Passado: Parte 1

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Ela parou diante da entrada, seus olhos azuis se fixando nas paredes queimadas e nas janelas quebradas, vestígios do incêndio trágico que ocorreu no seu aniversário de 11 anos. Foi ali que perdeu seus queridos tios, que tanto a amavam. A dor da perda ainda reverberava em seu coração, como se o tempo não tivesse cicatrizado completamente essa ferida

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Há um tempo atrás, tudo ao meu redor era perfeito, mesmo que existissem coisas imperfeitas, ainda assim era perfeito. Mas a partir daquele dia, meu mundo perfeito foi destruído diante dos meus olhos.

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 ~~7 anos atrás~~

— Só apareça amanhã, isso é tudo que eu quero - Gilbert levantou-se e colocou seu cachecol ao redor do pescoço de Elizabeth. - Eu preciso ir, vejo você amanhã - o rapaz saiu sem dizer muitas palavras, mas com apenas esse gestou fez algo dentro daquela menina florescer.

BADUM

BADUM

BADUM

Ela segurava com carinho aquele cachecol e aos poucos suas bochechas grandes ficavam vermelhas.

Depois de um tempo segurando fortemente seus sentimentos, Elizabeth estava indo em direção a mansão Alves, empolgada e feliz imaginando o dia de amanhã. Como sua mente era bastante distraída,  ela ficou admirando cada flor, cada folha e cada maravilha que a mãe natureza poderia oferecer para aquela menina. A pequena então olha para o céu, admirando o céu que esperava pela neve, tudo estava em seus conformes mas de repente ela sentiu um sentimento esquisito. 

Seus olhos se depararam com um homem encostado em uma árvore. Não era tão velho, mas também não tão jovem. Sua aparência era normal mas seu olhar era  perturbador, a canção que saía de sua boca soava ainda mais.

"Um segredo antigo
sobre o pecado de um rei,
que sacrificou seu único filho
para pagar pelos seus erros.
Enquanto o sangue escorria,
a criança jurava vingança:
Matarei todos aqueles
que brilham como a lua.
Matarei todos aqueles
que brilham como a lua."

Sua voz era um sussurro arrepiante, suave, mas carregada de uma tensão sinistra. Ao terminar, seus olhos frios se fixaram em Elizabeth. O céu, antes nublado, começou a se tingir de vermelho, refletindo o olhar do homem, cuja esclera estava repleta de veias rubras, como galhos vermelhos se estendendo em torno de suas pupilas. Olhos tão incomuns quanto os dela.

Lentamente, ele começou a se mover em sua direção, um sorriso cruel se formando em seus lábios. A visão de sua figura grotesca e de seus olhos sanguinários fez o coração da jovem gelar. O medo a paralisou.

— Aquilo... aquilo é sangue — pensou, a mente atordoada. — Eu... eu vou morrer...

Ela tentou correr, mas seu corpo não obedecia. O pavor era absoluto, cada respiração mais pesada à medida que ele se aproximava. Os passos dele eram lentos, calculados, e cada um deles soava como um golpe no peito de Elizabeth. O desespero crescia. Ela não queria morrer ali.

Com um esforço imenso, lutando contra o próprio medo que a dominava, Elizabeth conseguiu mover um pé. Tremendo, deu um passo para trás, como se estivesse acordando de um pesadelo. E então, o homem desapareceu. Sumiu como se fosse parte da própria escuridão.

Eclipse: Quem é você?Onde histórias criam vida. Descubra agora