Café e Torta de morango

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Capítulo 4

Esse corpo de bebê estava crescendo rápido. No auge dos meus três anos de idade, estava mais acostumado àquela casa e àquela família do que pensei. De repente, minha alimentação se incrementou, minhas horas de sono diminuíram e meu crescimento rápido abriu espaço para novas roupas no meu armário. As velhas já não cabiam, não era mais um bebê de colo

Algo inédito aconteceu nessa vida, mesmo a tão precoce idade. Minha magia estava despertando aos poucos. Possivelmente fragmentos de meus poderes em outra vida. E meus pais haviam percebido isso

Provavelmente, por ter crescido com meus odiosos tios, só percebi meus poderes em minha primeira vida quando atingi idade suficiente para realizar magia com supervisão. Quanto mais o tempo passava, mais suspeitava que tinha dedo do maldito diretor Dumbledore nessa história e planejava descobrir a verdade dessa vez

Imagine como ele se sentiria impotente caso um bebê começasse a despertar uma aura mágica bem longe de seu controle. Faria sentido que quisesse me manter sob controle até ser capaz de me monitorar de perto, afinal, foi exatamente o que ele fez depois da guerra

Quando finalmente cumpri meu papel, os planos do diretor foram concretizados. Mesmo após sua morte, deixou bem claro o que deveriam fazer comigo. Uma cabana afastada da civilização, alimentação básica e uma corrente de feitiços revisados regularmente pela própria Ministra da magia, Hermione Granger, para selar meus poderes e me aprisionar em um raio de cinquenta metros

Essa era minha Azkaban particular

Não digo que o que vivi com eles foi ruim, pelo contrário. Foi tão bom, que nunca imaginei que aceitariam me trair daquela forma. Pra ser honesto, ainda não conseguia entender se, para eles, nossa amizade nunca foi real, ou se de repente foram convencidos de que eu era um risco para a sociedade após o testamento de Dumbledore

Por isso estava determinado a investigar mais a fundo. Era uma mera curiosidade, afinal, qualquer uma das opções ainda era cruel. Se forjaram nossa amizade desde o começo, era cruel e se decidiram no último momento trair seu melhor amigo, talvez fosse ainda mais cruel

Com meus poderes despertando rapidamente, tinha a chance de avançar muito mais, até mesmo antes de ir para Hogwarts, e poderia evitar esses infortúnios do meu passado. Feitiços sem varinha ainda eram impensáveis, é claro, mas eu não estava com tanta pressa. Começaria tentando sentir minha magia pelo corpo, para que se desenvolva melhor nessa vida, e, com sorte, logo conseguirei uma varinha antiga dos meus pais e poderei praticar algo melhor

~Toc Toc~

Ouvi batidas familiares na porta do meu quarto e interrompi minha meditação

Era um espaço maior, agora que não era mais tão pequeno, e meus pais acharam uma boa ideia me mudar pra um quarto com espaço para uma enorme cama e uma área colorida de brinquedos. Não brincava quando estava sozinho, então era um espaço um pouco inútil, mas meus pais estavam felizes com isso, então eu também estava

Só havia uma circunstância em que eu me permitia perder tempo com brincadeiras infantis e repetitivas

–Pode entrar –Verbalizei, já sabendo quem estava ali, bem atrás daquela enorme porta de madeira escura

Uma criança pouco menor que eu empurrou a porta com dificuldade, revelando um par de olhos acinzentados e um monte de fios loiros bem alinhados, perfeitamente penteados para trás com gel de cabelo. Entrou no quarto e deixou a porta atrás de si se fechar sozinha, só então pude notar que ele carregava uma caneca branca com as duas mãos e caminhava com cuidado para não derramar

Agora Eu Sou Um Jogador - Drarry [Reescrita]Onde histórias criam vida. Descubra agora