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POV AURORA

É como se eu não existisse. Minha vida simplesmente não faz sentido, nada aqui funciona e eu estou sozinha nesta porra escura e fria.

Me encolho em um canto após ter a ilustre visita de um rato. Eu tenho pavor. Mas quem liga?

— Não se aproxime — aponto para o animal no canto da solitária. Por Deus, estou a ponto de ter um ataque. Se esse bichinho se mover, acho que vou desmaiar. — Seja legal, ok? Você não sabe, mas a minha vida é uma grande merda. Eu não preciso que você piore as coisas.

Franzo as sobrancelhas ao me dar conta de que estou falando com um rato. Santo Deus!

Ele virou em minha direção e eu apertei meus braços, nervosa. Ele está me olhando!

Ouvi um barulho da porta de metal sendo aberta; meus olhos permaneciam no rato. Vai que eu desvio meu olhar e ele me ataca!

Com o barulho da porta, ele correu para seu lado direito, entrando em um pequeno buraco que havia ali na parede. Respirei aliviada, colocando minha mão sobre o peito que estava acelerado.

— Que cara é essa? — ouço a voz do delegado e levanto meu olhar para encontrar o seu, que me analisava.

Por um impulso, corri até ele, lhe abraçando. Estava aliviada por vê-lo ali. Abracei-o como se minha vida dependesse disso. E ele salvou mesmo a minha vida, imagina se aquele rato avançasse em minha direção?!

No início, ele permaneceu estático, sem reação. Mas, depois de alguns minutos, senti suas mãos passarem pelas minhas costas, me causando um arrepio até então desconhecido por mim.

— O que houve? — ele perguntou com sua voz rouca.

— Você salvou a minha vida! — falei eufórica.

Ele riu com a minha euforia.

— Por quê?

— Havia um rato enorme aqui e ele me olhava. Eu tenho pavor e eu juro que, se permanecesse mais um segundo com ele, eu infartaria!

Novamente, ele riu. Uma risada gostosa de se ouvir ao pé do ouvido.

— Sou seu herói então — brincou.

Me afastei do calor de seus braços, sem graça, pelo impulso de abraçá-lo.

— Desculpa — pedi.

Eu ia abaixar a cabeça, pois realmente sei que não deveria ter feito isso. Mas aí, lembrei que ele havia me dito que não queria que eu abaixasse a cabeça nunca mais. Levantei minha cabeça, olhando em seus olhos.

Ele me olhava de uma forma intensa e única. Eu nunca tinha sido olhada dessa maneira. Seus olhos desceram para a minha boca e depois para o meu pescoço, onde ele demorou alguns segundos a mais. Ele desceu o olhar para o meu busto e foi descendo, inspecionando todo o meu corpo. E eu me sentia quente diante de seu olhar.

— Delegado — sussurrei para chamar sua atenção.

Ouvi um resmungo vindo dele, que rapidamente subiu seu olhar para o meu rosto. Ele deu dois passos à frente, acabando com a distância que havia entre nós.

De repente, o cômodo frio ficou quente. Quente até demais.

Minha respiração estava acelerada; meu peito subia e descia em um movimento frenético.

O que está havendo comigo?

O delegado ergueu sua mão direita e acariciou meu rosto, me fazendo fechar os olhos por longos minutos. Sua mão passou pelo meu rosto e ele entrelaçou os dedos em meus cabelos. Me arrepiei e abri os olhos para encontrar os seus.

A DetentaOnde histórias criam vida. Descubra agora