06

156 11 0
                                    

POV THEODORO

Não acredito que estou aqui.

Porra...

Observo as pessoas entrando e saindo da cafeteria; outras estão sentadas conversando e tomando seu café.

— Bom dia, em que posso ajudar? — perguntou uma atendente. Ela era loira, vestia uma calça preta, camiseta branca e um avental cor bege.

— Bom dia, eu gostaria de falar sobre uma das funcionárias... Aurora Diaz trabalhava aqui? — perguntei. A loira engoliu a saliva com certa dificuldade e olhou para os lados, depois tornou seu olhar em mim.

— Eu não posso falar agora, senhor. Estou trabalhando.

— Quem é o gerente? Eu posso falar com ele e pedir permissão? — tirei meu distintivo do bolso e mostrei para ela. — Delegado Theodoro. Eu preciso fazer algumas perguntas.

— Claro, eu vou falar com o gerente. Um minuto. — pediu e se afastou da mesa, me deixando sozinho mais uma vez.

Observei ela se aproximando do balcão e conversando brevemente com o homem que estava ali. Eles olharam em minha direção, assenti, e depois conversaram mais um pouco. Ela deixou a bandeja sobre o balcão e caminhou em minha direção.

— Licença — pediu, sentando-se na cadeira em minha frente. — Eu tenho 10 minutos. — avisou.

— Aurora trabalhava aqui? — perguntei novamente já que na primeira vez ela não me respondeu.

— Sim. — ela respondeu.

— Vocês eram amigas?

— Sim. — ela confirmou mais uma vez, sorrindo brevemente. — Foi tão difícil conquistar a confiança dela. Enfim, quando tornamos amigas, aconteceu essa tragédia.

— Conhecendo ela... Você acha que ela seria capaz de cometer tamanha crueldade?

Sem pensar duas vezes, a garota negou com a cabeça, tirando um peso das minhas costas.

— Aurora não mata nem uma barata. – respondeu rindo. — Quando ela mudou de casa, fui ajudar na mudança e a casa estava tão abandonada que estava cheia de baratas. Ela não quis matar nenhuma, tinha dó. Quem tem dó de matar uma barata? — gargalhou com a lembrança, me arrancando uma risada também.

— Ela não tem família? Algum namorado?

— Ela sempre foi reservada, demorou para que ela me contasse um pouquinho da sua história. — suspirou tristemente. — Seus pais a abandonaram quando ela tinha seis anos. Ela morava na rua desde então... Ela não tem ninguém e muito menos um namorado.

Continuei encarando a loira em minha frente, com a certeza de que ela não me contou tudo que sabia sobre a família de Aurora.

— Por que você não vai visitar sua amiga? — perguntei. Acho que seria bom para a Aurora ver a amiga.

— Eu... — ela mordeu o lábio nervosa e olhou ao redor. — Não posso.

— Por que?

— Bom dia! — o tal do gerente apareceu ao lado da mesa nos encarando. — Como pode ver, a cafeteria está lotada e minha funcionária precisa voltar ao trabalho. — ele riu ironicamente me olhando, e eu sustentei seu olhar.

— Está liberada — olhei para ela, que se levantou rapidamente e voltou ao serviço. Virei de volta para o gerente. — Você pode me responder algumas perguntas? — questionei.

— Eu sou muito ocupado.

— Serei breve...

O tal gerente suspirou e se sentou em minha frente, na mesma cadeira que sua funcionária estava antes.

A DetentaOnde histórias criam vida. Descubra agora