Capítulo II, parte 1: O demônio da floresta Jotah.

10 0 0
                                    

"O justo procura a justiça em prol dos outros e da justiça, não do próprio.
Quem não exerce a justiça, não é justo."

Capítulo II, Parte 1:
O demônio da floresta Jotah.
Semana 1, dia de segunda feira.
(Ponto de vista de Samuel)

Estávamos saindo do escritório do capitão Klaus, tínhamos acabado de receber nossa primeira missão.
Já tinha feito amizade com todos do grupo, me encaixei rápido.
Pela primeira vez sinto que faço parte de algo.

Nossa primeira missão foi logo uma missão de emergência.
Fomos mandados para a vila Jotah, pois os moradores tinham dito que tinham visto demônios pela floresta Jotah, e que crianças estavam desaparecendo.
Nossa missão era descobrir o que estava acontecendo, e se possível, resolver a situação.
A vila Jotah é localizada no meio da floresta de Jotah, e é uma vila grande.

Estávamos na trilha, no caminho da floresta, quando Hana se levantou do assento da carroça com a mão no cabo de sua katana, ainda na bainha.

–'O que foi, Hana?' Andrés perguntou.
–'Acho que escutei algo... foram como passos correndo... a mais ou menos 38 metros daqui.' Hana responde.
Pensei:
Como assim?! Quase 40 metros de distância, e ela escutou?!
Ela realmente tem uma audição inacreditável.
–'Está se afastando, talvez não percebeu nossa presença, seja lá quem ou o que tenha sido...'
Disse Hana, logo após se sentar novamente.

Passou-se uns 3 minutos, e Jido tentou puxar assunto.
–'Droga... odeio segundas-feiras!'
– 'Eu também, haha!' Disse Jake.
–'Quem é que gosta, não é?' Disse eu, com uma leve risada.
Hana também deu um sorriso, já Andrés...
Ele parece tão... frio.
Ficava apenas olhando para a trilha atrás da carroça.
Quando percebi, Hana percebeu que eu percebi, e me disse:
–'Relaxa, ele é assim mesmo. Ao decorrer do tempo você vai ver ele se soltando mais.'
Balancei a cabeça após sua fala, que me deixou tranquilizado, pois achei que Andrés de alguma forma não gostava do grupo.
No caminho, percebemos uma estrutura gigantesca ao lado oeste, então Jake perguntou para o guia.
–'O que é aquela coisa gigante, hein?' Enquanto olhava hipnotizado para a grande estrutura.
–'É a fortaleza Kliot. Dizem que há um templo secreto lá dentro, mas ninguém nunca teve coragem de explorar. E se explorou... não voltou.'
–'Templo de quê? Para o quê?' Questionou Jake.
–'Ninguém sabe, cara... É inexplorado.' Disse Hana.
Minha curiosidade sobre isso não deixava meus pensamentos quietos.
Ficamos batendo papo por mais uns 30 minutos, até chegarmos a vila.

Quando chegamos, tínhamos que fazer conforme o treinamento.
Jido foi escolhido como o líder da primeira missão individual da Seigh.
–'Samuel e Jake, vocês vão falar com os moradores, e passar as informações para o Andrés e eu.
Hana, você vai nos acompanhar, e vai ser nossa guarda. Essa floresta é perigosa. Eu e Andrés vamos adentrar a floresta e investigar. Quando vocês terminarem, nos procurem. Estamos a oeste. Vão!'
Eu e Jake fomos falar com os moradores.

Mais ou menos 50 minutos depois, terminamos de falar com todos os moradores.
Principalmente com os pais das crianças que desapareceram.
Falamos com uma mulher, sua filha chamada Mary foi a primeira criança a desaparecer e como os samurais locais não ligam tanto para as coisas que acontecem, o pai da criança foi procurá-la cedo da manhã... E não voltou mais. Já fazem 6 dias.
Descobrimos que há ao todo, 7 crianças desaparecidas.
Mas um detalhe me chamou atenção, foi o fato de que todos os pais disseram que a criança tinha arrancado um dente na noite em que desapareceu.
E após o pai de Mary desaparecer também, começou a apareceu dinheiro de baixo do travesseiro de Mary, e começou a aparecer nos das crianças que desapareciam, e os dentes de baixo do travesseiro desapareciam juntos com as crianças.
É uma vila grande e a maioria dos moradores adultos e comprometidos/casados têm filhos.
Isso com certeza está relacionado...
É como se seja lá o que estiver desaparecendo com crianças, fosse como uma fada do dente...
Também exploramos livros antigos, um deles contava sobre a lenda de um demônio único que despertava a cada 10 anos.
E pesquisando mais, descobrimos que várias crianças e adultos haviam desaparecido, há dez anos... claramente conectado.
O nome do tal demônio, era Kliot.
Após organizarmos tudo, Jake falou:
–'Precisamos contar tudo isso para o resto da equipe... o mais rápido possível.'
Concordei, e logo em seguida começamos a correr para a direção oeste.

Enquanto isso...
(Ponto de vista de Jido)

Nós estávamos indo para o lado oeste adentro a floresta a pé, quando Hana tocou no meu ombro e no de Andrés nos pedindo para parar.
–'Ouviu algo, não foi?' Perguntei, já pondo minha mão no cabo de minha katana.
–'Esse é o problema.' Disse Hana.
–'Como assim?' Questionei.
–'O silêncio...' Disse Andrés.
–'Além dos nossos passos, existe apenas uma leve distorção no vento mais para frente. E eu falo isso porque percebi que não tinha nem vento, nem nada passando entre as árvores, entre nós. Entende?'
Explicou Hana.
A nossa frente, tinha um muro de árvores, com um arco feito de cipó no meio, como se fosse uma entrada.
Confesso que fiquei assustado, e com um pouco de medo do que podia haver a nossa frente...
–'Vai querer mesmo ir para lá, Kazuki?' Andrés me perguntou.
–'...' Suspirei, e em seguida decidi: –'Sim, vamos.'

Entrando lá, o clima mudou completamente.
Todos se arrepiaram, nós percebemos a escuridão que habitava aquele lugar.
As árvores eram altas e negras, suas folhas cobriam o céu, deixando a floresta ainda mais escura.
–'Kazuki...' Disse Andrés, que foi interrompido por mim em seguida.
–'Pode me chamar de Jido, fique a vontade. O que você ia falar mesmo?'
–'Digo, Jido... acho que estamos sendo observados.'
Quando ele falou isso, minhas pernas congelaram.
E fiquei ainda pior quando Hana disse:
–'Escutei passos nos galhos das árvores a mais ou menos 30 metros de distância, a direita.'
–'Fiquem em alerta.' Comandei.
Todos continuaram andando, porém mais alertas...
Estávamos prontos para usarmos nossas espadas, então Hana disse:
–'25 metros, 19 metros, não é um ser vivo!'
–'É uma flecha!' Andrés exclamou.
–'9 metros, 4 metros... CUIDADO!' Disse Hana, desesperada.
Andrés tirou sua katana da bainha rapidamente, e cortou a flecha ao meio.
Parecia um inseto passando no meio de seus olhos, você quase não vê.
A flecha foi dividida em duas pela frente...
Num piscar de olhos.
–'Mais! Norte, oeste, sudoeste, sul, sudeste, nordeste, oeste, sul, norte!' Gritou Hana, muito rápido, dizendo as direções das fechas.
Andrés gritou:
–'BLACK NATURE, teia de aranha.'
Eu não consegui acompanhar seus movimentos.
Foi em uma fração de segundos.
E Andrés foi de direção a direção, sua katana brilhou ao pouco sol que iluminava.
Hana continuou gritando direções, e Andrés ia para cada uma delas em milésimos.
Cortando cada flecha naquela chuva.
Foram uns 15 segundos assim, quando Hana parou de gritar, pois não precisava mais.
Andrés estava fazendo uma teia de aranha com a luz atrasada do reflexo da lâmina de sua katana, sem parar... não adiantava, nada o pararia, era um escudo de espadas.
Apenas uma silhueta em vários lugares ao mesmo tempo.

Hana ultrapassou a barreira (coisa que eu julgava impossível) e cortou cada um dos arqueiros, descobrindo que eram demônios.
Então ela chegou com a cabeça de um deles, me mostrando-a do lado de fora da teia de aranha do Andrés, e soltando a no chão.
Então Hana gritou:
–'Andrés, está tudo bem, já acabou!!'
Então ele foi ficando mais e mais e mais e mais lento... até parar no chão.
Sentou-se no chão, e começou a respirar muito rápido, estava claramente descontrolado.
Então Hana chegou perto dele, beijou sua bochecha e o abraçou.
Parecia mágica, e Andrés se acalmou de repente...
E desmaiou.

Em questão de segundos, Jake e Sam chegaram.
Nós conversamos, ele me contou tudo que tinha para contar...
Mas uma coisa me chamou atenção:
Um fenômeno que aconteceu com todas as crianças e famílias.
Nós discutimos, e chegamos a uma conclusão...
Era um demônio, especificamente, um demônio único que chamamos de "A fada do dente", mas tem como nome original: Kliot.
E de acordo com os livros, seguindo mais para oeste, chegávamos ao templo de Kliot.
Mas antes de chegarmos no templo, tínhamos que passar por três portões.
Sendo o primeiro, o que dá acesso à trilha dos arqueiros, que tínhamos acabado de passar. Considerada a mais fácil.
O segundo portão, nos dava acesso à ala chamada de "O escuro", que deixa de ser floresta, e passa a ser a parte interna de uma fortaleza... a que vimos de longe.
Um lugar completamente escuro, onde a única visão que você tem, é a de um hipotético manto preto cobrindo seus olhos.
Reza a lenda que todos enlouquecem lá, pois revivem os seus piores traumas.
E o terceiro, o portão para o templo secreto.
Então quando Andrés recuperou a consciência, seguimos em frente.

Continua na próxima parte.

Samurai SamOnde histórias criam vida. Descubra agora