CAPÍTULO 3.

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Regina Mills


13 de outubro de 2024.
05:45 AM

Meu corpo está gelado e submergido por aquela água. Tento me mover mas é inútil, meus membros não respondem as minhas tentativas. Saber que estava em um sonho não tornava tudo mais fácil, nem menos doloroso. Forçar a minha mente a pensar em coisas boas para que o cenário a minha volta mudasse também não funcionaria, eu já havia tentado antes.

Por que eu nunca consigo acordar?

Olho para a cima e tento subir, mas meus pés estão pesados e eu afundo cada vez mais e em meio aquela escuridão sinto mãos me puxando para o abismo. Desespero toma o meu corpo ao perceber que eu estava cada vez mais longe da superfície e meus gritos são abafados pela água que entra em meus pulmões me deixando sem oxigênio. Sinto agonia com a falta de ar, então começo a me debater tentando nadar.

Acorda! Acorda! Acorda!

Consigo subir para a superfície e alívio percorre o meu corpo quando finalmente consigo respirar, mas imediatamente sinto a preocupação me tomar quando não o vejo. Olho ao redor procurando por ele e não vejo nada, chamo pelo seu nome achando ser algum tipo de brincadeira, mas não tenho resposta. Meu rosto está molhado. Não é apenas pela água do lago, mas também pelas minhas lágrimas de medo e aflição.

Grito diversas vezes chamando novamente pelo seu nome e mergulho a sua procura, mas não vejo nada além da escuridão da água que atrapalha minha visão. Volto para a superfície e grito desesperadamente em busca de algum tipo de ajuda. Chamo por ela enquanto ainda nadava a procura dele, mas ela não me responde.

Estou sozinha.

Onde ela estava? Por que não me ouvia gritar?

Algo surge na superfície. Olho para o que está boiando ao meu lado e terror toma conta de mim.

Ouço um grito desesperado ao longe e hesito em olhar de onde vem, pois eu sei exatamente a quem pertence. Ela está lá, gritando enquanto corre até nós, mas eu continuo de costas. Não tenho a coragem de virar e encará-la em seu momento de maior angústia.

Eu já ouvi e vi aquilo antes, na verdade incontáveis vezes e em todas meu peito se aperta em profunda dor. Não é a primeira vez que estou aqui. Nem será a última.

Ela grita meu nome e tudo ao meu redor desaparece, me lançando em um abismo de total silêncio e escuridão. O vazio se espalha completamente por todo o meu interior.

Acordo sentindo como se meu peito fosse explodir e minhas mãos tremem. Sento na cama e suor escorre por minha testa fria, então passo as mãos em meus cabelos em uma tentativa de me acalmar. Nada sobre aquele pesadelo era novo para mim, aquelas lembranças atormentavam o meu sono há anos, me fazendo nunca esquecer da minha maldita culpa.

Olho para o móvel ao lado da cama onde havia o porta-retrato com a foto tirada há muito tempo e o pego na mão, alisando com o polegar o rosto sorridente dele. Olhávamos diretamente para a câmera abraçados um no outro e exibíamos o nosso enorme sorriso, evidenciando o quanto estávamos felizes. Nele faltavam alguns dentes e eu estava com o cabelo um pouco bagunçado, resultado da brincadeira de correr que fizemos naquele dia.

Coloquei o porta-retrato de volta no lugar e me levantei da cama, caminhei em direção a grande janela e abri minimante uma das cortinas, sentindo o vento frio entrar e arrepiar a minha pele. Observei o céu em seus tons azul claro e escuro que se misturavam e a fina chuva que caia das nuvens cinzas.

Uma figura peluda roçou os meus pés e eu olhei para baixo, então a peguei nos braços cheirando seu pelo. Morgana.

– Essa chuva está me fazendo querer voltar a dormir. O que acha de eu inventar uma desculpa de que estou doente e não ir hoje?

Assassino dos MalditosOnde histórias criam vida. Descubra agora