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(S/N) POV
A melhor opção que encontrei em meu guarda roupa foi um longo vestido preto tomara que caia, justo até os joelhos e que se abria depois em uma fenda lateral. Para os pés escolhi um par de salto altos prateados, e como a roupa já era chamativa o suficiente, fiz uma maquiagem leve, porém elegante.
Até mesmo quando Hawks me chamava para comer algo casualmente após uma missão, ele não escolhia lugares baratos. Então quando me pediu para escolher minha melhor roupa, já imaginava que ele pretendia estourar o limite do cartão de crédito.
Às 20 horas em ponto, minha campainha tocou.
Senti as mãos suarem pelo nervosismo ao ajeitar a pulseira que havia escolhido.
Tomei postura e abri a porta devagar para não parecer ansiosa, ao menos não tanto quanto estava. E seus olhos logo encontraram os meus.
Não pude deixar de sorrir.
Seus olhos brilharam ao me olhar de cima a baixo, soltando um leve assobio enquanto o fazia.
O encarei de volta. Ele usava uma camisa social preta, as mangas arregaçadas até depois dos cotovelo e o primeiro e segundo botão estavam abertos, dando um vislumbre da clavícula bem demarcada. A calça e os sapatos eram sociais, mas não ao ponto de o deixar parecendo um empresário, ambos também na cor preta.
- Parece que pensamos igual, não é? - falou se referindo a nossas roupas, com um sorriso ladino.
- Formamos uma boa dupla. - o respondi, e ele abriu os lábios duas vezes antes de dizer por fim:
- Você está linda. Deslumbrante, na verdade. - sua voz era calma, e seu olhar sobre mim transmitia carinho.
E embora esse olhar não me transmitisse a malícia que os jornalistas alegavam, ele me acendeu uma pontada de esperança.
Antes que o frio em minha barriga me tomasse conta, ele estendeu a mão para mim.
- Vamos? - questionou, e aceitei sua mão.
Fomos até um restaurante localizado em uma colina um pouco afastada, nos dando um belo vislumbre da cidade.
Estava quase vazio, e entendi o motivo quando encarei os preços no cardápio.
Escolhi o prato mais barato, imaginando que Hawks fosse exigir que pagasse a conta sozinho, vendo que cada um daqueles pratos valia mais que meu salário mensal. Ele realmente exagerou dessa vez.
Embora não fosse tão recorrente quanto na cidade, ainda podia sentir os olhares das pessoas sobre nós.
Tentei manter as asas abaixadas para não chamar tanta atenção, mas tanto meu azul quanto o vermelho de Hawks não eram nada discretos.
- Algum problema? - ele me perguntou, ao notar meu desconforto com aqueles olhares.
- Não, eu só... Gostaria de poder ser anônima. - respondi, indicando as asas, tão grandes e únicas que me entregariam mesmo que meu uniforme cobrisse todo o meu rosto.
Seus lábios se inclinaram em um sorriso, deixando meu coração a ponto de explodir.
- Em defesa deles... - indicou as pessoas que nos encaravam. - É difícil não manter os olhos em uma mulher tão bonita.
O rubor logo subiu as minhas bochechas, e isso não passou despercebido por ele, que soltou um leve riso.
- Vou ter que te trazer para jantar mais vezes. Em missão você nunca mostra esse seu lado. - falou, ainda sorrindo.
- Não é um lado muito agradável. - tentei entrar na brincadeira, mas a vergonha ainda me tomava conta.
Ele continha um olhar divertido, voltando a me olhar de cima a baixo.
- Eu gostei. Bastante. - disse por fim, flertando descaradamente.
Antes que eu pudesse ficar sem fôlego, um flash nos atingiu em cheio.
O instinto nos fez levantar em um salto, mas logo saímos da pose de defesa ao ver que quem nos atacava eram apenas paparazzis enxeridos.
- Ah que droga. - Hawks resmungou, claramente decepcionado.
Ele parou um instante para pensar. Mas nós dois já sabíamos que o jantar estava arruinado. Qualquer movimento nosso seria observado.
- Não achei que eles pudessem vir até aqui, é tão distante da cidade. - ele mordeu o lábio, sem saber o que fazer. - Me desculpe, borboletinha.
Sorri para ele em uma tentativa de acalmá-lo, e não me importei com os paparazzi ao estender minha mão para que ele a pegasse.
- Vamos sair. - sugeri, erguendo as asas. E ele logo entendeu o que quis dizer, e em instantes já estávamos no céu.
Nosso vôo não era sincronizado graças a anatomia diferentes das asas, mas ainda assim voávamos juntos. Ambos sorríamos, e ao encará-lo, iluminado pela luz da lua cheia, eu soube que estava apaixonada. Ou pelo menos, finalmente o assumi.
- Você está linda, borboletinha. - ele gritou em meio ao vento.
Ao menos, alguma coisa boa aqueles paparazzis haviam feito.
