Quatro

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A minha cabeça simplesmente não parava de latejar.

Acordei com uma dor de cabeça sem fim, devido a noitada anterior. Sempre fui fraca para o álcool, mas mesmo assim, nunca deixei de recusá-lo.

Levantei da cama e recobrei meus sentidos assim que estranhei o lugar onde eu estava. Não queria sair do edredom macio.

Tudo estava incrivelmente perfeito.

O diabo tem bom gosto.

Saí do quarto e desci as escadas, podendo escutar barulhos no andar de baixo enquanto caminhava até ele.

Não demorou muito para eu me ver de frente para um Joseph em frente a um fogão, cozinhando concentrado.

Eu ri para a cena. Era engraçado, supondo que o homem tinha dinheiro para dar e vender. E mesmo assim, fazia sua própria comida.

Assim que notou a minha presença, ele revirou os olhos.

- Mal humor logo cedo? - Peindo para mais perto.

Ainda concentrado no serviço, ele respondeu:

- Na real já são mais de oito horas, Melie. Não é cedo. - Voltou a me observar. - Sente-se. Coloquei um prato a mais e você não tem escolha.

Notei que realmente, havia um prato a mais na mesa. O meu prato.

Fiz o que me mandara, e sentei na mesa de mármore.

O cheiro estava ótimo. Bacon com ovos, típico.

Era tão bizarro quando o próprio diabo coloca seu prato.

- Obrigada. - Agradeci.

O homem nada disse, apenas se sentou à minha frente.

Comemos em um terrível silêncio. Não havia assunto, e reviver o da noite anterior desencadearia uma possível discussão, e não é como se eu quisesse isso.

Observei Joseph comer.

Ele era tão lindo.

Estava meio despojado, o que o fazia parecer mais caseiro. Nem parecia que era o Diabo em forma de gente. Mas ainda assim, conseguia seguir todas as regras de etiqueta.

- Hoje, mudamos os planos. Não vamos à empresa. - Ele disse, do nada. - Então, pode fazer o que quiser.

Não trabalhar em um dia útil de trabalho?

- Tudo bem, então. - Respondi, mesmo não entendendo o porquê.

E esse foi o último diálogo antes de ficarmos calados pelo resto do tempo.

Recolhi a minha louça assim que terminei o café da manhã, e então, subi para o quarto que me foi dado.

Abrindo a gaveta primária da cômoda, percebi que haviam peças de roupas ali.

Sem pensar muito, peguei uma calça e uma camiseta, os deixei em cima da cama e fui de encontro ao banheiro.

Enquanto a água escorria pelo meu corpo, meus pensamentos foram de encontro com Joseph. Em como ele era lindo e educado. Em como ele insiste em me dar uma espécie de proteção não pedida. Em como ele me ajudou e, ao mesmo tempo, me condenou.

Era normal me sentir assim?

Em pressionar as pernas todas as vezes que seus olhos me encaravam inteira?

𖤍

Assim que desci as escadas novamente, Joseph não se encontrava mais no local, e então, supus que estava sozinha na enorme mansão.

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