chegar no dia seguinte e encontrar a sra. Laurence sentada no colo da mãe, como se tivesse se transformado no “bebê” novamente.

– Claro! Vá, querida, esqueci que você tem outro lar além deste – e a sra. March apertou a mão branca que usava a aliança, como se pedisse perdão por sua cobiça materna.

– Não teria vindo se pudesse evitar, mas sem minha mulherzinha fico como…

– O cata-vento sem o vento – sugeriu Jo, quando ele interrompeu a fala em busca de um símile. Jo voltara à velha forma atrevida, desde que Teddy retornara.

– Exatamente; pois Amy me mantém apontando para o oeste a maior parte do tempo, com apenas uma ou outra sopradinha para o sul, e não tenho passado um instante no leste desde que me casei. Nada sei sobre o norte, mas sou completamente saudável e agradável… não, milady?

– O clima é bom até agora. Não sei quanto tempo vai durar, mas não tenho medo de tempestades, pois estou aprendendo a navegar. Vamos para casa, querido, e encontrarei sua calçadeira. Deve ser por causa dela que está fuçando minhas coisas. Os homens são tão indefesos, mãe – comentou Amy, com um ar matronal que encantou o marido.

– O que vocês vão fazer depois de se estabelecerem? – perguntou Jo, abotoando a capa de Amy como fazia com seus aventais.

– Temos nossos planos; não queremos falar muito sobre eles, porque tudo ainda é muito novo, mas não pretendemos ficar ociosos. Vou adentrar o mundo dos negócios com uma devoção que encantará meu avô, e provar a ele que não sou mimado. Preciso de algo do tipo para me manter firme. Estou cansado de perder tempo; vou trabalhar como um homem.

– E Amy, o que ela vai fazer? – perguntou a sra. March, satisfeita com a decisão de Laurie e com a energia com que falava.

– Depois de fazer a ronda e exibir nossa melhor touca, benéfica que vamos exercer sobre o mundo como um todo. É isso, não, madame Récamier? – perguntou Laurie, com um olhar intrigante para Amy.

– O tempo vai dizer. Vamos, Impertinência, e não assuste minha família me chamando por apelidos na frente deles – respondeu Amy, decidindo que deveria haver uma casa com uma boa esposa antes de estabelecer um salon como rainha da sociedade.

– Como essas crianças parecem felizes juntas! – observou o sr. March, achando difícil mergulhar em seu Aristóteles depois que o jovem casal se foi.

– Sim, e acho que vai durar – acrescentou a sra. March, com a expressão tranquila de um piloto que trouxesse um navio com segurança ao porto.

– Eu sei que vai. Que bom para Amy! – e Jo suspirou, então sorriu luminosamente quando o professor Bhaer abriu o portão com um empurrão impaciente.

Little Women - Louisa May Alcott (1868)Onde histórias criam vida. Descubra agora