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POV THÉODORO

Estou começando a achar que estou ficando louco. Ou isso é normal? Sinceramente, acho que não. Desde quando essa garota entrou na minha maldita sala, eu vivo pensando nela o dia inteiro, vou dormir pensando nela, acordo pensando nela... Não, isso não é normal. E sabe, eu não sei o que dizer pra ela, apenas preciso manter a distância. Logo isso passa, assim espero.

— Ai — ela resmungou quando Priscila pressionou o algodão em seu nariz. Desencostei da parede para me aproximar delas. Priscila levantou o olhar para me olhar.

— Vai doer um pouco mesmo — falou mais para mim do que para a garota machucada. Ela fixou seus olhos em mim, fazendo mil perguntas silenciosas que eu não iria responder.

— Faz mais devagar, então. — mandei. Priscila estreitou os olhos para mim.

— É normal arder por conta do álcool. — respondeu.

— Só uma queimação, mas dá pra aguentar. — ouvi sua voz doce e apertei os olhos. Que porra!

Essa garota está fodendo com meu psicológico. É o cúmulo dos absurdos um negócio desses!

Eu sou o delegado dessa porra e ela uma detenta. Onde estou com a cabeça?!

Me afastei, voltando a encostar na parede novamente, observando a Priscila limpar o ferimento da Aurora.

— Você é novata aqui? — Priscila perguntou para puxar assunto.

— Sim. — Aurora respondeu apenas.

— O que você fez? — questionou curiosa. — Você é tão menininha, me custa acreditar que cometeu algum crime.

— Eu sou inocente. — declarou. Priscila, que estava levantando a mão com mais algodão, parou a mão no ar, olhando para a Aurora surpresa. — Eu sei que é difícil acreditar, mas eu realmente sou inocente.

— Mas do que está sendo acusada? — questionou.

— Sem conversas paralelas, Priscila. Faça teu trabalho! — falei autoritário, recebendo um olhar azul curioso em minha direção.

— Desculpa, senhor delegado. — Priscila falou irônica. — O sangramento parou, está tudo bem com você. — ela se levantou e virou em minha direção. — Eu quero conversar com você.

— Estou sem tempo.

Desencostei da parede, ajeitando as mangas da minha camiseta social preta.

— Vamos, Aurora. — chamei a mesma, que se levantou da maca e caminhou em minha direção de cabeça baixa.

Sinto meu sangue ferver ao ver ela de cabeça baixa. Não gosto mesmo de vê-la dessa maneira. Reprimo a vontade de levantar seu rosto com meus dedos e gritar pra ela nunca mais abaixar essa porra de cabeça.

— Théo — Priscila segurou meu braço me chamando. Respirei fundo, encarei seus dedos em volta do meu braço e subi meu olhar para o seu rosto. — Vamos conversar!

Suspirei.

— Cícero — chamei o guarda que estava fazendo vigilância no corredor. Rapidamente ele abriu a porta, colocando sua cabeça para dentro da sala. — Leve a... detenta para a cela. — mandei. O guarda entrou de vez na sala e segurou firme no bracinho da Aurora. — Não precisa apertar tanto assim o braço da garota. — falei por impulso e me arrependi logo em seguida. — Vai logo, porra.

O guarda assentiu e saiu rapidamente da sala, conduzindo a Aurora.

— O que você quer conversar, Priscila? — perguntei. — Como você mesmo disse antes, eu não tenho tempo pra estar perdendo não.

A DetentaOnde histórias criam vida. Descubra agora