Hannah

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Tenham uma ótima leitura!!!✨✨✨



Porchay

- Porchay! Vai ficar dormindo até que horas? – Ouço meu irmão me acordar. Abro os olhos com dificuldade... – Caralho, maninho... O que aconteceu com os seus olhos?

Eu havia chorado a noite toda.

Olho para o lado, vendo que Kim não estava mais aqui.

- Bem, eu... Tive uma reação alérgica. – Respondo sonolento.

- Reação alérgica chamada Kimhan, estou certo? Ele dormiu aqui, não foi?

- Você não viu ele aqui?

- Então ele dormiu... Não, eu não o vi, ele deve ter ido embora pela madrugada. Você não desistiu dele mesmo.

- Eu desisti, Porsche. Pode ter certeza que dessa vez, foi pra valer. – Seguro um possível choro que viria. – Mas foda-se, também. Ele que veio atrás de mim.

- Olha se ele te incomodar na próxima, eu mesmo vou resolver com ele. Eu peço desculpas de verdade por ter te colocado nisso ontem, já até briguei com o Kinn.

Fico em silêncio, ainda com a mente sobre tudo que rolou ontem. Então Kimhan estava decidido percorrer um novo caminho, tudo para manter os passos do pai.

No fim, toda sua “luta” não adiantou nada.

Eu deveria seguir em frente também, eu deveria já ter enterrado essa história antes e nem ter cogitado trazer Kim para dormir aqui.

•••••••••••

Chego na faculdade, sem ter comido em casa. Pete estava parado no portão do campus, ele logo percebe minha feição de longe.

- Chay, o que aconteceu? Você está bem?

- Eu... Vi Kimhan ontem. – Digo, enquanto caminhamos até um banco próximo.

- Vocês não tinham terminado?

- Na verdade, não tínhamos nem começado nada. Só que sei lá, eu não tinha superado o que aconteceu, e nem ele. – Desabafo, logo sentamos no banco.

- E olha que vocês quase não avançaram o relacionamento, e você está nesse estado. Imagine se tivesse...

- Kim foi muito marcante pra mim, não é tão fácil assim. Eu já sentia uma atração por ele desde quando eu trabalhava na balada. Porra, eu tinha me apegada tanto nele.

- Vocês dois tinham se apegado muito um no outro, a questão é que Kim vive numa realidade meio maluca da vida dele.

- Sim, ele cresceu com outra mentalidade. E eu não posso continuar dessa forma, infelizmente ele não pôde fugir do destino dele.

- Exatamente. Agora você precisa se cuidar, teremos aulas boas hoje e depois eu vou te levar para comer bolo de chocolate com os outros.

Sorrio, entendendo que eu tenho pessoas que não me abandonariam.

E eu precisava muito dessas pessoas nesse novo processo.

•••••••••••

Kimhan


Hoje eu receberia a garota em casa, dessa vez ela estaria sozinha. Eu preciso tirar essa história a limpo, já que ainda é muito confuso ter sido logo ela.

Aguardo no meu quarto, um pouco inquieto. Minha mente não conseguia ficar no lugar, e tudo por culpa do Porchay.

Eu não vou esquecer dele tão cedo.

- Senhor Kimhan. – Um dos mordomos bate na porta. – Sua visita chegou.

- Deixe ela entrar.

A porta abre, revelando uma mulher da minha altura, de cabelos ondulados e vestindo uma calça e camiseta confortáveis.

- O que você queria, Kim? – Ela questiona, num tom áspero.

- O que você acha? Eu não entendi nada, você não estava ficando com uma mulher?

- E você com um homem, oras. – Ela balança os ombros, fazendo parecer óbvio. – Ou você acha que eu não vi você dando um beijão no Porchay naquele dia, dentro da balada e na frente do seu pai?

- Não acredito que você estava lá!

- Eu estava sim, e também não estou entendendo nada.

Penso no que eu faria agora, talvez eu devesse me abrir com a Hannah. Ela entrou nessa história de paraquedas, nada mais do que justo entender tudo desde o começo.

- Sente-se aqui, eu vou te contar. – Aponto no espaço vazio da cama. Ela desconfiada, senta. – Um mês atrás, eu e Porchay tínhamos feito um acordo. Nós iríamos fingir ser um casal para que meu pai parasse de me perturbar, ele queria que eu tivesse uma criança. Entende?

- Sim, eu infelizmente entendo. Continue...

- Nisso, conforme nosso teatro foi passando com o tempo, acabamos desenvolvendo sentimentos verdadeiros. Só que antes disso evoluir, eu encerrei, na verdade, tentei acabar com esses sentimentos.

- Uau! Parece até histórias de livros.

- Mas em relação a filhos, meu pai queria exatamente a mesma coisa pra mim.

- E aí?

- E aí que foi porque ele descobriu que eu gosto de meninas e tentou fazer um inferno na minha vida, já que sou a única filha capaz de dar herdeiros para ele.

- E deu certo aparentemente, você veio com ele pro jantar.

- Sim, deu. Mas não vai fazer diferença, porque eu vou continuar ficando com ela e você irá voltar para o Chay.

- Não, eu não. Você sim pode fazer o que quiser, a partir de agora.

- Preste atenção, você não precisa gerar um filho para fazer essa coisas, isso é algo que os nossos pais inventaram. Qualquer pessoa de confiança que queira assumir tudo deles, pode. Além de que seria uma falta de respeito com a sua parceira, porque você não iria ama-la de verdade.

Isso me afetou.

Eu não quero imaginar machucar outra pessoa. Não, eu não estou sendo eu.

- Mas...

- Pare de ser burro, Kimhan! O importante é manter o trabalho e o dinheiro deles vivo, e não importa a pessoa que queira assumir, o importante é que nada que eles construíram, seja derrubado. E não somos pessoas capacitadas pra manter todos os lucros da empresa deles, isso requer muito preparo e estudo.

- Eu sou muito bem capacitado.

- Você? Realmente era muito bem capacitado em frequentar a balada, porque trabalhar nela você nem cogitava. E principalmente agora que seu pai está doente, você não conseguiria substituir ele.

- Você não sabe do que está falando...

- Kim, você só quer ter uma vida normal, e está tudo bem. Nós dois queremos ter vidas normais, amar quem quisermos e não precisar se preocupar com nada. – Abaixo minha cabeça, completamente derrotado. – Você é uma pessoa bem estudada, isso é fato. Pode abrir o próprio negócio. Não precisa cuidar de nada disso, tenha pensamentos próprios, pelo menos uma vez na sua vida.

- Então, nossos pais...

- Esqueça eles. Eu mesma estou estudando exatamente para não precisar depender dele, mas enquanto ele pagar minha faculdade eu preciso fingir que irei gostar de um homem e terei filhos.

- Entendi. Acho que preciso pensar... Eu me sinto completamente perdido, de verdade.

- Eu imagino, fomos criados para ser cópias dos nossos pais. Podemos até ser no quesito aparência, mas não de escolhas.

- Fico pensando no Porchay... – Decido desabafar tudo de uma vez. – Eu sinto muita falta dele. Eu estava completamente apaixonado.

- Estava?

- É porque, eu não acho que era só paixão...

- Ah, eu não acredito! Você está amando ele? Eu não te reconheço mais.

- Sim, não... não sei... Talvez eu esteja confundindo tudo, mas é realmente um sentimento muito profundo.

- Então pense direitinho, Kim. Porchay é uma pessoa única na vida de alguém e você está tendo sorte de tê-lo como um possível namorado, por favor, não perca esses sentimentos que ele te trás, só por motivos idiotas. Ele não merece passar por isso.

- Sim, você está certa. Eu vou pensar direitinho e tomar algumas atitudes. Obrigado por abrir meus olhos, Hannah.

- Não foi nada, mas lembrando, eu sou amiga do Porchay então se você ousar machucar ele, vai se ver comigo. Até mais.

Ela se retira, me deixando disperso nos pensamentos.

Chega de toda essa merda.

Por favor, Porchay...

Me aguarde.

Just One Proposal (KimChay)Onde histórias criam vida. Descubra agora