Prologo

465 17 2
                                    

— Eu sou inocente! — a garota tímida de cabelos negros e olhos azuis grita a todo pulmão numa tentativa inútil de que alguém acreditasse em suas palavras.

Ninguém acreditaria nela.

Todos a olhavam com desprezo e como se ela fosse um bicho do mais perigoso.

— Recomponha-se, senhorita Aurora! — o delegado exigiu. — Quer começar seu depoimento agora ou quer ligar para um advogado? Ou algum parente?"

Aurora riu, uma risada sem emoção e não havia motivos para sorrir de alegria. Ela riu desacreditada que aquilo estava mesmo acontecendo. Passou sua mão algemada pelos cabelos em um gesto nervoso.

Ela estava perdida.

Perdida e sem ninguém.

Ela não tinha ninguém por ela.

Não tinha família, tão pouco amigos.

— Eu... não tenho um advogado. — suspirou. — Senhor delegado, eu juro que sou inocente.

Seus olhos azuis brilharam pelas lágrimas que queriam descer desesperadamente.

— Todos falam isso, Aurora. — encarou a garota em sua frente. — Todas as provas apontam para você. — pontuou. — Eu só queria entender o que levou você a matar a filha do deputado. Recebeu dinheiro para isso? — questionou.

— Por Deus, eu não matei ninguém. Eu nem conhecia aquela garota...

O delegado Ramires respirou fundo completamente sem paciência para a garota em sua frente.

O que custava ela admitir de uma vez por todas que matou a Emilly?!

— Você está complicando as coisas... Você sabe que o deputado não irá descansar enquanto você não pagar pelo seu crime.

— Que crime? — questionou. — Eu não cometi crime nenhum! Meu único erro foi estar no lugar errado e na hora errada!

— Você não vai facilitar? — questionou o delegado. — Ok. Você ficará presa na prisão de segurança máxima até seu julgamento.

— Segurança máxima? — perguntou com a voz falha.

Não precisava ser um gênio para saber que essa prisão era a pior de todas, onde estavam as piores bandidas dos Estados Unidos.

— Leve ela! — o delegado apontou com desdém para a garota em sua frente e o policial que ficou o tempo todo em seu lado para lhe acompanhar assentiu segurando firme no braço da garota que gritava desesperadamente alegando ser inocente.

Todos que estavam presentes na delegacia pararam seus afazeres para olhar o desespero dela. Ela era arrastada por entre os corredores enquanto gritava e chorava. No lado de fora da delegacia, onde havia um carro para levá-la até a prisão, havia inúmeros repórteres que cercaram a garota para questioná-la sobre o crime.

— QUEREMOS JUSTIÇA! ASSASSINA! — algumas pessoas protestavam ao lado de fora da delegacia e até tentaram avançar para agredi-la.

Com muito custo, o policial conseguiu levá-la até onde um carro de polícia estava estacionado com seu porta-malas aberto. Ele empurrou Aurora para dentro do mesmo, fechando-o em seu rosto. Ela observava a rua com atenção para guardar cada pedacinho dela porque ela não saberia qual seria a próxima vez que teria essa oportunidade.

O que ela estava sentindo não era bem tristeza, era dor. Aquilo doía, e não é um eufemismo. Doía como uma surra.

Ela estava sendo acusada por um crime que não cometeu e ninguém acreditava em sua inocência.

A DetentaOnde histórias criam vida. Descubra agora