Através Do Tempo

Alegria Do Sultão

Alexandra treinava todos os dias.

Se adaptar a esse século estava sendo complicado para ela.

Mas ela tentava e dava frutos. Sua educação superior do século 21 a fazia se sobressair, pois a maioria das concubinas eram meninas sequestradas pobres e analfabetas.

A Valide, Ayse Hafsa, ficou preocupada quando recebeu a ordem de levar as mulheres com as melhores notas para fazerem uma apresentação de dança para o sultão.

–Aquela mulher com cabelos ruivos está entre elas? -pergunta.

O eunuco coça a cabeça.

–Na verdade, Alexandra Lisowska é a concubina com melhores notas. Não podemos simplesmente negá-la a se apresentar sem motivos. São as regras. As candidatas com melhores notas tem a chance de chamar a atenção do sultão.

Hafsa não gostou da notícia, mas regras são regras.

As jovens do harém ficam alvoroçadas e treinam com mais afinco.

"Que ridículo, como podem dançar tão mal assim?" Alexandra pensa, depois que mais um ensaio termina.

Ela já teve aulas de balé e dança do ventre antes, isso era quase uma ofensa, Alexandra até chamou a dança que estavam treinando de "dança do bracinho", porque era mexe braço para lá, mexe braço para cá.

Ela não sabia exatamente como salvar a dinastia otomana, pois Süleyman era um sultão e ela uma mulher comum. Quem garantiria que ela teria alguma chance?

Quando o dia finalmente chegou, as mulheres foram levadas para a sala do trono.

Em seus aposentos, Mahidrevan estava muito frustrada.

Com a morte dos outros filhos, Süleyman tinha se apegado a Mustafá e a ela, e se afastado das outras concubinas. Mukerrem e Kadriye já tinham perdido o favor dele a muito tempo, mas Gulfem ainda era próxima dele por causa dos dois filhos. Como eles morreram, por um tempo ele tratou Mahidrevan e Mustafá como a única família que restou.

Mas desde que o sultão Selim I morreu e Süleyman tomou o trono, ele aos poucos se afastou.

Hafsa percebeu a frustração da nora e decidiu dizer algo.

–Você sabe que as coisas funcionam assim por aqui. O sultão é poligâmico e precisa de muitos filhos para dar continuidade a dinastia. Você mesma viu, um único surto de doença no harém e praticamente todas as crianças morreram.

Hafsa lamentava os netos mortos, mas infelizmente a maioria dos filhos de sultões nem chegaram a vida adulta.

Ela sinceramente não sabia como não perdeu Süleyman ou suas filhas, principalmente quando seu marido, Selim O Cruel, começou a matar todos os filhos homens para não ser desafiado.

Para controlar Süleyman, Selim até casou suas irmãs Hatice e Shahgrazad com dois velhos leais a ele. Beyhän escapou por pouco por que já estava noiva. Pelo menos o velho marido de Hatice morreu e ela finalmente estava em paz. Mas então ela se casou com o tal Ibrahim Pargali, o melhor amigo de Süleyman e Grão-Vizir.

–Controle a dor em seu coração, ou ele irá se despedaçar.

–Não quero perder Süleyman! -ela fala, com lágrimas nos olhos.

"Você só sabe chorar? Não me admira Süleyman cansar de você!" Hafsa pensa antes de consolá-la. Mahidrevan tinha uma verdadeira torneira por baixo dos olhos e chorava fácil por qualquer motivo.

–Mahidrevan, você é a rosa mais bela do Império Otomano. Que mulher pode tr desafiar? -tenta animar Hafsa, sem ter ideia que neste exato momento, Alexandra Lisowska se apresentava para o sultão.

Alexandra percebeu que era a única ruiva entre as odaliscas, então seria fácil se destacar.

Ela ficou indignada quando viu que o sultão estava entediado e comia batatinhas enquanto assistia a dança delas.

Então quando a dança parou, ela continuou dançando, o desafiando com a olhar a fazê-la parar.

Quando terminou, com um sorriso de autoconfiança, fez a pose de se ajoelhar elegantemente no chão, ao lado das outras, que a olhavam abismadas.

Todos esperavam um castigo, ou uma repreensão.

Para o choque de quem assistia, o pano roxo é jogado para Alexandra.

Aquele pano roxo selou o seu destino.

Pois ali terminaria Alexandra Lisowska. E ali começaria a lenda de Hürrem. O nome Hürrem significava "Alegria". Pois ela se tornou a alegria do coração do sultão.