O melhor presente

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Capítulo 7

Acordei com o som da porta do meu quarto se abrindo, quebrando o silêncio de começo de manhã habitual. Quando meu cérebro acordou o bastante para compreender aquela situação, pude ver um casal saltitando para dentro do quarto com sorrisos maiores que as bochechas, como se aquele fosse o dia mais feliz de suas vidas

Demorei um pouco. Talvez pelo sono. Para entender o que estava acontecendo

–Feliz aniversário, Harry querido! –Minha mãe corria até mim com um enorme embrulho em mãos e algumas lágrimas exageradas nos olhos –Meu bebê cresceu tão rápido

Precisei de um tempo para processar o que era toda aquela animação logo pela manhã, mas, ao que tudo indicava, hoje era realmente meu aniversário

–Meu garotão cresceu tanto –Ouvi algo pipocar na direção daquela voz. Meu pai estava com um tubo de confete em mãos e havia acabado de estourá-lo, espalhando fitas coloridas e purpurina por todo o chão do meu quarto limpo

É verdade... Hoje faço 10 anos nesse corpo

Não me entenda mal, estava sim muito feliz, mas é que, após alguns anos comemorando seu aniversário sozinho em uma cabana velha, você começa perder os ânimos com esse dia

Até agora, todos os meus aniversários dessa vida haviam sido cheios de felicidade, mas velhos hábitos não mudam facilmente. Ainda havia, lá no fundo, esse sentimento de conformidade

Meio que... Aniversário ou não, era só mais um dia do ano, certo?

Não era normal para uma criança de dez anos pensar dessa forma, então disfarcei

–Muito obrigado –Me esgueirei na cama para dar um abraço apertado em cada um dos dois –Amo vocês

Mesmo que, para mim, meus aniversários não fossem algo tão importante, estava agradecido por alguém se importar em fazer o dia não passar em branco

–Calma, meu bem –Quando foi a vez da minha mãe ganhar um abraço, protegeu o embrulho para não amassar, como se algo muito frágil estivesse ali dentro –Não vai querer amassar o seu presente, né?

Olhar para aquele enorme embrulho me intrigou. Na minha vida passada, nunca recebi presentes no meu aniversário. Meus amigos sumiam durante as férias e não me mandavam uma única carta, depois, jogavam a culpa nos assuntos da ordem e eu, como um tolo, os perdoava

Houve um natal. O único que passei com meu padrinho, Sirius. Em que ganhei um suéter com a primeira letra do meu nome, feito pela senhora Weasley. Estava feliz, muito feliz, mas isso foi antes de descobrir que só me deram aquilo para evitar suspeitas de Sirius e que o tratavam como um fardo por precisarem me tratar melhor na frente dele

Meu padrinho se importava comigo e, após sua morte, aqueles monstros suspiraram aliviados. Seria difícil me jogar fora enquanto Sirius respirasse e sabiam disso. Não podia ter certeza, mas, se tiveram algo a ver com sua morte, eu precisava fazê-los pagar

Realmente precisavam sofrer nessa vida, assim como eu e todas as pessoas que me amavam sofreram

–O que está esperando, meu amor? –As palavras da minha mãe me trouxeram de volta para a realidade –Abra logo o seu presente

Decidido a realmente deixar esses pensamentos de lado, balancei a cabeça para os dois lados e espantei aqueles tormentos por hora. Depois pensaria sobre isso

Eu tinha muito tempo nessa vida e meu padrinho estava bem nesse universo. Isso era tudo o que importava

Com isso em mente, comecei a abrir o grande pacote. Ouvi barulhos de metal enquanto passava minhas mãos para rasgar o papel e, conforme abria espaço, comecei a ver grades de ferro de uma gaiola nova e bem cuidada. Não demorou para que eu logo descobrisse o que repousava do outro lado daquelas hastes prateadas

Agora Eu Sou Um Jogador - Drarry [Reescrita]Onde histórias criam vida. Descubra agora